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Publicado em 6 de outubro de 2022 às 14:06
A Polícia Civil concluiu as investigações do atropelamento que resultou na morte de Luísa Lopes, de 25 anos, na orla de Camburi, em Vitória, no dia 15 de abril deste ano. O inquérito policial constatou contradições no depoimento da familiar da motorista do carro e comprovou que Adriana Felisberto Pereira, de 33 anos, ingeriu bebida alcoólica antes de atropelar a vítima. >
A Gazeta listou, com base em informações divulgadas pela Polícia Civil em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (6), um ponto a ponto que mostra inverdades ditas no depoimento de Adriana, fatos que comprovam a responsabilidade da corretora de imóveis e agravantes do crime. >
Não houve outro veículo envolvido
A Polícia Civil descartou o envolvimento de um segundo veículo, além do Chevrolet Onix branco de Adriana Felisberto Pereira. Imagens do cerco inteligente mostraram que a marca de batida na lateral do veículo foi provocada antes do acidente e não durante o atropelamento.
Consumiu cerveja
Imagens publicadas pela motorista nas redes sociais mostram um copo na mesa em que ela estava que não era de água. A comanda do primeiro estabelecimento em que ela esteve antes do atropelamento mostra que foram compradas duas cervejas de marcas diferentes e não água, como alegado pela corretora.
Levou copo de cerveja 23 vezes na boca em meia hora
A comanda do segundo bar pelo qual ela passou mostra a compra de outras duas cervejas. Além disso, imagens de videomonitoramento desse segundo estabelecimento mostram Adriana levando o corpo de cerveja 23 vezes até a boca.
Bebeu, pelo menos, quatro copos de vodca
Nas imagens desse segundo bar foi possível ver um indivíduo oferecendo vodca para Adriana. A bebida aparece na comanda da mesa onde estava o homem. Segundo as investigações, tanto ele ofereceu como ela pediu. Ao todo, foram quatro copos de vodca no intervalo de cerca de 1h20. Ela levou o copo 20 vezes até a boca.
Acima da velocidade permitida
A perícia concluiu que a motorista estava acima de 72 km/h, além do permitido na Avenida Dante Michelini, cuja velocidade máxima permitida é de 60 km/h. Com o impacto, a modelo foi lançada a uma distância de 40 m.
Modelo estava em cima da faixa
Diferente da análise preliminar da Prefeitura de Vitória, a investigação da Polícia Civil concluiu que Luísa Lopes seguia em cima da faixa de pedestres e só se afastou para o lado quando percebeu que o carro de Adriana se aproximava em alta velocidade.
Uso de medicamentos
Além do consumo de bebidas alcoólicas, foi encontrado no carro da motorista o medicamento Prebictal. A bula mostra que o fármaco pode causar sonolência, dor de cabeça, tontura, insônia, alucinações, agitação e pesadelos.
Indiferença pela vida da vítima
Como agravante do crime, a Polícia Civil levantou os depoimentos de testemunhas do crime, onde foram resgatadas frases que a motorista teria dito após o atropelamento: "Eu acabei de estourar a cabeça dessa mulher aí", "Não quero saber dela não", "Ela era provavelmente uma empregada doméstica, sem importância" e "Olha o que aconteceu com o meu carro". Na avaliação dos investigadores, as afirmações demonstram um desprezo pela vida da modelo.
Nas investigações, a polícia buscou imagens de dois bares de bares por onde Adriana passou. Ficou comprovado que a corretora de imóveis consumiu copos de cerveja e doses de vodca com uma familiar.>
Primeiro, por volta das 17h, ela parou em um bar em Jardim Camburi, onde ficou por 45 minutos. No local, consumiu dois caranguejos e alegou para a polícia ter consumido água. No entanto, a comanda do bar mostra dois caranguejos e duas cervejas de marcas diferentes, e não água.>
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Depois, foi para um bar no Triângulo das Bermudas, na Praia do Canto, onde ficou por 1h40. Câmeras de segurança do bar do Triângulo mostraram Adriana pegando uma garrafa de cerveja. É possível ainda ver que ela bota a cerveja no copo dela e consome. Ao todo, segundo a polícia, ela levou o copo à boca durante 23 vezes.>
Posteriormente, ainda segundo a polícia, ela fez ingestão de outra bebida, vodca. A comanda mostra que a vodca foi paga por um indivíduo da mesa ao lado de Adriana. A análise mostrou que a Adriana levou o copo de vodca 20 vezes na boca em 1h22. O homem que serve a vodca levou, pelo menos, quatro copos da bebida para a condutora do veículo. Segundo o delegado, tanto o individuo oferece, como ela pede mais a ele. O último copo foi servido cerca de 10min antes do atropelamento ocorrer na Avenida Dante Michelini.>
O titular da Delegacia de Delitos de Trânsito (DDT), delegado Mauricio Gonçalves, destacou o desprezo de Adriana pela vida de Luísa Lopes. "Verifica-se que a conduta da motorista é de preocupação nenhuma com o que aconteceu e com o resultado que ela produziu. Ela menosprezou a vítima", afirmou.>
Adriana Felisberto Pereira segue em liberdade. Mas a polícia adiantou, na coletiva, que vai pedir a prisão dela à Justiça.>
A modelo Luísa Lopes morreu após ser atropelada na Avenida Dante Michelini, na altura do bairro Jardim da Penha, em Vitória. O acidente aconteceu na noite de 15 de abril de 2022. O carro que atingiu a ciclista seria dirigido pela corretora de imóveis Adriana Felisberto Pereira, de 33 anos.>
Na data do atropelamento, a motorista foi presa em flagrante por embriaguez ao volante. Segundo a Polícia Militar, ela apresentava sinais de embriaguez e se negou a fazer o teste do bafômetro. No dia seguinte, ela pagou uma fiança de R$ 3 mil e deixou a prisão, mas deveria obedecer algumas medidas restritivas.>
Para conceder a liberdade provisória, o magistrado José Leão Ferreira Souto considerou a ausência de antecedentes criminais e a própria autuação. Na decisão, o juiz destacou que policiais afirmaram ter recebido, no local do acidente, a informação de que outro carro teria atropelado a modelo. A Polícia Civil descartou essa hipótese no inquérito policial e disse que as marcas de batida no carro da corretora ocorreram antes do acidente.>
No dia 19 de abril, A Gazeta teve acesso a imagens de videomonitoramento da Prefeitura de Vitória que mostram o momento do acidente.>
Dias após Adriana ser solta, amigos e familiares da Luísa Lopes fizeram um protesto para pedir por Justiça. Durante o ato, os manifestantes seguraram cartazes, pintaram parte do asfalto de vermelho e penduraram uma bicicleta no poste para chamar atenção para a morte da modelo. >
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