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Defesa diz que casal capixaba não sabia que remédios eram roubados

Defesa diz que casal capixaba não sabia que remédios eram roubados

Danilo Campagnollo, advogado de Julianna Ritter e Gleidson Lopes, detalhou como o nome do casal foi envolvido no caso investigado pela Polícia Civil de São Paulo

Publicado em 22 de janeiro de 2024 às 14:04

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Gleidson Lopes e Julianna Zitter são suspeitos de receptar e vender remédios roubados
Gleidson Lopes e Julianna Ritter são suspeitos de comprar e vender remédios roubados . (Reprodução / TV Globo)
João Barbosa
Repórter / [email protected]

A defesa do casal do Espírito Santo apontado como compradores de remédios voltados para o tratamento de câncer roubados de órgãos públicos de saúde de Campinas, no interior de São Paulo, afirma os clientes não tinham conhecimento sobre o suspeito esquema, revelado pelo Fantástico.

Danilo Campagnollo, advogado de Julianna Ritter e Gleidson Lopes, detalhou à reportagem de A Gazeta como o nome do casal foi envolvido no caso investigado pela Polícia Civil de São Paulo.

Julianna era, até então, assessora parlamentar do deputado estadual Danilo Bahiense (PL). Mas, segundo a Assembleia Legislativa do Espírito Santo, ela será exonerada do cargo.

“Juliana não sabe nada de nada. O Gleidson tem uma ONG [na Serra], que, inclusive, não tem relação nenhuma com o esquema, como foi divulgado por outros portais de notícia. Em algumas oportunidades, o Gleidson comprou, sim, remédios pela internet, e ele doava e vendia para pessoas que sabia que precisava”, disse o advogado.

Defesa diz que casal capixaba não sabia que remédios eram roubados

De acordo com Campagnollo, Gleidson tinha contato com Michael Carvalho, apontado como líder do esquema ilegal, que alegava que os medicamentos “eram sobras de tratamentos de pessoas que não usavam mais os remédios”.

A ONG citada por Danilo é nomeada como ‘Projeto Coração Amigo’, situada na Serra e voltada para auxílio a pessoas com dificuldade de locomoção. “Nessa ONG, o Gleidson é gestor e restaura cadeiras de rodas para disponibilizar para as pessoas que precisam”, explica a defesa.

De acordo com Danilo, Gleidson, sem ter conhecimento dos atos ilegais, tinha contato apenas com Michael, responsável por vender os remédios desde Campinas. “Por dez ou onze vezes, o Gleidson comprou remédios entre novembro e dezembro do último ano. Ele doava, e às vezes vendia para uma pessoa ou outra”, complementou.

Questionado sobre o carimbo estampado nas caixas de remédio sinalizando que a venda era proibida ao comércio, Danilo Campagnollo diz que o cliente assume a responsabilidade pelo fato.

“Por ser um remédio controlado, ele assume a responsabilidade pela venda, mas ele nem sequer conhecia essas pessoas envolvidas no esquema. Ele achava que a procedência era lícita, nunca soube do desvio”, sinaliza o advogado, acrescentando que Julianna não tem nenhum conhecimento sobre o possível esquema.

Como se explicam as transações bancárias e carro em nome de Julianna?

Uma reportagem divulgada pelo “Fantástico”, da TV Globo, na noite do último domingo (21) mostrou comprovantes de pagamento feitos para contas em nome dela e da empresa da qual ela é sócia, a Saúde e Vida Comércio e Representações, de produtos hospitalares, além de um carro avaliado em mais de R$ 200 mil.

“Todas essas identificações por meio de mensagens não são do celular da Julianna. O Gleidson, por ter uma restrição no CPF, usava as contas dela e da empresa para fazer movimentações financeiras que eram intermediadas com o Michael. Gleidson nunca soube que o Michael tinha um sogro que trabalhava na área da saúde de Campinas”, afirma o advogado.

Ainda de acordo com a investigação, Michael usava um carro avaliado em mais de R$ 200 mil, que estava registrado em nome de Julianna. A defesa também afirma que a assessora parlamentar não tem conhecimento sobre o veículo e que a responsabilidade seria de Gleidson.

"Esse carro veio [para Campinas] por meio do caminhão cegonha e o Michael ficou incumbido de vender e ganharia um valor de comissão por vender esse carro aqui", disse o advogado.

De acordo com Danilo, o casal pretende se preservar sobre o assunto e está à disposição da polícia para colaborar com as investigações. “Aguardamos receber uma intimação. Por conta do clamor do caso, já fizemos uma petição apresentada à autoridade policial com a versão deles diante dos fatos”, finalizou o advogado.

Como o crime foi descoberto?

Em dezembro de 2023, uma diretora do Departamento Regional de Saúde de Campinas procurou a Polícia Civil de São Paulo para relatar o desaparecimento de 79 caixas de medicamentos da unidade.

O remédio em questão era o Pembrolizumabe 25MG/ML que, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é utilizado no tratamento de diversos tipos de câncer. Na época, o furto totalizou um prejuízo de R$ 1.137.706,65 aos cofres públicos. O advogado do casal do Espírito Santo nega que Julianna e Gleidson estejam envolvidos nesse desvio em questão.

Com a investigação, a polícia descobriu que um servidor, identificado como José Carlos dos Santos, era o suposto responsável por desviar os remédios do estoque. Já Gabriela Carvalho, enteada de José Carlos, despachava, de acordo com as autoridades, os medicamentos no aeroporto com o auxílio do marido Michael Carvalho, apontado como o chefe da organização e responsável por tratar a venda dos remédios, segundo a Polícia Civil de São Paulo.

Maria do Socorro, esposa de José Carlos, usava suas contas bancárias para movimentar o dinheiro oriundo da venda ilegal, como revelam as investigações. No telefone de Maria, foram encontrados vários comprovantes de transferência para Julianna e para a empresa na qual ela é sócia, como mostrou o Fantástico.

José Carlos, Maria do Socorro e Gabriela foram presos pela polícia de São Paulo. Michael não foi encontrado e está foragido.

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