Publicado em 11 de fevereiro de 2020 às 20:01
A produção de pelotas de minério na Vale no Espírito Santo teve queda de 18% no acumulado de 2019 em comparação com o ano anterior. A informação refere-se ao Sistema Sudeste, que engloba as oito plantas do Complexo de Tubarão, em Vitória. Elas foram divulgadas pela companhia em relatório ao mercado nesta terça-feira (11). No ano passado, foram produzidas 27 milhões de toneladas do produto contra 33 milhões em 2018.
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A Gazeta já tinha apontado que, com efeito do rompimento de uma barragem de rejeitos de minério da empresa em Brumadinho (MG), em janeiro do ano passado, fez a produção cair e reduziu a exportação de minério no Espírito Santo.>
Houve uma redução de 1,8 milhões de toneladas no quarto trimestre de 2019 em comparação com o trimestre anterior (-23,2%). Já em relação ao mesmo período de 2018, a redução foi ainda maior, de 3,2 milhões de toneladas (-35,5%). >
A empresa afirma que a redução foi provocada principalmente pelas paradas voluntárias das plantas de Tubarão 1 e 2, ao menos desde o segundo trimestre, e por causa da manutenção programada realizada na planta de Tubarão 6, em outubro e novembro. De acordo com a companhia, no primeiro caso, a interrupção foi feita para "adaptar o portfólio da Vale para otimizar margens e atender condições de mercado".
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As usinas de pelotização 1 e 2 da Vale já haviam sido paralisadas em 2012 e tinham voltado a operar novamente no início de 2018. A empresa não informou o motivo exato da paralisação nem desde quando essas estruturas estão fora de operação.
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Segundo a companhia, a produção na planta de Tubarão 6 ainda ficará interrompida durante a maior parte do primeiro trimestre deste ano para a realização de atividades não programadas de manutenção. A retomada das operações está prevista para março.
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A produção de pelotas no Espírito Santo foi fortemente impactada pela redução de quase 30% na extração de minério nas minas do Sistema Sudeste, em Minas Gerais, que abastecem as plantas do Espírito Santo. O dado considera o resultado consolidado de 2018 e 2019.
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A paralisação de operações após o rompimento da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, reduziu em 21,5% a produção de minério de ferro da Vale em 2019. A mineradora iniciou 2020 também com perdas de 1 milhão de toneladas, diante das fortes chuvas que caíram em Minas Gerais. >
A companhia anunciou também aumento das provisões para a descaracterização de barragens como a de Brumadinho, cujo rompimento deixou 270 mortos e um rastro de destruição. Em janeiro, 16 pessoas - entre elas o ex-presidente da companhia, Fabio Schvartsman - foram denunciados por homicídio doloso.>
A mineradora diz que fechou 2019 com uma produção de 301,9 milhões de toneladas de minério de ferro, contra as 384,8 milhões de toneladas registradas no ano anterior. >
A queda foi provocada, principalmente, pela suspensão das operações nas minas de Vargem Grande, Fábrica, Brucutu, Timbopeba e Alegria, todas em Minas Gerais, devido ao aumento das restrições operacionais após o desastre.>
Segundo a mineradora, a "sazonalidade climática mais forte que o normal" durante o primeiro semestre de 2019 também contribuiu para o desempenho. Por outro lado, o aumento das operações no Pará e o uso de estoques ajudaram a compensar a perda de produção em Minas.>
A produção de pelotas - minério processado para uso em siderúrgicas - em todas as plantas do país da companhia caiu 24,4% no ano, para 41,8 milhão de toneladas. A companhia está atualmente com cerca de 40 milhões de toneladas de capacidade interrompida.>
No relatório, a Vale diz que está avançando nas discussões com autoridades para garantir a retomada de produção entre 15 milhões de toneladas este ano. Para 2021, a meta é chegar a 25 milhões de toneladas adicionais. >
A mineradora espera, ainda no primeiro trimestre, retomar a mina de Timbopeba usando a tecnologia de processamento a seco, que não necessita de barragem de rejeitos como a que se rompeu em Brumadinho. A expectativa é que a mina de fábrica seja retomada no segundo trimestre.>
"A Vale encerrou 2019, o ano mais desafiador de sua história, com o firme compromisso de retomar e estabilizar sua produção, ao mesmo tempo em que implementa os mais altos padrões de segurança em suas operações", afirmou a empresa.>
Com menor produção, as vendas de minério pela Vale caíram 12,8% em 2019, para 269,4 milhões de toneladas. As de pelotas tiveram queda de 23,7%, para 43,2 milhões de toneladas. Para evitar perda maior, a companhia usou 14 milhões de toneladas de seus estoques.>
Do ponto de vista financeiro, porém, os cortes de produção em minas da empresa pressionaram os preços internacionais do minério, compensando financeiramente parte da perda de volume. Após provisões para perdas, a Vale voltou a ter lucro no terceiro trimestre de 2019: R$ 6,5 bilhões.>
O balanço do quarto trimestre, com os resultados fechados no ano, será divulgado no próximo dia 21 e vai trazer provisões adicionais de US$ 671 milhões (cerca de R$ 2,9 bilhões, pela cotação atual) para a descaracterização de barragens. >
Parte do valor refere-se à inclusão de cinco novas estruturas no programa original. Por outro lado, novas avaliações indicaram custo menor para as nove primeiras estruturas.>
A descaracterização consiste na retirada dos rejeitos e na recuperação da área, para que seja novamente integrada à natureza. O primeiro processo desse tipo foi concluído em dezembro, na barragem 8B, em Nova Lima (MG).>
Até o terceiro trimestre de 2019, a Vale estimava em R$ 24,1 bilhões os custos de compensação e remediação dos danos provocados pelo rompimento da barragem em Brumadinho.>
Com informações de Folhapress
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