Dionathas Alves Vieira, executor da médica Milena Gottardi
Dionathas Alves Vieira, executor da médica Milena Gottardi. Crédito: Geraldo Neto

Vídeo: executor de Milena Gottardi pede perdão à família da médica

Em 2019, Dionathas Alves Vieira concedeu entrevista exclusiva para A Gazeta em que revelou que se arrependeu de tudo, desde o planejamento até a execução do crime. Ele simulou assalto para matar a médica

Tempo de leitura: 4min
Vitória
Publicado em 22/08/2021 às 11h25

"Eu olho para mim e fico pensando como eu tive a coragem de chegar e disparar um tiro numa pessoa. Aquilo foi um momento de fraqueza. Eu peço para a família da Milena me perdoar de verdade." Com essas palavras, Dionathas Alves Vieira revelou que se arrependeu de tudo, desde o planejamento até a execução da médica Milena Gottardi, que tinha 38 anos.

Em setembro de 2019, a reportagem de A Gazeta conversou com exclusividade com Dionathas. Ele é o único dos seis réus que admitiu ter participação no crime. No dia 14 de setembro de 2017, após simular um assalto, ele atirou na médica. Um dos disparos atingiu a cabeça de Milena, que teve a morte declarada no dia seguinte.

O acusado disse, na ocasião, acreditar que deve um pedido de perdão não somente para a família da vítima, mas para toda a sociedade capixaba. “Não tem como eu voltar (no tempo), trazer a vida dela de volta, mas o que eu sinto hoje é muita tristeza e arrependimento no meu coração. Logo no começo eu pensei em me matar, penso até hoje em deixar de ir para o banho de sol, só que, ao mesmo tempo, eu penso no meu filho”, afirmou Dionathas, que carrega o nome do menino tatuado no braço.

ADVOGADO DE DEFESA: “DIONATHAS QUER ESCLARECER OS FATOS”

O advogado Leonardo da Rocha Souza, que faz a defesa de Dionathas, réu confesso, quer prestar os esclarecimentos. “Espero que ele tenha tranquilidade para esclarecer todos os fatos”, pontuou Rocha.

O advogado ressaltou que o cliente tem consciência de que não pode trazer de volta a vida da vítima. “Mas pode não só assumir a sua responsabilidade, mas ter participação decisiva e determinante no esclarecimento e na condenação dos demais envolvidos no crime. E é o que vai fazer”, afirmou.

A expectativa do advogado é de que Dionathas tenha um julgamento justo. “Nem mais nem menos daquilo que a lei prevê”, destacou.

Nesta quinta-feira (19) Leonardo da Rocha Souza solicitou ao Juizado da Primeira Vara Criminal de Vitória que Dionathas tenha direito a uma escolta especial, sem a presença de outros réus, quando for transportado do presídio para o Fórum Criminal. Pediu também que, durante os dias do julgamento, ele fique em uma sala separada dos demais acusados pelo crime que vitimou a médica. O objetivo é evitar que Dionathas sofra coações ou intimidações.

Leonardo da Rocha Souza

Advogado de Dionathas

"Quero garantir a integridade física e moral do Dionathas. Em outra audiência, em 2018, ele sofreu intimidações para mudar seu depoimento. Isso consta em ata no processo. Queremos garantir a sua segurança. Ele não pode vir na mesma viatura com os demais réus que ele acusa"

CRIME E JULGAMENTO

Seis pessoas foram apontadas como responsáveis pelo assassinato da médica, entre elas o ex-marido de Milena, Hilário Frasson, hoje ex-policial civil. Todos vão ser julgados na próxima segunda-feira (23), no Fórum Criminal de Vitória, a partir das 9 horas. Confira o histórico de cada acusado:

A EXPECTATIVA DO ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO

O advogado Renan Sales, que atua como assistente de acusação, representando a família da vítima, assinalou não haver dúvidas sobre a participação dos seis réus no crime: “Pelas provas produzidas durante toda a persecução penal, não há dúvidas de que os seis réus são, de fato, os responsáveis pelo feminicídio que vitimou a médica Milena Gottardi”.

Ele observou ainda que a condenação deve trazer um pouco de alento para família de Milena: “Servirá como medida pedagógica para desestimular outros crimes contra mulher, além de fazer justiça no caso concreto”.

Em relação ao julgamento, disse estar confiante na atuação dos jurados. “O Tribunal Popular do Júri de Vitória, por seus sete jurados, condenará todos, mesmo com todas as tentativas dos réus em levar esse julgamento para outra comarca”, disse, lembrando que a defesa dos réus tentou transferir o julgamento para outras comarcas do estado.

MPES: “PROVA ROBUSTA E COERENTE PARA CONDENAÇÃO”

A expectativa do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) é de que será feita Justiça no júri popular dos seis acusados pelo assassinato da médica. “A sociedade de Vitória foi muito afetada com a morte de uma pessoa tão boa. Neste julgamento, vai ser demonstrada a concretização do mal que foi praticado”, assinalou o promotor de Justiça Leonardo Augusto de Andrade Cezar dos Santos, um dos três que acompanham o caso.

Ele recordou que Milena era pediatra oncologista e que, com ela, morreu a esperança de várias famílias de crianças com câncer por ela tratadas. “É um impacto para além da família da vítima. A maldade que consta nos autos é de desacreditar qualquer pessoa, pelo menosprezo com a vida humana. A prova contra os réus está robusta e coerente para uma condenação e o MPES está confiante”, destacou.

DEFESA DOS OUTROS RÉUS

O advogado Leonardo Gagno, que realiza a defesa de Hilário Frasson, avaliou que, apesar das graves acusações e da complexidade do processo, está confiante que a Justiça será realizada: “Durante o júri, a defesa terá a oportunidade de apresentar provas importantes, aclarar os fatos e demonstrar que a imagem do Hilário foi distorcida pela acusação".

Leonardo da Rocha de Souza, que também faz a defesa de Bruno Broeto, informou que a expectativa é de absolvição. “Será o nosso grande desafio. Bruno está muito angustiado e espero provar a sua inocência. Que a Justiça seja feita em relação a ele”, afirmou.

Alexandre Lyra Trancoso, que atua na defesa de Valcir, alegou que ele não participou do crime. “Queremos reverter a situação. Entendemos que ele não atuou como intermediário do crime”, assinalou.

Os advogados Davi Pascoal Miranda e David Marlon Oliveira Passos, que fazem as defesas de Esperidião e Hermenegildo, respectivamente, não foram localizados. Assim que a reportagem conseguir o contato, este texto será atualizado.

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