Publicado em 28 de junho de 2020 às 13:19
O sistema de aposentadoria do Espírito Santo é dividido em dois planos. O mais novo é Fundo Previdenciário (FP), com os servidores entrantes a partir de 2004, e que portanto tem mais ativos do que inativos, sobrando dinheiro em caixa. Já o Financeiro (FF), com os servidores mais antigos e hoje mantido pelo Tesouro Estadual, seguirá sendo um calo no pé do governo no que diz respeito as contas públicas por mais algum tempo. >
O Fundo Financeiro hoje tem apenas cerca de 12,1 mil servidores ativos contribuintes para mais de 33 mil aposentados e 6 mil pensionistas. Não bastasse esse desequilíbrio, nos próximos 10 anos as projeções do Estado dão conta que 9 mil desses servidores ativos vão se aposentar, o que dá cerca de 75% dos contribuintes atuais. >
A estimativa consta na última avaliação atuarial do Instituto de Previdência dos Servidores do Espírito Santo (IPAJM), com data-base em setembro de 2019.>
Com a base de contribuintes reduzindo e os benefícios aumentando, nestes 10 anos o Estado deve seguir vendo o déficit crescer ano após ano. Em 2030, ele pode beirar os R$ 3 bilhões anuais, segundo apontou o mesmo estudo. A nova avaliação atuarial após a reforma da Previdência, prevista para ser concluída em julho, deve trazer dados mais atualizados. >
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Tudo isso significa mais pressão ao caixa do Tesouro, que precisa aportar cada vez mais recursos na Previdência para garantir o pagamento dos benefícios. Dinheiro que deixa de ir para investimentos em saúde e educação, por exemplo.>
O Fundo Financeiro é um sistema de repartição simples, em que quem está na ativa contribui para ajudar no custeio dos benefícios dos inativos, o chamado pacto entre as gerações. >
O modelo é o mesmo do INSS para trabalhadores da iniciativa privada. Como as contribuições, ainda que somadas com o repasse patronal, não são suficientes, é preciso tirar dinheiro do Tesouro para tapar esse buraco.>
Já no Fundo Previdenciário, que é capitalizado, o servidor e o Estado contribuem para a formação de uma reserva que vai pagá-lo no futuro. Com os novos servidores que entrarem no lugar de quem se aposenta fica enquadrado nesse sistema, a base de contribuintes é sempre renovada de forma a garantir a sustentabilidade futura do fundo.>
Entenda os fundos da Previdência do ES
FUNDO FINANCEIRO (FF)
O que é: Destina-se ao pagamento de benefícios previdenciários aos servidores que tenham ingressado no serviço público estadual, aos aposentados e pensionistas que já recebiam benefícios previdenciários do Estado até 26/04/2004 e aos seus respectivos dependentes.
Modelo: É um plano de repartição simples, deficitário, sem objetivo de acumulação de recursos, em extinção, necessitando de complementação financeira (aporte) de todos os poderes e órgãos, proporcional aos respectivos gastos, para pagamento da folha.
Número de servidores*: 12.170 ativos, 33.968 aposentados e 6.140 pensionistas em 2019.
Resultado financeiro: R$ -2,36 bilhões em 2019
FUNDO PREVIDENCIÁRIO (FP)
O que é: Destina-se ao pagamento de benefícios previdenciários aos servidores efetivos que ingressaram ou que venham a ingressar no serviço público estadual a partir de 26/04/2004, e seus respectivos dependentes.
Modelo: O fundo tem a finalidade de acumulação de recursos provenientes das contribuições e outras receitas, por isso, é um plano de capitalização para pagamentos de benefícios futuros. Ou seja, o superávit das contribuições dos servidores ativos atuais não é utilizada para pagamento dos benefícios vigentes, mas ficam numa poupança para cobertura dos seus próprios benefícios no futuro.
Número de servidores*: 20.885 ativos, 1.219 aposentados e 262 pensionistas em 2019.
Resultado financeiro: reserva de R$ 4,54 bilhões em 2019.
* O número de servidores considera a data-base de setembro de 2019. Após isso, os servidores miliares deixaram ambos os fundos para formar um novo fundo de natureza não-previdenciária, o Fundo de Proteção Social (FPS), criado em março
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