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Evasão, tecnologia e perda de aprendizagem: a educação pós-pandemia

Evasão, tecnologia e perda de aprendizagem: a educação pós-pandemia

Próximo presidente do Conselho Nacional de Educação, o secretário Vitor de Angelo citou os desafios e explicou como funcionará a nova frente especial no país

Publicado em 12 de novembro de 2020 às 21:59

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Vitor de Angelo (sem partido) é secretário estadual de Educação
Além de Secretário de Educação do Espírito Santo, Vitor de Angelo foi eleito presidente do Consed nessa terça-feira (10). (Carlos Alberto Silva)

Primeiro capixaba a ser eleito presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), o secretário Vitor de Angelo vai assumir o cargo em um momento bastante desafiador para o ensino público brasileiro – que mesmo antes da pandemia do novo coronavírus já enfrentava enormes desafios.

Com base nos problemas do presente e de olho no futuro próximo, com a posse em fevereiro de 2021, ele listou as principais vertentes que precisarão ser trabalhadas em todo o país, em maior ou menor nível, pelos próximos anos: o acesso à tecnologia, a evasão escolar e o prejuízo no processo de aprendizagem.

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Essas três coisas são válidas para todos e estão postas de maneira muito clara desde agora. Pegaremos a continuidade da pandemia e as consequências no período pós-pandemia. Isso se soma a todos os desafios já conhecidos da educação brasileira

Vitor de Angelo
Secretário de Educação do Espírito Santo e próximo presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed)
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De acordo com ele, os problemas relacionados à tecnologia passam pela cultura digital, pelo acesso e chegam até os equipamentos propriamente ditos – fatores muito importantes para o ensino remoto, que foi amplamente aderido neste ano e que, por si só, acarretou déficits no processo de aprendizado.

"Por mais que as redes municipais e estaduais tenham se esforçado, nós não substituímos as escolas com o que implementamos. Chegamos o mais perto possível dentro do que tínhamos à nossa disposição, mas isso não contempla o todo. Não passamos das escolas ao ensino remoto como se nada tivesse acontecido", afirmou.

Volta às aulas nas escolas de nível fundamental - Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Major Alfredo Pedro Rabaioli, no bairro Mário Cypreste, em Vitória
Adaptações na educação já são necessárias e devem ir além do uso de máscara e do distanciamento social. (Fernando Madeira)

Consequentemente, o vínculo do aluno com a escola ficou mais frágil, igual à situação financeira de milhares de famílias. O resultado? Uma maior evasão. "O lapso de tempo tão grande de escolas fechadas e a crise econômica levam muitos jovens para o mercado de trabalho, que concorre com a escola", disse Vitor de Angelo.

Segundo ele, só o Espírito Santo tinha cerca de 25 mil jovens em idade escolar que não estavam matriculados no Ensino Médio. "Tudo indica que esse número aumentará. O trabalho, normalmente precário e informal, concorre com a vida escolar e normalmente vence essa disputa. Nós já sabemos disso", adiantou.

FRENTE ESPECIAL PARA TRATAR O PÓS-PANDEMIA: EM BUSCA DE SOLUÇÕES

Ciente dos cenários atual e futuro quando apresentou a candidatura à presidência do Consed, o secretário Vitor de Angelo propôs a "Frente de Trabalho Especial para Tratar o Pós-pandemia". O objetivo é compartilhar e coordenar as soluções para todos esses – e outros – problemas iminentes à educação.

"É especial porque acho que é transitória. A ideia é criar uma frente que vai, de uma forma transversal, coordenar uma agenda com a identificação dos principais problemas, das principais consequências da pandemia e, diante disso, do que nós podemos fazer em termos de políticas públicas", esclareceu.

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Será um cordão para alinhavar as atividades de outras frentes com ações que não estão contempladas, sempre com um foco específico em enfrentar os desafios da pandemia, que são variados e muito grandes em termos nacionais

Vitor de Angelo
Secretário de Educação do Espírito Santo e próximo presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed)
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Como possíveis soluções, ele citou atitudes que já são ou que devem ser adotadas no Espírito Santo, tais como a extensão da carga horária, a criação de um quarto ano para o Ensino Médio, aulas de reforço e um programa de busca ativa de alunos. "Mas tudo isso depende da realidade de cada Estado", garantiu.

"Quais contribuições o ES pode dar e quais pode receber? Também há várias organizações dispostas a ajudar. É preciso ver até que medida é possível homogeneizar e como o Ministério da Educação (MEC) pode nos ajudar nesse desafio, que é enorme e de todos. Tudo isso vai ser o ponto de partida para nós no ano que vem", concluiu.

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