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Crise dos leitos: entenda como a falta de vagas atinge a rede privada no ES

Crise dos leitos: entenda como a falta de vagas atinge a rede privada no ES

De acordo com o Sindhes, a ocupação dos leitos na rede privada é de cerca de 90% no Estado

Publicado em 18 de março de 2021 às 11:24- Atualizado há 3 anos

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Aumento de leitos de UTI para atendimento no SUS deverá ultrapassar 100% no RS
Estado conta com 770 leitos de UTI para tratar doentes com Covid-19. (Divulgação/ Secretaria Saúde RS)
Autor - Isaac Ribeiro
Isaac Ribeiro
Repórter de Cotidiano / [email protected]

O aumento de internações de pacientes infectados pelo novo coronavírus tem causado o colapso do sistema de saúde em diversos estados brasileiros. Na rede pública do Espírito Santo, a taxa de ocupação de leitos de UTI especializados no tratamento da Covid-19 é de 90,26%. Já na enfermaria, o índice é de 83,24%. Os dados foram coletados nesta quinta-feira (18).

Assim como acontece na rede pública, via Sistema Único de Saúde (SUS), a rede de hospitais particulares do Espírito Santo também já enfrenta dificuldades quanto à oferta de leitos aos conveniados. De acordo com Manoel Gonçalves Carneiro, superintendente do Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Espírito Santo (Sindhes), a ocupação de leitos na rede privada é de 90%.

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Não fazemos distinção de leitos, mas as vagas destinadas a tratar pacientes com Covid-19 significam 60% do total. Os outros 40% são para atender outras doenças. A taxa de ocupação está subindo. Dos leitos disponíveis para tratar pacientes com Covid, o índice chega a 90%. Esses números mudam diariamente

Manoel Gonçalves Carneiro
Superintendente do Sindhes
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Segundo o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, planos de saúde de outros Estados solicitaram ajuda ao SUS no Espírito Santo para acolher e internar pacientes. O fato foi revelado durante entrevista à rádio CBN Vitória na última quinta-feira (11).

"Planos de saúde de outros Estados me procuraram solicitando apoio para atender pacientes deles no SUS no Espírito Santo. Já temos diversos Estados cotidianamente solicitando apoio e ajuda e, infelizmente, nós estamos, neste momento, sem condições de poder abrir vagas para atender pessoas de fora”, disse, na ocasião.

UNIFICAÇÃO DO SUS E REDE PRIVADA

Os médicos explicam que a disponibilidade de leitos tanto na rede pública quanto na privada estão relacionadas porque no Brasil há o conceito de Sistema Único de Saúde (SUS). Assim como os governos contratam leitos na rede particular, os planos de assistência médica reembolsam o SUS quando necessitam de uma vaga em algum hospital público.

Na avaliação do cardiologista intensivista Henrique Bonaldi, "a  falta de leitos nos indivíduos da rede privada tem o mesmo nível de repercussão na falta de leitos na rede pública". Ele é um dos profissionais que atuam na linha de frente do combate à doença.

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Estamos chegando a um nível que não tem vaga para ninguém. Os leitos não destinados à Covid-19 estão lotados porque as doenças não pararam e os leitos destinados à Covid estão ficando lotados. Então, infelizmente, vamos chegar a um colapso da saúde que está anunciado desde março, abril do ano passado

Henrique Bonaldi
Médico cardiologista intensivista
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Henrique Bonaldi, médico e professor universitário, fala sobre coronavírus
Henrique Bonaldi, médico e professor universitário, fala sobre coronavírus. (Reprodução / Vídeo)

Leonardo Goltara, medico intensivista e emergencista, atende pacientes infectados com o novo coronavírus. Segundo ele, mesmo em situações normais, fora da realidade de uma pandemia, a rede privada já opera com "certa lotação". Por isso, neste momento, ele defende ainda mais a manutenção do distanciamento social, uso de máscara e higiene regular das mãos com álcool 70%.

