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Economia do ES em 2020 ainda deve ficar 4,4% abaixo do período pré-crise

Economia do ES em 2020 ainda deve ficar 4,4% abaixo do período pré-crise

Estudo da Tendências Consultoria aponta que o PIB capixaba deve crescer 1,3% neste ano, resultado que não recupera as perdas acumuladas no campo econômico desde 2014, quando o Estado vivia seu tempo das "vacas gordas"

Publicado em 11 de fevereiro de 2020 às 21:20

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Planta da Samarco em Anchieta: paralisação da mineradora impulsionou queda da economia capixaba. (Jefferson Rocio)

Apesar do otimismo e das projeções de crescimento para 2020, a economia capixaba ainda não deve recuperar os patamares pré-crise neste ano. Segundo estudo da Tendências Consultoria Integrada, o Produto Interno Bruto (PIB) capixaba terminará 2020 em um patamar 4,4% inferior à época das "vacas gordas".

Ou seja, o Estado precisará de mais tempo para retomar o tamanho de sua economia antes da recessão, em 2014. Um dos fatores que mais contribuem para isso é o fato de que o Espírito Santo, que vinha se recuperando lentamente dos anos de crise, deve voltar a ter um resultado do PIB negativo.

O economista da Tendências, Lucas Assis, responsável pelo trabalho, explica que a estimativa é de que o resultado consolidado do PIB capixaba de 2019 fique em -1,5%, desempenho puxado para baixo sobretudo pela produção industrial, que sofreu um tombo de 15,7% no ano passado, segundo dados do IBGE divulgados nesta terça-feira (11). 

"Em 2019, especificamente, [o rompimento da barragem em] Brumadinho, em Minas Gerais, trouxe impactos para a produção de minério e também no Complexo de Tubarão, em Vitória, o que afetou muito a produção industrial", comenta Assis.

Diante desse cenário, para 2020, a projeção da Tendências é de que a economia capixaba cresça 1,3%, estimativa bem mais conservadora que a de feita pela LCA Consultores, que prevê alta de 5,2% do PIB do Estado neste ano.

A expectativa positiva para 2020 se dá por duas razões centrais. Por mais que a indústria ainda tenha dificuldades neste início de ano, a retomada parcial das operações da Samarco, prevista para o último trimestre, deve dar um estímulo na produção industrial e na economia capixaba. O setor da construção civil também é cercado de otimismo, com os juros em baixa e um crescimento na demanda pela indústria de minerais não-metálicos, base para as construtoras.

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Ainda assim, esse avanço de 1,3% levaria o PIB do Espírito Santo a um patamar bem abaixo do que se viu antes da recessão. O Estado sofreu muito com a crise nacional, teve problemas específicos como a paralisação da Samarco e, agora em 2019, com Brumadinho. Com isso, a economia do Espírito Santo voltou a ter um ano decepcionante

Lucas Assis
Economista da Tendências Consultoria
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O cenário, aliás, não é exclusividade do Espírito Santo. O estudo apontou que outros 13 Estados devem terminar o ano de 2020 com o PIB abaixo do nível pré-crise. A economia nacional também tende a ter um resultado 1% pior do que em 2014.

Com crescimentos mínimos que ainda não recuperam as perdas pela falta de investimentos de peso, elevado desemprego e alto endividamento das famílias, a saída dessa crise tem sido mais demorada que em outros períodos, segundo a Tendências. 

"É a mais grave crise da economia brasileira do ponto de vista estrutural e estamos demorando muito a retomar o crescimento", avalia o diretor de Integração do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira, que lembra ainda que essa tende a ser a segunda década perdida de crescimento do país nos últimos quarenta anos.

MERCADO DE TRABALHO DO ES JÁ RECUPERA CRIAÇÃO DE VAGAS

Se olhando o PIB a recuperação da economia capixaba na comparação com os patamares pré-crise ainda não chegou - e nem se sabe quando isso acontecerá - o mercado de trabalho já mostra sinais mais robustos de retomada.

Em 2013, o Estado criou 19,8 mil novos postos de trabalho segundo dados do Caged. Esse número foi diminuindo até chegar ao fundo do poço, com o fechamento de 44,8 mil empregos em 2015 e 37,9 mil em 2016. 

Em 2019, o resultado do emprego no Espírito Santo já retomou aos patamares anteriores à crise, com a criação de 19,5 mil vagas formais. "O dado do emprego mostra como a economia se comportou e como ela está trilhando o caminho da recuperação", destaca Lira, que comenta ainda que a situação fiscal confortável diante dos demais Estados e as expectativas para 2020 ajudem na retomada da nossa economia:

"Em 2019, apesar da produção industrial, a gente tem condição de fechar com um resultado um pouco melhor pelo bom desempenho dos setores de serviços, comércio e construção civil. E, para 2020, temos a perspectiva da volta da Samarco e também de investimentos privados significativos, como o da Suzano, que nos fazem acreditar que o Estado tenha condições de melhorar seu desempenho, sobretudo se a economia brasileira apresentar um crescimento expressivo", diz.

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