Publicado em 19 de maio de 2020 às 19:19
Uma em cada quatro famílias no Espírito Santo vive em área considerada precária e mais propícia à propagação do novo coronavírus. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 26,10% dos domicílios capixabas estão em aglomerados subnormais, o que indica locais adensados em áreas urbanas onde falta infraestrutura ou padrão nas construções.
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O Espírito Santo é o segundo Estado do Brasil com o maior número de habitações em comunidades deste tipo em comparação proporcional ao número de moradias. Em primeiro lugar está o Amazonas, com 34% dos domicílios em aglomerados subnormais. No extremo oposto estão Mato Grosso do Sul, com 0,74%, e Santa Catarina, com 1,46%.
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Segundo o IBGE, os fatores que caracterizam esses aglomerados são a falta de titularidade do terreno - como é o caso de áreas invadidas -, a ocupação desordenada, as construções improvisadas e a precaridade de serviços públicos essenciais (água, esgoto, coleta de lixo) e de infraestrutura (ausência de calçamento, iluminação, calçadas, etc). >
Estão nesse grupo os loteamentos irregulares, as comunidades que vivem em morros e encostas, as palafitas nos mangues e as invasões, por exemplo.
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"São áreas carentes, de uma maneira geral. Vemos que todos esses locais têm carência de infraestrutura, de moradia ou de apoio do serviço público", explica o supervisor de base territorial do IBGE no Estado, Fernando Jakes. Ele ressaltou, contudo, que esse é um dado preliminar e que dentro de um mesmo bairro pode haver residências com características muito distintas.
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Esses dados, que seriam utilizados no planejamento do próximo censo demográfico, tiveram a divulgação antecipada para esta terça-feira (19) para que possam servir de referência aos gestores municipais e estaduais na definição de ações de combate à pandemia.
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Antecipamos a divulgação desses dados para mostrar qual é a situação dos aglomerados subnormais em municípios e Estados, já que nessas localidades a população tem maior suscetibilidade ao contágio pela doença provocada pelo novo coronavírus, devido à grande densidade habitacional, disse o gerente de Regionalização e Classificação Territorial do IBGE, Maikon Novaes.
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No Espírito Santo, Viana e Cariacica são as cidades com maior proporção de domicílios em áreas precárias, com mais da metade das residências nessas condições (68% e 61%, respectivamente). Em Vitória, essa taxa de é de 33% e em Vila Velha, de 29,9%. >
O maior aglomerado subnormal do Estado fica na Serra, no bairro Vila Nova de Colares. Há mais de 5 mil famílias no local, segundo o IBGE. Em seguida, vem o bairro Nova Rosa da Penha, em Cariacica, com 4,5 mil famílias.
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Já a Rocinha, na cidade do Rio de Janeiro, continua sendo o maior aglomerado subnormal do país, com 25.742 domicílios.
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A maneira como estão organizados os domicílios e as condições de moradia das famílias são fatores importantes na definição de ações relacionadas à contenção da pandemia de coronavírus. >
"Temos ações emergenciais globais que são extremamente necessárias, mas temos sempre que manter em mente que após um direcionamento geral temos que fazer o recorte da população mais vulnerável. Eles conseguem manter o distanciamento? A estrutura domiciliar permite que essas pessoas permaneçam em casa? A qual distância essas pessoas estão dos equipamentos de saúde? Os domicílios possuem acesso a água?", questiona a economista Danielle Nascimento, da Oppen Social. >
Ela sugere que sejam colocadas em prática ações direcionadas aos diferentes públicos, já que temos pessoas em uma mesma cidade ou Estado que vivem realidades completamente distintas. >
"A recomendação para prevenir a contaminação é higiene básica, lavar as mãos e ficar em casa. Isso é necessário e importantíssimo. O passo seguinte precisa ser: para as pessoas sem acesso a água e sem condições domiciliares, qual a recomendação? Essas informações do IBGE chamarão atenção para a necessidade desse direcionamento", esclarece.
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Para considerar uma comunidade como"aglomerado subnormal" o IBGE analisa diversos fatores. O principal deles diz respeito à titularidade do terreno, ou seja, se aquelas pessoas que ali moram têm o documento de propriedade daquela moradia. Em locais invadidos, é comum que um imóvel construído passe de pessoa para pessoa através de vendas precárias, sem que nenhuma das partes seja de fato dona. >
Outra situação comum é a construção de vários imóveis dentro de um mesmo terreno, ou seja, famílias que vivem em uma casa que está na "terra" de outra.
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Além do ponto já citado, outros três também são analisados e pelo menos um também tem que estar presente:>
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