Carro da médica Milena Gottardi Frasson, 38 anos, que foi atingida com tiros na cabeça, no estacionamento do Hucam 
Carro da médica Milena Gottardi Frasson, 38 anos, que foi atingida com tiros na cabeça, no estacionamento do Hucam . Crédito: Edson Chagas/Arquivo A Gazeta/Arte Geraldo Neto

Vídeo mostra os passos de Milena até o executor do seu assassinato

Imagens divulgadas pela Polícia Civil, em 2017, mostram Milena conversando com uma amiga antes de seguir para o estacionamento do Hucam, onde foi baleada.  Vídeo também mostra carros dos intermediadores e executor do crime

Tempo de leitura: 4min
Vitória
Publicado em 24/08/2021 às 11h27

Era apenas mais um dia de trabalho que chegava ao fim. Ao lado de uma amiga, Milena Gottardi deixava o plantão no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Morais (Hucam), em Vitória, onde atuava como hematologista.  Por alguns minutos parou em uma calçada, para um bate-papo, próximo a um poste. Era 14 de setembro de 2017 e aqueles foram os últimos momentos de vida da médica, que pouco depois foi baleada e teve sua morte  declarada no dia seguinte.

O vídeo foi divulgado pela Polícia Civil em 18 de outubro de 2017, quando o inquérito que apurava o crime foi concluído. Nas imagens é possível ver que um carro passa pelo local. Nele estavam Valcir da Silva Dias e Hermenegildo Palauro Filho, o Judinho. É o momento, segundo as investigações, que a dupla mostrava ao executor, Dionathas Alves Vieira, quem era a médica que seria morta. Logo depois, eles deixam o hospital.

Milena então segue para o estacionamento com a amiga, e lá encontra Dionathas, que em um assalto simulado atira na médica e foge do local, em uma moto. O socorro é prestado pela amiga, também médica.  Confira o vídeo:

MÉDICA ATUAVA EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS

De acordo com a família, Milena fez três residências médicas — pediatria, hematologia e oncologia — e atuava em dois hospitais públicos, o Hucam e o Hospital Infantil de Vitória, atendendo crianças que lutavam contra o câncer. Também realizava trabalhos voluntários para a Associação Feminina de Educação e Combate ao Câncer (Afecc).

Em São Paulo, ela fez residência no Instituto de Tratamento do Câncer Infantil de São Paulo (Itaci). “Ela fez muitos contatos e conseguia encaminhar vários pacientes para o Itaci, para tratamentos que só tinha lá”, conta Shintia Gottardi, prima da médica.

Lembra ainda que Milena tinha muito apego aos pacientes. “Era uma pessoa muito humana, que adorava o trabalho, que chorava junto ou comemorava as conquistas dos pacientes. Vivia tudo com eles. Não deixava transparecer aos pacientes ou para as filhas as dificuldades que estava enfrentando”, recorda a prima.

CRIME E JULGAMENTO

Seis pessoas foram apontadas como as responsáveis pelo assassinato da médica, entre elas o ex-marido de MIlena, Hilário Frasson, hoje um ex-policial civil. Todos começaram a ser julgados na segunda-feira (23), no Fórum Criminal de Vitória.

MPES: “COM ELA MORREU A ESPERANÇA DE VÁRIAS FAMÍLIAS”

O promotor Leonardo Augusto de Andrade Cezar dos Santos, um dos três que acompanham o caso, destaca que junto com Milena morreu a esperança de várias famílias de crianças com câncer por ela tratadas. “É um impacto para além da família da vítima. A maldade que consta nos autos é de desacreditar qualquer pessoa, pelo menosprezo com a vida humana”, destaca.

A expectativa do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) é de que será feita Justiça no júri popular dos seis acusados pelo assassinato da médica. “A sociedade de Vitória foi muito afetada com a morte de uma pessoa tão boa. Neste julgamento vai ser demonstrado a concretização do mal que foi praticado”, assinala o promotor.

A EXPECTATIVA DO ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO

Renan Sales, que atua no processo como assistente de acusação, representando a família da vítima, destaca que não há dúvidas sobre a condenação dos réus. “Todas a prova produzida ao longo do processo não deixa dúvidas de que os seis réus foram os responsáveis pelo feminicídio que vitimou a médica Milena Gottardi”, atesta. Confira o vídeo:

DEFESA DOS RÉUS

O advogado Leonardo Gagno, que realiza a defesa de Hilário Frasson, informa que apesar das graves acusações e da complexidade do processo está confiante que a Justiça será realizada. “Durante o júri, a defesa terá a oportunidade de apresentar provas importantes, aclarar os fatos e demonstrar que a imagem do Hilário foi distorcida pela acusação.”

Leonardo da Rocha de Souza, que faz as defesas de Dionathas e Bruno, fez  uma última visita aos réus na sexta-feira (20) para conversa e orientação.

Rocha relata que, em relação a Bruno, a expectativa será a sua absolvição. “Será o nosso grande desafio. Ele está muito angustiado e espero provar a sua inocência e que a Justiça seja feita em relação a ele”, destaca.

Já Dionathas, réu confesso, quer prestar os esclarecimentos. “Espero que ele tenha tranquilidade para esclarecer todos os fatos”, pontua Rocha.

Alexandre Lyra Trancoso, que realiza a defesa de Valcir, assinala que ele não participou do crime. “Queremos reverter a situação. Entendemos que ele não atuou como intermediário do crime."

Os advogados Davi Pascoal Miranda e David Marlon Oliveira Passos, que fazem as defesas de Esperidião e Hermenegildo, respectivamente, não foram localizados. Assim que a reportagem conseguir o contato, esta matéria será atualizada com as informações deles.

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