Publicado em 1 de julho de 2020 às 21:01
O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou ao Ministério da Cidadania que suspenda a concessão de auxílio emergencial à 620 mil pessoas em todo o país por suspeita de fraude. A pasta terá ainda que buscar o ressarcimento dos valores pagos irregularmente. A decisão foi tomada em sessão plenária na tarde desta terça-feira (1). >
Diante das graves irregularidades, o ministro relator do processo, Bruno Dantas, decidiu enviar os "casos mais escandalosos" ao Ministério Público Federal (MPF) para que os beneficiários sejam processados criminalmente.>
Há, por exemplo, aposentados da Justiça Federal e do Banco Central na lista do socorro do governo com aposentadorias de R$ 25 mil e R$ 50 mil por mês. Caberá ao MPF investigar cada situação e, eventualmente, processá-los criminalmente caso se confirme a intenção de fraudar o benefício. >
No caso dos 134 mil servidores municipais e estaduais, ativos e inativos, que também foram identificados na análise, os nomes serão enviados aos tribunais de contas estaduais. Segundo análise feita por A Gazeta, só no governo do Espírito Santo, há mil servidores nessa situação. >
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"Essa decisão se dirige apenas ao grupo de pessoas repugnantes, insensíveis e desprovidas de senso de ética, empatia e solidariedade com os que verdadeiramente dependem desses R$600 para comprar comida para si e para suas famílias", disse à Folha de S.Paulo o ministro Bruno Dantas, relator do processo.>
No julgamento, Dantas afirmou que a área técnica responsável (Secretaria de Previdência) verificou a existência de pagamentos a 17 mil pessoas que faleceram, 235 empresários com faturamento elevado, servidores, dentre outros. Os números foram obtidos após cruzamento com mais de 70 bases de dados disponíveis.>
Entre as irregularidades identificadas no processo estão:>
Apesar do número de irregularidades, o ministro afirmou que o índice é baixo considerando o tamanho do programa, que paga mais de 50 milhões de benefícios. "Para efeito de comparação, o TCU tem detectado benefícios com indícios de pagamentos indevidos na ordem de 4% no Benefício de Prestação Continuada e de 2% no Programa Bolsa Família", afirma o relatório do ministro Bruno Dantas. >
Os pagamentos irregulares, ainda segundo a análise, podem gerar um rombo de mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos, caso não sejam interrompidos. >
O relatório não traz dados específicos de Unidades da Federação. Contudo, A Gazeta já conseguiu detectar fraudes no auxílio emergencial envolvendo os bandidos mais procurados pela polícia. Um deles é apontado como o chefe da organização criminosa que comanda o tráfico de drogas no Bairro da Penha, em Vitória. >
Análises feitas pela reportagem também apontaram que houve pagamento para uma delegada aposentada que recebe mensalmente mais de R$ 20 mil.>
* Com informações da agência Folhapress>
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