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Hilário ligou para Milena antes do crime e sinalizou sua localização para atirador

Hilário ligou para Milena antes do crime e sinalizou sua localização para atirador

Segundo delegado, Hilário ligou para a médica Milena Gottardi para saber onde ela estava minutos antes do crime. Em seguida avisou ao pai, que ligou para um comparsa que estava com o atirador no estacionamento do Hucam

Publicado em 25 de agosto de 2021 às 16:39

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Caso Milena Gottardi
Pronto Socorro do Hospital Universitário Cassiano Antonio de Moraes (HUCAM): local em que Milena Gottardi foi morta. ( Fábio Vicentini/Arquivo A Gazeta/Arte Geraldo Neto)
Rafael Silva
Repórter de Política / [email protected]

O delegado Janderson Lube, que presidiu o inquérito sobre o assassinato da médica Milena Gottardi, disse no julgamento do caso, nesta quarta-feira (25), que o ex-policial Hilário Frasson ligou para a ex-esposa minutos antes do crime e, ao encerrar a ligação, telefonou para o pai, Esperidião Frasson, para que ele avisasse ao atirador que a vítima estava saindo do hospital.

Hilário ligou para Milena antes do crime e sinalizou sua localização para atirador

Segundo o delegado, a perícia no telefone celular de Hilário Frasson, apreendido pela Polícia Civil, levou à dinâmica da rede organizada para matar Milena. Após ser avisado pelo filho que a nora estava deixando o hospital, Esperidião ligou para Valcir da Silva Dias, apontado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) como intermediário entre os mandantes do crime e o homem responsável por atirar em Milena.

Valcir estava no local do crime, o estacionamento do Hucam, em Vitória, em um carro junto com outro intermediário, Hermenegildo Palauro Filho, conhecido como "Judinho". Lá, eles teriam avisado ao atirador, Dionathas Alves Vieira, que Milena estava de saída do local de trabalho.

O delegado também constatou que o contato de Valcir no celular de Hilário havia sido apagado um dia antes do crime. Foi só por conta disso, segundo ele, que Hilário não ligou direto para o comparsa e, sim, para o pai, a fim de que ele avisasse os demais réus, que estavam no estacionamento do hospital.

A dinâmica da relação entre os seis réus foi confirmada pelo delegado ao constatar que haviam ligações entre Valcir e Hermenegildo, no celular apreendido com Valcir, e entre Hermenegildo e Dionathas, no aparelho apreendido com Hermenegildo.

O delegado ainda afirmou que chamou sua atenção o fato de que Hilário Frasson acessou conteúdos pornográficos em seu celular no mesmo dia em que foi ao Departamento Médico Legal (DML) reconhecer o corpo da ex-esposa. Milena havia morrido 48 horas antes. De acordo com Lube, Hilário pesquisava por termos como “esposa” e “loirinha”. Também foi constatado que ele fez contato com uma garota de programa “seis ou sete dias” depois do crime, de acordo com o delegado.

Janderson contou também que durante a investigação percebeu que Hilário chegou a pedir uma outra linha telefônica, que seria utilizada em um outro aparelho, mas, por conta de alguma dificuldade durante o cadastro, acabou voltando a utilizar a linha usual.

Para o delegado, a relação entre Hilário e Milena passou de amor para o ódio, após o divórcio.

“Ele passou por um processo de desvalorização da Milena. Ele dizia que a amava, mas passou a desvalorizá-la. Quando você ama uma pessoa, se ela morre, você não vai acessar um conteúdo pornográfico poucos dias depois. Acho que ele já não nutria sentimentos pela Milena a não ser o ódio”, concluiu Lube.

ENTENDA O CASO

A médica Milena Gottardi, 38 anos, foi baleada no dia 14 de setembro de 2017, quando encerrava um plantão no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam), em Maruípe, Vitória. Ela havia parado no estacionamento para conversar com uma amiga, quando foi atingida na cabeça.

Socorrida em estado gravíssimo, a médica teve a morte cerebral confirmada às 16h50 de 15 de setembro.

As investigações da Polícia Civil descartaram, já nos primeiros dias, o que aparentava ser um assalto seguido de morte da médica (latrocínio). Naquele momento as suspeitas já eram de um homicídio, com participação de familiares.

Ao liberar o corpo de Milena no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, Hilário teve a arma e o celular apreendidos pela polícia. Ele não foi ao velório e enterro, que aconteceram em Fundão, onde Milena nasceu.

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