É economista, pesquisador e consultor, vinculado ao Instituto de Economia da UFRJ, membro associado à International Association for Energy Economics e membro do GEE

Indústria de rochas precisa se modernizar ou verá o seu declínio

O desenvolvimento de novas técnicas, tecnologias modernas e novos modelos de negócio são determinantes para que as empresas capixabas da cadeia de rochas ornamentais se mantenham competitivas

Publicado em 04/10/2019 às 10h53
Indústria de rochas ornamentais. Crédito: Divulgação
Indústria de rochas ornamentais. Crédito: Divulgação

A indústria de rochas ornamentais executa a atividade minerária no Espírito Santo desde a década de 1930. Em sua primeira fase, a atividade econômica era centrada na exploração de jazidas e extração dos blocos de mármore e granito, sendo feita a sua serragem artesanal.

Posteriormente, em sua segunda fase, o setor passou a comportar empresas que realizam o beneficiamento das rochas, por meio do corte variado de chapas e o seu polimento. Em um terceiro momento, a indústria se tornou mais eficiente com a criação dos teares multifios (fios diamantados).

Porém, atualmente, diante de mudanças na organização setorial mundial devido às novas tecnologias digitais e ao próprio processo de evolução da atividade – que tem provocado mudanças no padrão concorrencial dessa indústria –, surge a necessidade de se adotar as técnicas mais modernas de digitalização e automação que compõem a nova indústria 4.0, buscando ampliar a atuação das empresas na etapa de produtos acabados e execução de projetos e obras completos.

Essa é a “Quarta Fase” do setor, já identificada em estudo que realizei, com o seu novo ciclo de desenvolvimento, que corresponde à produção de produtos personalizados e obras completas, utilizando em sua indústria as tecnologias digitais, com inteligência artificial e máquinas com aprendizado autônomo.

Iniciando essa nova fase, o Estado se beneficiaria com o desenvolvimento do novo elo da cadeia produtiva, pois surgem oportunidades para novas atividades econômicas nessa etapa de produtos finais de alto valor agregado. Nesse sentido, para promover a aceleração da implantação da Quarta Fase é essencial que o setor realize investimentos em tecnologia e inovação, apoiado pelo Estado, no intuito de se colocar altamente competitivo no mercado mundial.

A crescente exportação de blocos de rochas para a China preocupa, pois os chineses estão investindo em inovação no beneficiamento dos blocos para se tornarem o país mais competitivo no setor, o que pode levar a indústria de rochas capixaba ao declínio, regredindo à fase de mera exportadora de rochas brutas, afetando as empresas e a economia capixaba, uma vez que 10% do PIB estadual correspondem ao setor de rochas ornamentais.

O desenvolvimento de novas técnicas, tecnologias modernas e novos modelos de negócio são determinantes para que as empresas capixabas da cadeia de rochas ornamentais se mantenham competitivas diante da nova revolução industrial/tecnológica. A indústria de rochas ornamentais no Espírito Santo está em risco diante da velocidade com que as novas tecnologias transformam os setores econômicos, levando empresas à falência e eliminado segmentos inteiros em todo o mundo, deslocando atividades para países onde a inovação é constante para sustentar a competitividade.

Nesse sentido, a criação de um plano setorial de estímulo à inovação e incorporação da digitalização em seus processos produtivos, objetivando se inserir na indústria 4.0, é essencial para o setor se colocar na fronteira tecnológica, impedir o declínio e retrocesso a um simples exportador de rochas brutas, e avançar sobre novos mercados no mundo. Portanto, a indústria de rochas ornamentais capixaba deve elaborar com urgência o seu plano de inovação.

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