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Pandemia provoca queda na receita de ONGs e prejudica ajuda a quem precisa

Pandemia provoca queda na receita de ONGs e prejudica ajuda a quem precisa

Pesquisa apontou a situação financeira como um dos principais desafios para entidades não-governamentais após o coronavírus, principalmente aquelas que ajudam pessoas mais vulneráveis

Publicado em 9 de junho de 2020 às 20:26

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União do terceiro setor
Preocupações e desafios do terceiro setor foram alvo de pesquisa. (Pixabay)

A crise econômica provocada pelo novo coronavírus afeta também entidades do terceiro setor que viram suas receitas diminuírem durante o período de pandemia. A dificuldade financeira traz preocupação para as Organizações Não-Governamentais (ONGs), principalmente aquelas que ajudam pessoas mais vulneráveis.

O isolamento social também trouxe uma outra preocupação que é a quebra de vínculo entre crianças, adolescentes e idosos com as entidades. E para reduzir esses efeitos, uma das alternativas seria oferecer a internet como item de cesta básica.

O terceiro setor atua em diversas instituições como Casas de Apoio (Acacci, Asilo de Idosos e Fundação Beneficiente Praia do Canto, por exemplo), promoção social (como Instituto Todos os Cantos e Ateliê de Ideias) e atendimento à Saúde como o Centro de Vivência Despertar para a Vida.

Na avaliação do diretor-geral da Federação das Fundações e Associações do Espírito Santo (Fundaes), Robson Melo, o acesso à rede mundial de computadores se tornou algo básico para as pessoas atendidas, principalmente para a manutenção das atividades.

“Neste momento de pandemia, identificamos dois elementos básicos: a máscara e a internet. Muitas crianças e suas famílias, por exemplo, estão sem comunicação com as entidades, causando uma quebra de vínculo. Quando não estão na escola elas têm aulas de karatê, judô e música. Por isso, acreditamos que com esse recurso poderíamos dar continuidade nas atividades”, ressalta.

Ele cita como um exemplo pessoas atendidas por ONGs no Morro São Benedito. Se houvesse o auxílio de internet, muitas famílias poderiam estar fazendo as aulas.

“Um outro aspecto que podemos destacar é o acesso à informação que poderia chegar de forma saudável à essas famílias. As fake news atrapalham, e muito, o controle da contaminação da Covid-19. É necessário perceber que muitas famílias estão isoladas e precisariam desse recurso para se informar e manter vínculo com a entidade que a assiste”, comenta.

Para oferecer internet para essas famílias assistidas, Melo destaca que é preciso pensar em projetos de mobilização, incluindo conversa com operadoras e mobilização de municípios e o Estado.

Uma pesquisa recente feita com entidades do terceiro setor apontou que cumprir o compromisso com os beneficiários, a falta de recursos financeiros e a saúde das pessoas atendidas são as principais preocupações nesse período de pandemia. O estudo “Contexto da Pandemia e o Terceiro Setor” foi realizado pela Rede Pocante, em parceria com a Fundaes.

O estudo também revelou quais serão os principais desafios das organizações não-governamentais (ONGs) após a crise provocada pelo novo coronavírus. Dentre as demandas estão a recuperação da receita e a disponibilidade de internet para os beneficiários das entidades.

O objetivo do estudo foi compreender qual a percepção das ONGs em relação aos desafios e possíveis impactos relacionados ao contexto do coronavírus, além de apontar as temáticas prioritárias do terceiro setor. Ao todo, foram 50 respondentes ao questionário on-line.

Do total de participantes, apenas sete organizações disseram que não estão em funcionamento. As demais informaram que estão funcionando, sendo parte delas plenamente (18), precisaram se organizar (15) ou estão atuando de forma precária (10).

A pesquisa também ouviu as entidades do terceiro setor em relação ao comprometimento da rotina de trabalho e os aspectos que estão sendo mais afetados neste momento. Para 32 participantes, o setor financeiro é o mais atingido, seguido pela atração e retenção das pessoas (24), mobilização de recursos (23), satisfação dos beneficiários (20) e gestão administrativa (15).

“A pesquisa veio trazer evidências de um sentimento que tínhamos logo que a pandemia começou, que foi a queda de receita. Outra situação foi perceber que as pessoas atendidas pelas entidades, com aula de esporte ou música, por exemplo, ficaram impedidas de participar das atividades, provocando uma falta de vínculo com os professores. Isso nos trouxe muita preocupação neste momento, porque, além da doença, ainda há situação como a violência e a saúde mental dos atendidos”, destaca Melo.

IMPOSTO DE RENDA

Para ampliar a arrecadação, a Fundaes retomou a campanha de destinação do Imposto de Renda para atividades do terceiro setor. O diretor-geral da entidade, Robson Melo, explica que no ato da declaração é possível contribuir diretamente para o desenvolvimento da sociedade e destinar parte do dinheiro do Fisco para projetos sociais.

O prazo para acertar as contas com o Leão vai até 30 de junho.

“Esse dinheiro vai chegar até aos fundos que auxiliam programas e ações de proteção, defesa e garantia dos direitos das crianças, adolescentes e da pessoa idosa, incentivando esporte, cultura e saúde. O dinheiro já era do Fisco e o contribuinte pode destiná-lo a quem precisa. Em tempos de pandemia destinar o imposto se tornou essencial e uma ótima oportunidade de exercer a cidadania.”, destaca.

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