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Estamos com tudo lotado nos hospitais privados. Sejam de pacientes da rede pública ou privada. A quantidade de dinheiro ou quão caro é o plano de saúde que a pessoa tem está ficando irrelevante simplesmente porque não tem leito. A saída é se cuidar e ficar em casa neste momento crítico

Leonardo Goltara
Médico intensivista e emergencista
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Em uma publicação feita em sua rede social nesta quarta-feira (17), o médico ginecologista e obstetra Fernando Guedes Cunha disse que foi visitar uma gestante que estava internada no Hospital Unimed Vitória, na Capital, na manhã desta quarta. A mulher aguardava transferência para a UTI de uma maternidade. Segundo ele, ela apresenta suspeita de reinfecção pela Covid-19.

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Fui ao Cias (Unimed) olhar essa paciente pela manhã. É desesperador a quantidade de gente que está sendo intubada na emergência e sem vaga de UTI. A sobrecarga que os profissionais estão passando. Está parecendo fila indiana. Intuba um aqui, outro começa a reclamar ali, vai olhar os aparelhos está tudo baixo e começa o protocolo de intubação

Fernando Guedes Cunha
Ginecologista e obstetra
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O QUE DIZEM AS EMPRESAS

REDE MERIDIONAL

Questionada sobre as ações desenvolvidas para garantir leitos aos conveniados, a Rede Meridional informa que "nunca praticou remanejamento de pacientes com ou sem diagnóstico de Covid-19 para unidades do sistema público." 

Sobre o acesso aos leitos para pacientes que testaram positivo para a doença, a Rede disponibilizou um acréscimo de 20 novos leitos de UTI (10 no Meridional Serra e 10 no Meridional Cariacica).

"Estamos atuando no sentido de remanejar leitos de unidades abertas (apartamentos e enfermarias) a fim de continuarmos viabilizando a prestação de toda a assistência necessária aos pacientes, conforme demanda e respectivas necessidades", destaca.

MEDSÊNIOR

A MedSênior também não solicitou o remanejamento de pacientes para a rede pública e garantiu que não tem recebido pessoas de outros estados. "Diante do crescimento de casos de Covid-19 no Estado e consequente aumento da demanda, o hospital realizou adaptações em sua estrutura. A UTI Geral e alguns leitos de Enfermaria foram transferidos para o segundo andar da unidade, com o objetivo de apoiar o atendimento de pacientes infectados pelo novo coronavírus", comunica.

UNIMED VITÓRIA

Também por nota, a Unimed Vitória informou respondeu que tem feito esforços para responder a alta demanda que enfrenta em um ponto crítico da pandemia. Desde o início da disseminação da Covid-19, a cooperativa garante que tem preparado suas unidades próprias, rede prestadora e seus profissionais para atenderem de forma eficiente e segura a todos os seus usuários.

"Contudo, é imprescindível que a sociedade respeite a quarentena e o novo protocolo sanitário implantado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), para que toda a rede de saúde do Estado possa voltar a níveis normais de atendimento à população. A cooperativa salienta que continua enviando regularmente à Sesa, órgão responsável por repassar as informações oficiais sobre a pandemia, todos os dados relacionados aos leitos do seu hospital", finaliza.

UNIMED SUL CAPIXABA

A Unimed Sul Capixaba informa que trabalha com um planejamento que permite a adequação de sua estrutura hospitalar de acordo com a evolução local da pandemia. O atendimento de casos suspeitos de Covid-19 ocorre no Ambulatório de Síndrome Gripal, na unidade hospitalar do Centro de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, que dispõe de unidades de internação de enfermaria.

Casos graves da doença são encaminhados para uma ala exclusiva no Hospital Unimed, na Rodovia Cachoeiro x Safra, também em Cachoeiro, que dispõe de leitos de UTI e de contingência, que podem ser acionados em caso de necessidade. As unidades da Unimed Sul Capixaba também estão aptas a atenderem clientes de outras Unimeds.

A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que, no Espírito Santo, apenas 30,9% da população têm plano de assistência médica ou odontológica. Desse modo, a maioria dos moradores do Estado depende do SUS para quaisquer procedimentos.

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