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Agressões a jornalistas e o que Bolsonaro não quer que você leia

Agressões a jornalistas e o que Bolsonaro não quer que você leia

Ameaças em redes sociais e agressões físicas ocorrem no momento em que a imprensa registra fatos da crise política que envolve o governo e a pandemia do novo coronavírus. Veja lista

Publicado em 4 de maio de 2020 às 15:43

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Bolsonaro foi até a parte externa do Palácio da Alvorada para acenar para apoiadores
Bolsonaro foi até a parte externa do Palácio da Alvorada para acenar para apoiadores neste domingo (3). (Reprodução)

As agressões a jornalistas em uma manifestação pró-Bolsonaro no domingo (03) ocorreram no momento em que o presidente sofre desgaste por ter informações negativas sobre o governo dele ganhando luz nos veículos de comunicação.

Jair Bolsonaro (sem partido) tem aumentado as críticas à imprensa nas redes sociais à medida que são divulgadas notícias sobre panelaços contrários a ele, avaliações negativas de autoridades à forma como o Executivo vem lidando com a pandemiacrises internas no Palácio do Planalto e a saída de Sergio Moro do governo, que dividiu parte de seus apoiadores.

As críticas repercutem entre os grupos bolsonaristas, que também têm promovido ameaças nas redes sociais a jornalistas. No último domingo (3), em uma manifestação com pedidos de intervenção militar e o fechamento do Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), a equipe de reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" foi agredida fisicamente e teve que deixar o local dos protestos escoltada por policiais.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), ministros do STF, governadores e entidades civis, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) repudiaram as agressões. Nesta segunda-feira (4), Bolsonaro condenou a violência, atribuiu a infiltrados os ataques aos jornalistas, mas reforçou críticas à imprensa com a cobertura do caso.

RELEMBRE ALGUNS EPISÓDIOS NOTICIADOS POR JORNAIS QUE RENDERAM CRÍTICAS DE BOLSONARO E APOIADORES:

O presidente Jair Bolsonaro cumprimenta apoiadores na frente do Palácio do Planalto, ao final da manifestação em favor do seu governo feita na manhã de hoje.
O presidente Jair Bolsonaro cumprimenta apoiadores na frente do Palácio do Planalto, ao final de manifestação contra o Congresso no dia 15 de março, já em meio à pandemia de coronavírus. (Pedro Ladeira/Folhapress)

AGLOMERAÇÃO EM MANIFESTAÇÃO

Em 15 de março, logo no início do isolamento social nas principais cidades, quando já havia orientação do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar aglomerações, Bolsonaro apoiou e cumprimentou manifestantes que foram até o Palácio do Planalto, com cartazes e faixas que pediam o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), além de defender intervenção militar.

Dias antes, o presidente havia feito um pronunciamento em rede nacional pedindo para que a manifestação fosse adiada. No entanto, no dia da manifestação, Bolsonaro incentivou os protestos e publicou uma série de registros dos atos. Especialistas condenaram a aglomeração gerada pelo protesto e criticaram a postura do presidente.

Bolsonaro foi até a rampa do Planalto para acenar aos manifestantes
Bolsonaro foi até a rampa do Planalto para acenar aos manifestantes no último domingo (03). (Reprodução Facebook)

APOIO A MANIFESTAÇÃO ANTI-DEMOCRÁTICA

Em nova manifestação neste domingo (3), apoiadores do presidente voltaram a criticar o Legislativo e o Judiciário e pedir uma intervenção das Forças Armadas. Dessa vez, Bolsonaro disse que está pedindo a Deus para "não ter problemas nesta semana", pois havia chegado "ao limite". O presidente ainda afirmou que tinha o apoio das Forças Armadas.

"Queremos a independência verdadeira dos Três Poderes e não apenas uma letra da Constituição, não queremos isso. Chega de interferência. Não vamos admitir mais interferência. Acabou a paciência. Vamos levar esse Brasil para frente", afirmou. O discurso foi interpretado como uma escalada no tom do presidente em relação às divergências com outros Poderes.

Manifestante pró-Bolsonaro agride enfermeiros em Brasília
Manifestante pró-Bolsonaro agride enfermeiros em Brasília. (Reprodução/Sindicato dos Enfermeiros do DF)

AGRESSÕES A ENFERMEIROS

Em manifestação de enfermeiros na Praça dos Três Poderes, um grupo de cerca de 60 profissionais protestavam no Dia do Trabalho, pedindo melhores condições para quem atua na área da saúde durante a pandemia.

Um homem e uma mulher vestidos com roupa verde e amarela, carregando uma bandeira do Brasil, ofenderam e agrediram com empurrões enfermeiras que participavam do ato. Eles foram chamados de "sem vergonha", "covardes" e "analfabetos funcionais". Os enfermeiros tiveram que deixar o ato acompanhados de policiais. Os agressores foram identificados e devem ser processados.

Moro e Bolsonaro
Moro e Bolsonaro: saída do ministro dividiu bolsonaristas. (A Gazeta)

TROCA NA PF E SAÍDA DE MORO

O estopim que motivou a saída do então ministro da Justiça Sergio Moro do governo foi a exoneração de Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal. Segundo Moro, houve tentativas de interferência do presidente para ter acesso a investigações sigilosas.

Em seu lugar, Bolsonaro tentou nomear Alexandre Ramagem, que chegou a ter seu nome publicado no Diário Oficial da União como novo comandante da PF, mas a nomeação foi barrada pelo ministro Alexandre de Moraes, no STF.

Ramagem é amigo da família Bolsonaro e assumiria o cargo em um momento em que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), um dos filhos do presidente, está na mira dos investigadores em um inquérito que apura a disseminação de fake news e ataques a parlamentares e ministros da Suprema Corte nas redes sociais. Nesta segunda-feira (4), Bolsonaro colocou Rolando de Souza, braço direito de Ramagem, para assumir o órgão.

O presidente Jair Bolsonaro e o deputado Arthur Lira
O presidente Jair Bolsonaro e o deputado Arthur Lira (PP), líder do Centrão, gravaram vídeo lado a lado recentemente. (Reprodução/Vídeo postado na internet)

O FLERTE COM O CENTRÃO

Com pedidos de impeachment sendo protocolados na Câmara e o assunto ganhando os corredores do Congresso Nacional, o presidente se aproximou do Centrão, grupo político informal de parlamentares que é visto como pragmático e sem ideologia por especialistas.

Formado por parlamentares de partidos como o PP, Republicanos, PL, PSD, Solidariedade, PTB e DEM, a ala se tornou sinônimo de conveniência com o Executivo, ao trocar nomeações em cargos importantes do governo por apoio dentro do Congresso.

A articulação do governo cogita colocar indicações desses partidos no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), entre outras autarquias do Executivo.

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