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Vacina da Covid será essencial para economia do ES manter crescimento

Vacina da Covid será essencial para economia do ES manter crescimento

PIB capixaba cresceu 10,3% no primeiro trimestre, mas fim do auxílio emergencial no próximo ano preocupa. Benefício foi responsável por puxar o consumo

Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 12:50

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 Economia do ES está crescendo em V
Imagem mostra como o coronavírus derrubou a economia do ES, e depois como a atividade econômica se recuperou, formando um 'V'. (Arte Geraldo Neto)

A economia do Espírito Santo mostra sinais de recuperação em V, com o crescimento de 10,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado no terceiro trimestre, após uma queda brusca no período anterior. Apesar disso, resquícios da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus devem continuar atrapalhando a volta total da atividade econômica.

Para manter o avanço conquistado nos últimos meses e pegar impulso para expandir mais, a vacina contra a Covid-19 será primordial. Os reflexos da imunização em massa para economia serão sentidos apenas em 2022, quando os setores puderem ter confiança de que a doença não provocará novamente crescimento de casos de pessoas infectadas

É essa a visão do diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Daniel Cerqueira, segundo o qual, retornar ao que se conhece como “normal” deve demorar mais um pouco. “Para dizer que não sentimos mais as consequências da pandemia na economia, eu diria que ainda precisamos de, no mínimo, mais um ano e meio.”

Ele observa que, para o quarto trimestre deste ano, a tendência é que o PIB capixaba mantenha a tendência de crescimento, ainda que o número de casos de Covid-19 tenha voltado a crescer a partir de outubro. Ele descarta, por exemplo, chances de um lockdown, isto é, da paralisação completa das atividades não essenciais, ou mesmo restrições tão fortes quanto as observadas no primeiro semestre caso haja uma segunda onda da doença no Brasil ou no Espírito Santo.

“Os efeitos econômicos dessa nova onda da doença não vão ser tão devastadores quanto naquele primeiro momento. Primeiro porque o sistema de saúde se organizou, segundo porque aprendemos a funcionar ainda na pandemia. Pode ser que algum setor sofra algum prejuízo se a situação piorar, mas não acredito que vão haver impactos tão negativos quando o que ocorreu no segundo trimestre deste ano.”

Quedas pontuais também são previstas para o primeiro trimestre de 2021, com o fim do auxílio emergencial, que impulsionou fortemente o comércio durante a crise, e não apenas segurou demissões e o fechamento de mais empresas, como aumentou a arrecadação do Estado e dos municípios.

Para se ter ideia, em quase metade dos lares capixabas alguém recebeu a ajuda do governo federal em algum momento da pandemia, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Covid-19, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em agosto, a proporção chegava a 45,3% das famílias (627 mil domicílios). Dados do Instituto Jones mostram que o varejo foi o responsável pelo crescimento em 'V'.

“O comércio foi sustentado pelo auxílio emergencial. Uma vez que você finaliza esse auxílio, vai ter um impacto. Isso é inegável. Mas temos uma expectativa boa em outros setores”, observou o coordenador de Estudos Econômicos do IJSN, Antônio Rocha.

Rocha destaca, por exemplo, o início das atividades da Companhia de Gás do Espírito Santo (ES Gás) – que vai divulgar, na próxima semana, o resultado da chamada pública para aquisição de gás –; a retomada da Samarco no Estado, prevista para ser iniciada nesta segunda quinzena de dezembro; e a instalação da fábrica de papel da Suzano, em Cachoeiro de Itapemirim, que deve ser concluída no próximo trimestre.

Paralelamente, a demanda do mercado mundial está aquecida, e o preço das commodities exportadas pelo Espírito Santo está se recuperando.

“Os preços de minério de ferro, por exemplo, vem subindo semana após semana. O preço do barril de petróleo também tem se recuperado. No auge da pandemia chegou a valer US$ 10. Agora já beira US$50. Precisamos de um tempo para verificar essa sequência, essa continuidade. Mas, temos uma confiança grande de que o saldo seja positivo.”

O diretor de Integração e Projetos Especiais do IJSN, Pablo Lira, reforçou que a tendência apresentada pelo Estado é de recuperação. Mas ressaltou que, apesar disso, o baque trazido pela pandemia foi muito forte.

Na área da saúde, ele observa, que a última crise nessas proporções ocorreu há cerca de 100 anos, em função da Gripe Espanhola. E para conter o avanço da Covid-19, foi preciso adotar uma série de medidas que afetaram, também, a economia.

“Tivemos medidas necessárias, como suspensão das aulas presenciais, restrições às atividades não essenciais. São medidas não farmacológicas que o Espírito Santo seguiu para tentar achatar a curva da doença. Estratégias embasadas em dados científicos.”

Situação semelhante foi enfrentada em outros Estados do país, e no mundo como um todo. A pandemia, afinal, teve alcance global, como o próprio nome sugere.

Embora diversos fatores contribuam para o avanço da economia, as oscilações do número de contaminações e óbitos em função do novo coronavírus ainda podem trazer baixas pontuais. Os riscos, ainda que em menor escala do que os problemas já enfrentados, ainda existem. Por isso, os especialistas consideram que, somente a vacinação em massa da população, os vestígios da pandemia na economia devem desaparecer por completo.

Em 2021, a previsão é de que sejam vacinados os grupos prioritários, e, somente a partir daí, o imunizante deve ser disponibilizado para os demais cidadãos.

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