Publicado em 13 de setembro de 2019 às 17:25
Amargando uma queda de 31,1% nos primeiros sete meses do ano, o setor de celulose do Espírito Santo acumula adversidades. Uma retração global em preços e na demanda pela commodity tem forçado uma redução na produção na unidade da Suzano (empresa que nasceu da fusão da Suzano com a Fibria) em Aracruz, no Norte do Estado. Para diminuir os custos de produção, a empresa está favorecendo fábricas em outros Estados.>
Isso porque, segundo o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Léo de Castro, há uma escassez de eucalipto no entorno do complexo industrial de Aracruz, o que faz com que seja necessário buscar matéria-prima muito mais distante, aumentando assim os custo de produção.>
Diante do cenário, investimentos aguardados pelos capixabas como a fábrica de bio-óleo, orçada em torno de R$ 500 milhões, e uma indústria de papel, podem acabar não sendo viabilizados no Estado.>
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O raio médio de captação de eucalipto é muito maior em Aracruz do que em outras unidades da Suzano. Isso faz com que a unidade fique em desvantagem, afirmou. Segundo ele, enquanto na unidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, é possível encontrar as árvores em um raio médio de 40 km, no Estado, a distância chega a 400 km.>
Licenciamento>
O presidente da Findes afirma que há problemas no licenciamento ambiental, que é demorado. Ele diz que há caso de pedidos que demoram até quatro anos para serem concluídos. Temos vários municípios que podem receber essa cultura de eucalipto. A gente precisa ajudar para que esse licenciamento aconteça de forma mais ágil. Nós já estamos em um cenário ruim e o ciclo do eucalipto é longo. Plantando hoje, só colhe daqui a seis ou sete anos, explica.>
Ele diz ainda que a falta de agilidade no licenciamento pode até desencorajar investimentos da Suzano no Estado. Na cartela de investimentos em solo capixaba que estava planejada a construção da fábrica de bio-óleo, também em Aracruz, com investimento de maio bilhão. A empresa, no início do ano, também demonstrou interesse em construir uma fábrica de papel. As empresas, quando crescem, passam a ter opções. Nós estamos competindo por esses investimentos, disse.>
Segundo o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), órgão responsável por licenciar o plantio de eucalipto, os processos atuais envolvendo a Suzano estão dentro do prazo previsto em lei (dois a três meses no caso de áreas com menos de 100 hectares e até um ano para áreas maiores).>
Se tudo estiver correto, tudo se resolve nesse prazo. O que acontece é que muitas vezes o processo chega com problemas na documentação da propriedade, ou estudos ambientais insuficientes, afirma o gerente de Licenciamento e Controle Florestal do Idaf, Fabiano Campos Grazziotti.>
Segundo ele, só há um processo mais longo, que corre há quatro anos no órgão. Ele diz respeito a uma área de 4 mil hectares em Conceição da Barra. Por se tratar de área maior que mil hectares, é necessário estudo de impacto ambiental mais completo e ainda consultar todos os órgãos municipais, estaduais e federais que possam ter relação com a atividade pretendida ou sofrer alguma consequência dela.>
Nos processos que envolvem estudo ambiental, tem que consultar Iema, Ibama, MPF, MPES, Consema, prefeitura. Todos tem que se manifestar. Ainda temos que fazer audiência pública para a comunidade poder se manifestar e conhecer o empreendimento, afirmou.>
Grazziotti diz que, nesse caso específico (de quatro anos), o processo não avançou ainda pois falta anuência da prefeitura, ou seja, o município tem que confirmar se quer aquele empreendimento em seu território.>
A reportagem entrou em contato com a prefeitura de Conceição da Barra que afirmou, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, que afirmou negar a anuência já que a lei orgânica do município proíbe o aumento da cobertura de eucalipto na cidade. Ainda segundo a prefeitura, atualmente, 55% do território rural do município pertence à Suzano e 40% do solo já é ocupado com plantio de eucalipto.>
Em nota, a Suzano disse que o ambiente de negócios no mercado de celulose continua desafiador, sobretudo em função de questões macroeconômicas e geopolíticas, ocasionando um desequilíbrio entre oferta e demanda.>
Como a Suzano exporta grande parte da celulose produzida, houve a necessidade de ajustar o ritmo de produção a fim de adequá-la ao cenário global atual. Ressaltamos, contudo, a convicção de que o mercado global continuará crescendo no médio e longo prazos, suportado sobretudo pelo aumento do consumo de papéis sanitários, tendência que ocasionará natural adequação no atual nível dos estoques na cadeia. Além disso, ressaltamos que a competitividade em custos da companhia, associada à solidez financeira, proporciona total resiliência para que a empresa possa atuar em um cenário mais adverso, informou.>
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