Publicado em 8 de junho de 2020 às 11:22
A equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) voltou a estudar uma proposta de mudança no regime de Previdência no país. >
A ideia é resgatar a chamada capitalização, formato em que cada trabalhador tem a própria poupança, e não apenas contribua para um fundo comum, como ocorre hoje.>
O modelo em análise não deve ter efeito para as classes mais baixas, pois a capitalização valeria a partir de uma linha de corte de remuneração.>
Técnicos do governo discutem a criação de um sistema complementar. Ou seja, o atual regime, chamado de repartição, continuaria a existir, garantindo subsídios às aposentadorias da população de menor renda.>
>
Hoje, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) faz a gestão do fundo comum a todos trabalhadores da iniciativa privada.>
A capitalização, então, valeria para trabalhadores com remuneração acima da linha de corte a ser definida pelo governo. Esse limite ainda está em debate, mas uma das sugestões já levantadas foi o valor de três salários mínimos.>
Assim, quem ganhar acima do valor a ser fixado poderia participar dos dois sistemas: o regime comum (repartição) e o de capitalização (contribuindo sobre o que ultrapassar a linha de corte).>
Esse formato misto, chamado de complementar por integrantes do governo, é visto como a maneira de resolver o problema dos gastos que o governo terá para trocar de modelo de Previdência.>
Se a capitalização fosse para todas as faixas de renda, menos dinheiro entraria no INSS, que banca hoje os benefícios de quem já se aposentou.>
Com menos recursos, o Tesouro teria de cobrir um déficit maior da Previdência durante a transição do regime.>
Guedes chegou a propor a criação de um regime de capitalização na reforma da Previdência aprovado no ano passado pelo Congresso. A proposta foi derrubada.>
Congressistas resistiram à ideia, principalmente porque o governo não apresentou como seria o formato do novo modelo. O plano do ministro era desenhar esse modelo após a autorização do Congresso.>
Uma das preocupações de deputados e senadores era como ficaria a aposentadoria dos mais pobres, que têm alta rotatividade no mercado formal de trabalho e poderiam não acumular o suficiente para o benefício.>
Com a coexistência entre o regime atual (repartição) e o capitalização, técnicos do Ministério da Economia dizem acreditar que há uma margem maior para aprovação da mudança no sistema de Previdência do país.>
As discussões internas na equipe de Guedes ainda estão em estágio inicial.>
A ideia de fazer uma nova proposta de capitalização surgiu em meio ao debate de ressuscitar a carteira Verde e Amarela, medida que reduz encargos sobre a contratação de mão de obra para estimular a geração de emprego.>
Guedes planeja uma desoneração emergencial de impostos aplicados sobre salários por um ou dois anos com objetivo de estimular empresas a contratarem trabalhadores após o pico do coronavírus no país.>
"Vamos falar de encargos trabalhistas e possibilidade de contratar pessoas sem incidência de impostos sobre mão de obra. Vamos ter que lançar isso agora", afirmou em reunião em maio.>
Atrelado à desoneração da folha, Guedes quer emplacar também uma redução de direitos trabalhistas com a justificativa de reduzir os recursos pagos pelas empresas à mão de obra.>
"No Brasil do desemprego em massa, temos de ter coragem de lançar esse sistema alternativo. Com menos interferência sindical, com menos legislação trabalhista", disse.>
A carteira de trabalho Verde e Amarela foi um modelo de contratação com menos direitos e encargos trabalhistas.>
A tentativa anterior, criada por meio de uma medida provisória e voltada aos jovens, chegou ao fim do prazo de tramitação no Congresso sem ser votada e perdeu a validade.>
"É um regime emergencial, vamos usar por um ou dois anos, depois o Brasil vai entender e ver o que é melhor", afirmou. "Vamos criar um regime emergencial contra o desemprego em massa", afirmou.>
Para ele, o momento de crise em que invisíveis buscam renda pode impulsionar o programa. "O jovem vai escolher se quer um regime ou outro. E os invisíveis podem arranjar emprego nesse sistema diferente", disse.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta