Publicado em 13 de abril de 2021 às 11:18
- Atualizado há 5 anos
A Prefeitura de São Mateus, município do Norte do Espírito Santo, divulgou nesta segunda-feira (12) que vai distribuir um kit de medicamentos para o "tratamento imediato" de pacientes com Covid-19 que inclui: azitromicina, ivermectina, dipirona, paracetamol, vitamina c, vitamina d, ambroxol e predinisolona. Alguns desses medicamentos não têm eficácia comprovada no tratamento contra o novo coronavírus e podem causar danos à saúde quando usados de modo incorreto. >
Em publicação nas redes sociais, feita nesta segunda-feira (12), a prefeitura anunciou a distribuição gratuita do kit de medicamentos. Segundo o Executivo municipal, o objetivo é que "enquanto o paciente espera pelo resultado do exame, possa se tratar, de forma gratuita, dos sintomas." Confira abaixo:>
Medicamentos como a ivermectina, por exemplo, não tem eficácia comprovada no tratamento contra a Covid-19. Em fevereiro deste ano a farmacêutica Merck, que no Brasil opera com o nome MSD e é responsável pelo desenvolvimento do medicamento, informou em comunicado que não há dados que sustentem o uso do remédio contra a doença.>
A recomendação original de uso da ivermectina presente em bula é voltada para tratamento de infecções causadas por parasitas. No Brasil, ao longo da pandemia, ganhou força a informação sem base científica de que o remédio seria eficaz contra a Covid-19.>
>
Antibióticos como a azitromicina, quando usados de forma incorreta, podem fazer casos de Covid-19 se agravarem e ainda tornarem as bactérias mais resistentes a esses fármacos. >
Em conversa com a reportagem de A Gazeta, o infectologista Lauro Ferreira Pinto afirma que as principais agências reguladoras do mundo, como a americana e a europeia, têm alertado para o uso indiscriminado de antibióticos em pacientes com Covid-19, como a Azitromicina, pelo risco de aumentar a resistência das bactérias. Ele aponta que as infecções bacterianas são secundárias no caso da Covid-19, e acontecem em menos de 20% dos pacientes que contraíram o coronavírus.>
Em conversa com a reportagem de A Gazeta, o secretário de saúde de São Mateus, Henrique Follador, explicou que a inciativa é sim da secretaria, baseada em um protocolo de saúde municipal. Ele frisou, no entanto, que os kits não são distribuídos livremente e que é necessária prescrição médica para consegui-los.>
"Tem o protocolo aqui. O paciente só pode pegar o kit com prescrição médica. É um ato médico, o médico que tem a consciência se vai receitar ou não", afirmou.>
Questionado sobre a falta de comprovação científica de alguns dos fármacos presentes no kit, Follador frisou que os medicamentos já são adquiridos normalmente pela prefeitura, para o tratamento de outras doenças como infecções e tratamento de verme. O secretário afirmou ainda que a distribuição gratuita dos kits não tem a ver com excesso de estoques por parte da prefeitura:>
"Não tem a ver com o estoque. Nós temos uma média de dispensação, que é a quantidade de medicamentos que sai por ano, e a compra desses medicamentos está dentro dessa média. Há um segmento da população que cobra por esses medicamentos. Outros municípios também fizeram igual", disse.>
Sobre gasto de recursos financeiros pela prefeitura para a aquisição desses fármacos, Follador afirmou que não há gasto excedente na compra dos medicamentos e que os remédios utilizados são os que o município já possui. >
Segundo dados do Painel Covid-19, atualizado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), São Mateus registrou até o momento 8.652 casos confirmados da doença, 7.762 casos curados e 181 óbitos. A taxa de letalidade no município é de 2,1%, acima da taxa estadual que está em 2,0%.>
*Com informações da Agência Estado>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta