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Caso Milena: Hilário e Esperidião estão sofrendo "linchamento moral", diz advogado

Caso Milena: Hilário e Esperidião estão sofrendo "linchamento moral", diz advogado

Advogado do ex-sogro da médica disse ao júri que a má fama de matador de Espiridião é uma fake news criada em Fundão

Publicado em 30 de agosto de 2021 às 15:55

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Caso Milena Gottardi
Milena Gottardi (centro), médica oncologista, morta com um tiro na cabeça no estacionamento da Hucam. (Farley Sil/Arte Geraldo Neto)

O advogado Davi Pascoal Miranda, que defende Esperidião Frasson no julgamento dos seis réus pela morte da médica Milena Gottardi, afirmou ao júri nesta segunda-feira (30) que o ex-sogro da vítima e seu filho, Hilário Frasson, ex-marido de Milena, estão sofrendo um "linchamento moral". Ambos são apontados pelo Ministério Público Estadual (MPES) como os mandantes do feminicídio.

Em sua sustentação durante a fase de debates do julgamento, que está no oitavo dia, Davi Pascoal Miranda ainda afirmou que a "fama de matador de Esperidião é uma fake news criada em Fundão". Testemunhas já afirmaram ao júri que Milena tinha medo do ex-sogro por causa dessa fama. Acompanhe o julgamento em tempo real aqui.

O advogado destacou que o julgamento tem foco na causa, ou seja, na acusação do crime contra Milena, e não um "julgamento moral dos indivíduos".

"Estamos assistindo neste caso um linchamento moral, principalmente dos apontados como mandantes. O Código de Processo Penal traz que os jurados não estão aqui para julgar o indivíduo, estão aqui para julgar a causa. Engana-se quem pensa que no Júri Popular acontece como era no passado, onde coisas mirabolantes. São juízes de fato, do fato aqui apresentado e não juízes das vidas dos réus", afirma.

Davi Pascoal afirmou ainda que que a má fama que Esperidião tinha entre os moradores de Fundão é baseada em um boato de que ele teria arrastado uma pessoa pelo cavalo. O advogado afirma que não há registros que o caso seja verdadeiro, já que não se sabe quem era a vítima e nem processo penal contra ele.

"Se ele fosse tão bravo, ele não teria tido a casa assaltada em Fundão. Eu procurei e perguntei às testemunhas, se sabiam quem era que foi arrastado, quando aconteceu, mas ninguém sabe, ninguém viu, é tudo por ouvir dizer. Ou seja, é uma fofoca, o que hoje chamamos por fake news, mas estava na primeira representação contra Esperidião", afirmou.

O advogado de Esperidão foi o penúltimo a fazer a sua sustentação oral na fase de debates. Ainda falta a defesa de Hilário defender sua tese. A expectativa é que a sentença seja prolatada ainda nesta segunda.

ENTENDA O CASO

A médica Milena Gottardi, 38 anos, foi baleada no dia 14 de setembro de 2017, quando encerrava um plantão no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam), em Maruípe, Vitória. Ela havia parado no estacionamento para conversar com uma amiga, quando foi atingida na cabeça.

Socorrida em estado gravíssimo, a médica teve a morte cerebral confirmada às 16h50 de 15 de setembro.

As investigações da Polícia Civil descartaram, já nos primeiros dias, o que aparentava ser um assalto seguido de morte da médica (latrocínio). Naquele momento as suspeitas já eram de um homicídio, com participação de familiares.

Ao liberar o corpo de Milena no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, o ex-policial civil Hilário Frasson teve a arma e o celular apreendidos pela polícia. Ele não foi ao velório e enterro, que aconteceram em Fundão, onde Milena nasceu.

Os dois primeiros suspeitos foram presos, no dia 16 de setembro de 2017: Dionathas Alves Vieira, que confessou ter atirado contra a médica para receber R$ 2 mil; e Bruno Rodrigues Broeto, acusado de roubar a moto usada no crime. O veículo foi apreendido em um sítio, onde foram queimadas as roupas do executor. 

Em 21 de setembro de 2017, o sogro de Milena, Esperidião Carlos Frasson, foi preso, suspeito de ser o mandante do crime. Também foi detido o lavrador Valcir da Silva Dias, suspeito de ser o intermediário. Na mesma data, o ex-marido Hilário Frasson foi preso. 

O último a ser detido foi Hermenegildo Palauro Filho, o Judinho, em 25 de setembro de 2017, apontado como intermediário. Ele tinha fugido para o interior de Aimorés, em Minas Gerais.

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