Publicado em 17 de fevereiro de 2020 às 08:57
O rombo da Previdência estadual dos servidores capixabas bateu recorde e chegou a R$ 2,36 bilhões em 2019. Isso significa que o governo do Espírito Santo teve que retirar do seu caixa todo esse montante e aportar em seu Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) para garantir o pagamento de benefícios do fundo financeiro do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (IPAJM).>
Para se ter uma ideia do tamanho do déficit, ele representou 16% de tudo que o governo do Estado gastou ao longo do ano passado, que foi R$ 14,77 bilhões. Os números são do balancete financeiro do IPAJM de 2019, publicado neste mês. >
Um dado que deixa claro a situação crítica da Previdência estadual é o do total de segurados. Hoje, o Estado já possui mais servidores aposentados (são 35,9 mil) do que ativos (33 mil). Isso além dos 6,7 mil pensionistas. A relação de mais de um beneficiário por contribuinte acaba pensando na conta e fazendo a necessidade de aporte aumentar.>
A RPPS do Estado é dividido em dois fundos. O mais problemático é o fundo financeiro, que abrange os servidores que ingressaram no serviço público estadual até 2003. Como ele os novos servidores não entram nele, o fundo tem cada vez mais aposentados e menos ativos contribuintes, fazendo necessário haver o aporte.>
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O diretor de Investimentos do IPAJM, Gilberto Tulli, afirmou que até 2031 esse déficit do fundo deve continuar crescendo, e só então comece a diminuir. No entanto, enquanto houverem servidores ligados ao fundo, o Estado precisará ajudar a arcar com esses benefícios.>
Gilberto Tulli
Diretor de Investimentos do IPAJMO valor do aporte em 2019 , aliás, ficou abaixo do que se projetava anteriormente. O orçamento do Estado para o ano passado previa algo entre R$ 2,4 e R$ 2,5 bilhões para cobrir o rombo. Tulli explicou que essa previsão era do cálculo atuarial, uma avaliação financeira que prevê todo o gasto previdenciário do próximo ano, e que nem todo o cenário previsto se cumpriu.>
"O cálculo leva em conta quantos servidores já terão condições de pedir a aposentadoria em 2020 e faz a conta a partir disso, mas nem todo mundo pede o benefício logo quando alcança o direito", disse.>
O IPAJM, vale lembrar, agrupa servidores dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além de órgãos como Ministério Público Estadual, Tribunal de Contas e Defensoria Pública. Os servidores contribuem com 11% do salário - alíquota que passará a ser de 14% - e o poder público com 22%. >
Isso porém está longe de ser suficiente para cobrir as despesas com aposentadorias e pensões no caso do fundo financeiro.>
Aprovada para conter o avanço do rombo, a reforma da Previdência estadual, sancionada em janeiro pelo governador Renato Casagrande, ainda não deve ter resultados muito significativos em 2020, já que a nova regra passa a valer só a partir de julho. Mas para os anos seguintes, a expectativa é que o pacote de medidas faça o aporte anual crescer menos.>
"A gente ainda não consegue estimar em valores os reflexos futuros, porque estamos fazendo o cálculo atuarial deste ano ainda, que já terá as novas regras. Sabemos que o aporte vai continuar sendo necessário no fundo financeiro até pela natureza dele. O que veremos é um crescimento menor do que o que se tem com as regras atuais", comentou Gilberto Tulli.>
Se por um lado o fundo financeiro segue com déficits cada vez maiores, o outro fundo, chamado previdenciário, está mais saudável que nunca. Em 2019, ele bateu o recorde e alcançou uma reserva total de R$ 4,54 bilhões. O fundo previdenciário é naturalmente superavitário e agrupa servidores que entraram no governo após 2004. >
Ao contrário do fundo financeiro, em que os ativos contribuem para o pagamento dos inativos de hoje, no previdenciário o servidor contribui para a sua própria aposentadoria. Esse dinheiro vai sendo aplicado no mercado financeiro para render, formando essa reserva.>
"É uma reserva que nos nossos cálculos será suficiente para pagar todos os benefícios futuros de servidores deste fundo. Então, ao longo do tempo, esse fundo é superavitário. Ele consegue pagar todos os benefícios futuros e ainda sobra dinheiro. Com isso, no futuro, o Estado não terá mais que fazer aporte nenhum", explicou o diretor de investimentos do IPAJM, Gilberto Tulli.>
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