> >
1.441 trabalhadores do ES foram afastados por ansiedade e estresse no ano passado

1.441 trabalhadores do ES foram afastados por ansiedade e estresse no ano passado

As doenças emocionais têm muito impacto no trabalho e, caso o funcionário não esteja bem, isso pode provocar queda de rendimento entre outros problemas. Organizações devem adotar medidas de acolhimento

Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 14:29

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Problemas emocionais de trabalhadores podem ser resolvidos com a ajuda da empresa . (Pixabay)

Depressão, síndrome de Burnout, estresse e ansiedade, isso sem contar com os diversos problemas pessoais que podem surgir no dia a dia de qualquer pessoa. Problemas emocionais atingem qualquer indivíduo e, mesmo que se tente, não há como separar totalmente o profissional do individual. Só no ano passado, de acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),  1.441 trabalhadores foram afastados por um tipo de transtorno fóbico-ansioso no Espírito Santo.

O resultado dessas doenças emocionais são queda na produtividade, distração e, em casos extremos, até o afastamento dos trabalhadores para tratamento. Por conta disso, as empresas já estão de olho na saúde mental de seus profissionais e desenvolveram programas com o objetivo de trabalhar na prevenção e até ajudar na superação dos problemas.

As emoções dos colaboradores são um tema cada vez mais discutido entre as organizações. A presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, seccional Espírito Santo (ABRH-ES), Kátia Vasconcelos, salienta que cuidar do lado psicológico dos colaboradores resulta em um aumento de confiança, faz com que os indivíduos tenham mais flexibilidade e se sintam seguros a enfrentar os problemas que estão passando.

Aspas de citação

É cada vez mais comum uma pessoa ser atingida por quadros de ansiedade, depressão e pânico. Cabe às organizações criar suportes de atendimento para que os colaboradores se sintam à vontade para procurar ajuda. Hoje, há uma pressão para que todo mundo tenha sucesso e esteja bem o tempo todo, mas sabemos que não é bem assim. As pessoas estão adoecendo e não se dão conta. Por isso, pedir ajuda é fundamental e as empresas têm que estar abertas e receptivas para esse acolhimento

Kátia Vascolcelos
Presidente da ABRH-ES
Aspas de citação

Para a psicóloga e diretora da Psicoespaço, Marianne Limonge, é importante favorecer o ambiente de trabalho para proporcionar o bem-estar das pessoas.  Segundo ela, ações positivas podem ajudar o gestor a identificar os problemas e apontar soluções de tratamento.

"A depressão incapacita as pessoas e um líder percebe essas mudanças. A consequência de um desequilíbrio é a queda na produtividade, na capacidade de entrega e na falta de interesse, por exemplo. Se o gestor não está atento, o quadro pode até se agravar”, expõe.

Ela lembra que, para as empresas, há uma fidelização do profissional e, quando ele volta para suas atividades, a produtividade é até maior porque vai se sentir amparado e acolhido. 

A psicóloga Sarah Rosado concorda que problemas emocionais afetam a produtividade de indivíduo e da empresa. “Se ele não estiver emocionalmente bem, várias outras questões ficam comprometidas. O que o empregador pode fazer é sempre pensar no bem-estar de seus colaboradores, adotar medidas humanizadas para que os trabalhadores se sintam cuidados. Quanto mais rápido for o diagnóstico, melhor”, afirma.

Ela destaca ainda que todo relacionamento deve funcionar como um ganha-ganha, inclusive no ambiente corporativo. Sarah ressalta que a empresa precisa cuidar do funcionário para que ele desenvolva suas atividades da melhor maneira possível

O QUE DIZEM AS EMPRESAS

A gerente de recursos humanos da Unimed, Karla Rampazo, destaca que há dois anos foi criado o Núcleo de Atendimento ao Trabalhador e que conta com a participação de diversos profissionais como médico do trabalho, assistente social e psicólogo.

Aspas de citação

Percebemos que em todo o mundo aumentaram casos de ansiedade, depressão e síndrome do pânico, por exemplo. Resolvemos adotar uma política de cuidado com o colaborador. O trabalho é desenvolvido de forma conjunta com o objetivo de reduzir os impactos relacionados à saúde mental. Além de atendimento personalizado, fazemos também palestras e outras iniciativas para melhorar a qualidade de vida

Karla Rampazo
Gerente de RH da Unimed Vitória
Aspas de citação

A ideia, segundo ela, é diminuir os afastamentos. Karla afirma que a ajuda pode vir por indicação do gestor, do RH e até mesmo do funcionário. “Pensamos no trabalhador como um todo. Se ele estiver bem, a equipe também vai estar e os resultados da cooperativa serão ainda melhores”, avalia.

A gerente de RH da Multivix, Lícia Assbu, lembra que a doença do século é a depressão e diz que para evitar que possíveis preconceitos são desenvolvidas ações de conscientização entre os funcionários.

“Não há como separar o lado profissional do pessoal porque somos um só. Ajudar o colaborador em momentos de dificuldade, aumenta a confiança deles junto à empresa e faz com que ele queira permanecer no quadro de funcionários. Percebemos que esse trabalho reduziu os afastamentos e fez com que eles se cuidassem mais. É preciso criar um ambiente receptivo para que o funcionário se sinta à vontade para pedir ajuda”, enumera Lícia.

Para o diretor da Contauto, Apolo Rizk, é importante estar atento às pessoas que trabalham na empresa. “Ter sensibilidade e estar presente são valores que prezamos no ambiente de trabalho, pois lidamos com pessoas, e todos temos dias difíceis. Tentamos sempre estar junto, compreender o que está acontecendo e apoiá-los com incentivos relacionados às metas, que geralmente são as primeiras a cair quando um bom funcionário está enfrentando batalhas pessoais”, ressalta Rizk.

De acordo com Rizk, supervisores e gerentes devem estar atentos ao comportamento do colaborador. As pessoas dão sinais e geralmente a produtividade é impactada, assim como o comportamento.

“Nossas equipes estão sempre juntas no show room, então é perceptível quando algo não vai bem com alguém. Sempre incentivamos a conversa com o gerente, a importância do papel da liderança, e isso faz com que todos tenham sempre muito acesso e liberdade para conversar. Quando o caso é muito gritante e o profissional precisa de maior apoio, indicamos o RH que é preparado para lidar com esse tipo de situação. O setor é envolvido buscando estratégias de incentivo para manter esse profissional motivado e produzindo”, completa.

O diretor da Solvix, empresa de energia fotovoltaica, Washington Costa, afirma que já teve funcionários passando por sérios problemas pessoais, o impactou a sua produtividade.

“Acho importante tentar ao máximo lidar com o problema da maneira mais razoável possível no ambiente de trabalho. Precisamos separar as esferas, mas caso esteja pesado ou sério demais é importante comunicar ao gestor ou líder sobre os problemas pelos quais está passando, assim olhamos de maneira mais solidária caso a sua produtividade e foco diminuírem por um período”, pontua.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais