Publicado em 17 de dezembro de 2020 às 12:09
Novos dados das atividades produtivas comprovam a tendência de recuperação em V da economia capixaba. No terceiro trimestre de 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo avançou 10,3% em relação ao período anterior, segundo projeção do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). No trimestre passado, a queda foi de 11% frente ao primeiro trimestre.>
Os números indicam que o Estado está se recuperando rapidamente. Entretanto, a retomada ainda carece de consolidação nos próximos meses. Os resquícios da crise provocada pelo novo coronavírus só devem realmente desaparecer por completo por volta de 2022, após a vacinação em massa da população capixaba.>
"O resultado anualizado vai depender muito da economia do quarto trimestre. Os primeiros resultados de outubro, que acompanhamos pelo IBGE, nos mantêm otimistas. Mas ainda precisamos ter alguns cuidados em relação à saúde, para que continuemos nessa tendência de recuperação da atividade econômica", observou o coordenador de Estudos Econômicos do IJSN, Antônio Rocha.>
No acumulado do ano, o recuo do PIB capixaba foi de 7%, na comparação com o mesmo período de 2019 superior à média nacional, de 5%. Em relação ao terceiro trimestre do ano anterior, a retração foi de 4,6%; o resultado também supera a marca do país, que registrou queda de 3,9% nesta comparação.>
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O Espírito Santo tem uma ligação muito forte com o comércio exterior, cerca de duas vezes a abertura do Brasil. Isso nos coloca em situação privilegiada de poder alavancar a produtividade da economia. Por outro lado, também significa que temos maior volatilidade em relação aos ciclos mundiais de comércio. Num momento em que a economia global está crescendo, a gente tende a se beneficiar. E, num período de crise, temos um desempenho pior em relação ao país, observou o o diretor-presidente do IJSN, Daniel Cerqueira.>
O PIB é o valor de tudo o que é produzido na economia. A contração recorde do indicador do segundo trimestre marcou o auge das medidas de isolamento social adotadas para combater o avanço da doença que já infectou mais de 220 mil e levou a mais de 4.600 mortos apenas no Espírito Santo em cerca de nove meses.>
À época da divulgação dos resultados do segundo trimestre, Cerqueira já havia previsto que as chances eram de uma recuperação rápida nos meses seguintes. É justamente essa rapidez da recuperação, após uma queda abrupta, que caracteriza a retomada em V, conforme demonstrada no gráfico acima.>
A melhora do cenário é decorrente da flexibilização das atividades econômicas, que permitiu, principalmente, a retomada dos setores de comércio, e, ainda que em menor ritmo, o de serviços, que foi um dos mais penalizados pela crise.>
"De modo geral, foi um crescimento bastante expressivo em relação ao terceiro trimestre. Claro que temos que colocar prudência em relação à Covid-19. Mas o pior parece já ter passado. Mesmo que o setor de serviços ainda levante certa preocupação, vemos elementos muito fortes para continuar alavancando a economia capixaba: a volta da Samarco, o aumento da produção da Suzano com a nova fábrica, o aumento da produção siderúrgica. Isso tudo vai movimentar a indústria, que tem puxado nossas perdas já há algum tempo", observou o diretor-presidente do IJSN.>
Ele chama a atenção para a relação do Estado com o comércio exterior, que faz com que as oscilações no mercado internacional sejam sentidas mais fortemente pelo Espírito Santo, que é grande exportador de commodities. Ao cenário, que já vinha fraco desde 2019 em nível global, e foi agravado internamente pela tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, somou-se a pandemia, que fez com que o desempenho das indústrias recuasse substancialmente.>
Entretanto, o mercado externo volta a ficar aquecido, o que aumenta a demanda pelos produtos do Estado. Ao mesmo tempo, há um entendimento maior sobre como lidar com a pandemia, o que tem permitido que os resultados das demais atividades melhore gradualmente.>
O diretor de Integração e Projetos Especiais do IJSN, Pablo Lira, observa que a primeira fase da pandemia teve um efeito traumático na economia. Agora, há um novo aumento de casos, mas os impactos não devem ser os mesmos. >
"No início da pandemia, a taxa de transmissão chegou a 3,4 ou 3,6 no Estado. E era um momento ainda em que estávamos aprendendo ainda a conviver, a enfrentar o problema. Estávamos expandindo o sistema de saúde, aprimorando o tratamento. Com o passar do tempo, vimos uma maior segurança, que possibilitou uma retomada gradativa. Outros estados retomaram várias atividades de uma vez só, o que não foi bom. Veja o exemplo do Rio de Janeiro. Nós retomamos gradativamente, e essa taxa chegou a 0,6%. Tivemos um aumento nos meses de outubro, novembro, mas o cenário agora é diferente. E existe ainda a perspectiva de chegada da vacina para os grupos prioritários nos próximos meses.">
No terceiro trimestre de 2020, o PIB capixaba foi estimado em R$ 35,2 bilhões, segundo o IJSN. No acumulado em quatro trimestres, totalizou 137,9 bilhões. Ainda segundo o instituto, a atividade econômica estadual apresentou retração em três das quatro bases de comparação temporal. >
Contribuíram para o resultado de -7% no acumulado do ano: a retração de -18% da indústria geral, e -8,3% nos serviços. As perdas foram suavizadas pela expansão de 2% do comércio varejista ampliado.>
Também houve oscilações nas transações com o comércio exterior. As exportações caíram 45,25% no acumulado do ano. As importações, por outro lado, cresceram 3,98%.>
Mais informações em instantes.>
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