Publicado em 9 de outubro de 2019 às 08:05
A indústria capixaba enfrenta um ano de desaceleração na sua produção. Os maus desempenhos dos setores de mineração, petróleo, transformação e celulose vêm mantendo o índice do ano negativo para o Espírito Santo. São várias as razões que explicam os resultados, segundo especialistas. Elas vão de baixa competitividade até redução da produção da Petrobras. O quadro dificilmente será revertido ainda neste ano. >
Esses segmentos tradicionais têm enfrentado queda na demanda do mercado internacional. São commodities em período de baixa. Com menos vendas, as empresas também estão reduzindo a produção. De acordo com os especialistas, o fato de poucas empresas serem responsáveis por boa parte dos números da indústria faz o resultado ruim de uma influenciar negativamente todos os indicadores. >
Outro fator que contribui para o desempenho atual da indústria extrativa é a redução da produção de petróleo pela Petrobras, causado pelas paradas para manutenção das plataformas e pela maturação deles, afirma o presidente do Instituto Jones do Santos Neves (IJSN), Luiz Paulo Vellozo Lucas.>
Para a economista e especialista na área de indústria Arilda Teixeira, a indústria da transformação, que tem forte papel nesse desempenho negativo do setor no Estado, não tem fôlego nem competitividade para enfrentar o mercado internacional atual. >
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Como a indústria estava sempre correndo para o governo quando tinha problemas de lucratividade, essa relação viciosa entre a indústria de transformação e os governos no Brasil aniquilou todas as possibilidades de termos um setor de transformação competitivo e crescente, critica a especialista.>
Ainda segundo Arilda, ao longo desse processo a economia mundial foi aumentando sua integração e complementando a cadeia produtiva do mercado. >
Falta abrir os olhos sobre o que é mercado e competição e como gerar condições para enfrentar a competição. Elas precisam inovar e abrir os olhos para os potenciais de produção de cada Estado, observa.>
Já o presidente do IJSN, Luiz Paulo Vellozo Lucas, lembra que o dinamismo da economia do Espírito Santo é derivado do da brasileira, que vive um momento de expectativas de acontecimento. Os investimentos públicos e privados estão travados. Se a economia do Brasil voltar a crescer, nós vamos crescer ainda mais, avalia.>
De janeiro a agosto deste ano, a indústria capixaba acumula queda de 12,8%, na comparação com o mesmo período de 2018. Além disso, os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional do IBGE revelam que este é o pior resultado acumulado no ano desde dezembro de 2016 (-18,7%). >
No Espírito Santo, os setores dos derivados da celulose e da indústria extrativa continuam sendo os que mais impactaram a queda do indicador do IBGE. No acumulado de janeiro a agosto de 2019, as indústrias de celulose (-32,8%), extrativa (-18,1%), metalurgia (-4,4%) e de produtos alimentícios (-2,8%) caíram. Produtos de minerais não-metálicos foi o único que cresceu (11%).>
Na comparação entre quadrimestres, a indústria estadual vem perdendo dinamismo, de acordo com o IBGE. Nos últimos quatro meses de 2018, ela cresceu 3,7%, em relação ao mesmo período de 2017. Já no primeiro quadrimestre de 2019, caiu 10,2%, em relação a 2018. E, no segundo quadrimestre deste ano, diminuiu 15,2%, comparada ao mesmo período do ano anterior.>
Os dados capixabas de agosto estão bem piores do que os nacionais. No acumulado de janeiro a agosto deste ano, comparado ao mesmo período de 2018, o país está com um saldo negativo de 1,7%. >
Já na comparação de agosto com julho, a indústria geral brasileira cresceu 0,8%, enquanto a capixaba caiu 1,4%. Apenas oito dos quinze Estados pesquisados pelo IBGE tiveram queda de produção em agosto. >
A indústria capixaba vem perdendo espaço no mercado, mas isso não é exclusividade dela, a nacional também enfrenta o mesmo problema. De acordo com especialistas, a indústria brasileira pode deixar o ranking das dez maiores do mundo. Enquanto a produção industrial no resto do mundo cresceu cerca de 10% desde 2014, a atividade nas fábricas brasileiras caiu 15% no mesmo período. >
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