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Testemunha alertou Milena Gottardi que Hilário poderia matá-la

Testemunha alertou Milena Gottardi que Hilário poderia matá-la

Primeira testemunha do julgamento disse em seu depoimento que, em conversa com a médica, chegou a avisá-la do risco de ser morta pelo ex-marido. Ela relatou ainda que Milena se sentia perseguida e que Hilário era agressivo com as filhas

Publicado em 23 de agosto de 2021 às 16:17

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Caso Milena Gottardi
Milena Gottardi (centro), médica oncologista, morta com um tiro na cabeça no estacionamento da Hucam. (Farley Sil/Arte Geraldo Neto)

A primeira testemunha a depor no julgamento dos seis acusados pela morte de Milena Gottardi, na manhã desta segunda-feira (23), foi uma amiga que trabalhava com ela em duas unidades hospitalares. Grávida de 38 semanas, Aline Coelho Moreira Fraga relatou, em seu depoimento, que chegou a avisar Milena do risco dela ser morta.

“Quando ela me relatou que tinha escrito uma carta, e o que nela constava, alertei a Milena de que aquilo era uma ameaça e que ela corria o risco de ser morta”, afirmou.

Segundo a testemunha, meses antes do crime as duas conversavam muito sobre a situação que a médica enfrentava diante das dificuldades para se separar de Hilário. Ela relatou que Milena sofreu uma "progressão de inseguranças". Com o passar do tempo, ela foi ficando com mais medo.

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Ela falava que ele tinha um comportamento obsessivo, que brigava com as filhas, principalmente com a mais velha. Que em casa levavam uma vida como um regime militar, que o Hilário não deixava as crianças brincarem em casa, que era um relacionamento abusivo

Aline Coelho Moreira Fraga
Amiga de Milena e testemunha de acusação
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Aline, que é reumatologista, relatou que Hilário em várias ocasiões foi ao Hospital das Clínicas e que Milena desconfiava que estava sendo seguida e que ele a monitorava até pelo celular.

"Ela parou de enviar mensagens e só falava com a gente pessoalmente. Marcava de encontrar com a gente e depois mudava de local", contou.

Amigos e familiares de Milena Gottardi exibem faixas e cartazes em frente ao Fórum Criminal no Centro de Vitória.(Vitor Jubini)

Em uma visita de Milena à sua casa, quando a primeira filha de Aline nasceu, ela relata que em 40 minutos Hilário chegou a ligar mais de 20 vezes para Milena.

"Milena ficava olhando a varanda, desconfiada de que ele a seguia. Ouvi quando ela atendeu uma ligação de Hilário e ele disse que ela teria que buscar as crianças, mas não era o dia dela", contou a testemunha.

Na ocasião, diante das preocupações da amiga, Milena falou sobre a carta que ela tinha feito.

"Falei com a Milena que Hilário poderia matá-la, mas Milena disse que ele não faria isso."

A testemunha conta que nas últimas semanas Milena estava mais apreensiva e preocupada com sua segurança.

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Ela não enviava áudio, só falava pessoalmente com a gente, não queria andar sozinha, pedia que a gente a acompanhasse até o carro. Isso é atitude de quem está com medo

Aline Coelho Moreira Fraga
Amiga de Milena e testemunha de acusação
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A testemunha conta ainda que Milena não aceitava denunciar Hilário, com medo de prejudicá-lo. Contou ainda que no período que Milena ficou separada ela relatou estar mais tranquila.

"Ela já usava maquiagem e falava em fazer uma confraternização com os amigos".

A testemunha relatou ainda que, após a morte de Milena, vários pacientes do Hospital das Clínicas tiveram que ser realocados para outras unidades hospitalares. E que no Hospital Infantil essa realocação acabou gerando uma longa fila por atendimento para os pacientes de tratamento oncológico.

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