Publicado em 11 de agosto de 2020 às 05:02
O Banco Central tem até o fim de setembro para encerrar o inquérito que investiga supostas irregularidades cometidas pela Dacasa financeira e pela corretora de valores Uniletra. Ambas empresas, que pertencem ao Grupo Dadalto, tiveram a liquidação decretada em fevereiro deste ano. >
Segundo publicação no Diário Oficial da União, uma comissão de inquérito composta de quatro servidores do órgão foi formada no fim de maio deste ano. Ao grupo foi dado o prazo de 120 dias para a conclusão dos trabalhos, que se encerra em 25 de setembro. >
Na ocasião da liquidação, o Banco Central justificou a medida apontando a grave situação patrimonial, as graves violações às normas legais que disciplinam a atividade da instituição, bem como a existência de prejuízos que sujeitam a risco anormal os seus credores. >
A Dacasa está no mercado há 35 anos e conta com 18 lojas somente no Espírito Santo. A empresa também está presente na Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais. >
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A liquidação é uma medida tomada quando uma empresa do mercado financeiro começa a dar sinais de instabilidade. Ela evita uma quebra repentina, que poderia causar um impacto muito maior nos investidores e no mercado como um todo. >
Nesses casos, é apontado um liquidante pelo Banco Central que vai zelar pelos bens da empresa e pelo pagamento aos credores e investidores. Caso a empresa não tenha dinheiro suficiente para cobrir pelo menos metade das dívidas, o liquidante pode fazer o pedido de falência.>
Desde a liquidação, a Dacasa parou de emitir cartões de crédito aos clientes e interrompeu também o pagamento aos lojistas pelo período que perdurar o procedimento extrajudicial. Já os empréstimos estão sendo feitos através de outra financeira, a Portocred.>
As lojas físicas, que ficaram fechadas por alguns meses por conta da pandemia da Covid-19, já reabriram. Contudo, elas só atuam para receber boletos de dívidas (cartão ou empréstimos) contratadas antes de fevereiro. >
Já quem investiu em papéis da Dacasa, que emitia Letras de Câmbio (LC) e Recibos de Depósito Bancário (RDB), tem até setembro deste ano para receber ressarcimento através do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).>
O FGC é uma entidade civil que cobre os ativos dos investidores em caso de falência do banco ou não pagamento das aplicações. O limite de ressarcimento é de até R$ 250 mil.>
As pessoas que adquiriram esses papeis da Dacasa têm até 22 de setembro para pedir o ressarcimento. >
Segundo dados do FGC, até o momento, mais de 17 mil credores foram contemplados. O montante dos pagamentos alcança os R$ 700 milhões. >
De acordo com informações do site da Uniletra, os clientes foram orientados a fazer portabilidade dos seus investimentos para outra corretora de valores. >
Aqueles que não puderam transferir os ativos nem tiveram o dinheiro recuperado por meio do Mecanismo de Ressarcimento de Prejuízos da bolsa de valores brasileira, tiveram até junho para informar à empresa através de ofício. >
Nesse caso, entraram também as empresas prestadoras de serviço e os ex-funcionários da Uniletra.>
O grupo Dadalto foi procurado por A Gazeta e respondeu, em nota, que todas as perguntas devem ser encaminhadas a assessoria de imprensa do Banco Central. O Banco Central também foi questionado, mas não se manifestou até a noite desta segunda-feira (10). >
O grupo Dadalto, que detêm as duas empresas, teve a falência decretada em fevereiro deste ano após mais de 80 anos de atividade no Espírito Santo. A empresa, que já chegou a ter mais de 60 lojas, pediu recuperação judicial em 2015 já com dívidas que ultrapassavam os R$ 123 milhões.>
Segundo fontes próximas ao grupo, a situação foi provocada, entre outros fatores, por operações de crédito arriscadas e erros de estratégia. >
Em 2012, a empresa fez um Certificado de Recebidos Imobiliários (CRI). As cotas foram vendidas para grandes empresas, o que rendeu à Dadalto R$ 60 milhões.>
Contudo, a abertura de muitas lojas físicas, somada à queda nas vendas, impediu que a empresa honrasse com os pagamentos, e o CRI se transformou em uma grande dívida.>
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