Publicado em 14 de maio de 2020 às 20:18
A Caixa começará a pagar, na próxima segunda-feira (18), a segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600 a R$ 1.200, o chamado "coronavoucher". Cerca de 50 milhões de brasileiros aguardam a liberação do calendário de pagamento da nova parcela do benefício. A previsão inicial do governo federal era de que esse pagamento começasse a ser realizado entre os dias 27 e 30 de abril, o que não se concretizou. O atraso já supera duas semanas. >
Em uma live semanal transmitida nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro, nesta quinta (14), o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, confirmou a data e disse que o pagamento será realizado por mês de nascimento. "Exatamente para que nós tenhamos uma tranquilidade maior no pagamento", afirmou.>
Guimarães também informou que os detalhes do pagamento sairão nesta sexta (15). A liberação dos valores deverá ser conforme o mês de nascimento do beneficiário, mas, desta vez, a Caixa deverá pagar um mês por dia. Na primeira parcela, eram pagos a cada dia beneficiários que fazem aniversário em dois meses consecutivos. >
DE PESSOAS NO BRASIL RECEBERAM A PRIMEIRA PARCELA DO AUXÍLIO EMERGENCIAL E AGUARDAM A SEGUNDA
Em meio a essa demora para a divulgação de um cronograma, 32 milhões de brasileiros não receberam nem a primeira parcela do benefício. Com isso, trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEIs) e autônomos que perderam renda durante a crise da pandemia da Covid-19 podem ficar sem renda e sem direito ao auxílio emergencial. >
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Para realizar a segunda e a terceira etapa de pagamentos do auxílio, o governo precisa primeiro solucionar algumas questões. Dentre elas estão a falta de cédulas, problemas que ainda impedem a Caixa de fazer o pagamento da primeira parcela e até a não circulação do dinheiro em espécie no país. >
Nesse momento, o temor é de que, caso um novo cronograma seja anunciado pelo governo federal, não seja possível cumpri-lo. Veja abaixo os motivos para essa preocupação.>
De acordo com uma reportagem publicada pelo jornal Folha de São Paulo, nesta quinta-feira (14), a falta de cédulas está contribuindo para o travamento da liberação da segunda parcela do auxílio emergencial. Para tentar melhorar a situação, o Banco Central pediu à Casa da Moeda que sejam impressos, até o fim de maio, R$ 9 bilhões. >
BANCO CENTRAL PEDIU ESSE VALOR EM IMPRESSÃO DE CÉDULAS
Já foram liberados aproximadamente R$ 124 bilhões para a execução do programa de socorro à população. Mesmo com crédito orçamentário liberado para o auxílio, ainda há risco de faltar cédulas nos bancos para os saques que serão realizados pelos beneficiários. Caso a liberação da segunda parcela do benefício ocorresse nas condições atuais, poderia inviabilizar operações do sistema bancário nacional. >
O maior problema, de acordo com a apuração do jornal, foi a falta de papel moeda, matéria-prima para a impressão das cédulas. Apenas em abril, o Banco Central gastou R$ 80,2 bilhões em aquisição de cédulas. O valor representa 12% do orçamento total de 2020 para a compra de cédulas e moedas.>
Do total de R$ 35,5 bilhões em recursos liberados até o momento para o auxílio emergencial, mais de 90% foram sacados. O que demonstra a demanda elevada por papel-moeda no pagamento desse tipo de benefício.>
Segundo o Banco Central, há um entesouramento (quando o dinheiro fica parado na mão das pessoas). Isso ocorre por causa dos saques para formação de reservas financeiras, diminuição do volume de compras no comércio e devido ainda a uma parcela considerável dos valores pagos em espécie aos beneficiários dos auxílios não ter retornado à economia ainda.>
Se o dinheiro não circula, a Casa da Moeda precisa produzir mais cédulas para suprir a falta delas na economia nacional, operação que gera mais custo ao Banco Central.>
De acordo com dados da Caixa, da última quarta-feira (13), 48,8% dos 96,9 milhões de cidadãos que se cadastraram para receber o auxílio não estavam elegíveis para receber o benefício. Dentro desse total, 46,9 milhões deles não teriam direito ao auxílio. Nesse montante estão algumas pessoas que, por erro do sistema ou dos dados, tornaram-se inaptas, e, por isso, ainda não receberam a primeira parcela do socorro emergencial. >
Os balanços que são divulgados diariamente pela Caixa ainda mostram que não há novos repasses no auxílio emergencial desde o início do mês de maio. De lá para cá, o número de beneficiados permaneceu sem mudança, em 50 milhões de pessoas. Já o valor dos recursos creditados nas contas deles ficou parado em R$ 35,5 bilhões durante esse período. >
Mais de 16 milhões de brasileiros, que se inscreveram para o benefício no mês de abril, ainda aguardam a análise de seu pedido pela Dataprev. Desse total, mais de 14 milhões devem receber uma resposta ainda nesta semana. Entre eles, os que refizeram o cadastro, porque tiveram inconsistência nos dados informados anteriormente, como um número errado do CPF de algum dependente.>
Enquanto algumas pessoas que têm direito ao auxílio pago a informais, autônomos e desempregados não conseguiram receber a primeira parcela, mas mais de 73 mil militares brasileiros receberam indevidamente e terão que devolver o valor do benefício, de acordo com o Tribunal de Contas da União.>
Na última quarta-feira (13), o Tribunal ainda mandou que o governo federal publicasse a lista com o nome de quem recebeu o auxílio emergencial, discriminada por município, no portal da transparência do governo federal. A medida é para evitar que novas irregularidades ocorram.>
Ao todo, foram identificados 73.142 CPFs na base de dados do Ministério da Cidadania que receberam o benefício de forma irregular, incluindo militares ativos, inativos, de carreira e temporários, além de pensionistas, dependentes e anistiados. Com isso, o governo gastou no mínimo R$ 43,9 milhões no pagamento da primeira parcela do auxílio a militares.>
Caso os erros não fossem identificados, segundo os ministérios da Defesa e da Cidadania, seriam gastos, aproximadamente, R$ 131,8 milhões com as três parcelas. >
Um erro de dados processados pelo Dataprev tirou o auxílio emergencial de R$ 600 de quem foi candidato ao cargo de vereador nas eleições municipais de 2016, mesmo sem ter sido eleito. Os ex-candidatos poderiam receber o benefício, mas acabaram barrados. >
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), estavam sendo extraídos pela empresa informações disponíveis no site da Justiça Eleitoral sobre candidatos eleitos, sem diferenciar, no entanto, os suplentes. >
Segundo os termos do auxílio emergencial, quem tem mandato eletivo ou trabalha na administração pública não pode receber a ajuda federal, de R$ 600 a R$ 1.200 por mês. >
Mesmo desempregadas, muitos não conseguem ter acesso às parcelas de R$ 600 a R$ 1,2 mil, porque constam como empregados na base de dados usada para avaliar a concessão do benefício. >
A análise dos pedidos de "coronavoucher" é feita pelo Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). Ele é mantido pela Dataprev, do Ministério da Economia, e alimentado com as informações da Rais, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O problema é que a Rais atualmente disponível usa dados de 2018 e o Caged, desde o início deste ano, deixou de existir.>
De acordo com o Ministério da Cidadania, o cidadão precisa corrigir as informações via Superintendência do Trabalho, órgão ligado ao Ministério da Economia, e depois solicitar novamente o auxílio emergencial.>
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