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Álcool 70% com rótulo de venda proibida ao público: pode comprar?

Álcool 70% com rótulo de venda proibida ao público: pode comprar?

Comercialização foi banida em 2002 no Brasil, mas pandemia do novo coronavírus motivou o retorno do produto aos mercados; entenda os riscos

Publicado em 9 de agosto de 2020 às 15:31

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Embalagem de álcool líquido 70% indica:
Embalagem de álcool líquido indica: "proibida venda ao público". (Leitor de A Gazeta)

Se você prestar atenção e ler o rótulo do álcool 70% vendido em supermercados e outros estabelecimentos comerciais, provavelmente vai encontrar algum aviso indicando que o produto é de “venda proibida ao público”. Então, como ele foi parar dentro das casas? Ele pode ser usado? De que forma proceder?

Essas foram as dúvidas que surgiram para uma dona de casa que mora em Jacaraípe, na Serra. Durante a noite de quinta-feira (6), ela leu as informações da embalagem quando já estava na cama, por mera coincidência. Em seguida, ela alertou a própria família, que tinha feito a compra.

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Estava escrito que a venda é proibida. Isso me chamou a atenção. Dizia que era um desinfetante hospitalar para superfícies fixas. Fiquei com medo de ser algum trambique e de faltar para os hospitais. Nem vou usar

Dona de casa
Moradora de Serra, que preferiu não ser identificada
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Produtos com informações similares também foram comprados por, pelo menos, mais dois leitores de A Gazeta, nas cidades de Vila Velha e Vitória.

Por causa do alto número de acidentes, o álcool líquido na concentração 70% realmente teve a comercialização impedida em 2002. Mas, apesar do que indica o rótulo, o Procon de Vitória explica que a comercialização está permitida.

Segundo o órgão de defesa do consumidor, por conta da pandemia da Covid-19, a  Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma resolução, em março deste ano, liberando a fabricação e a venda do álcool líquido a 70% para ser usado como desinfetante sem autorização prévia do órgão. 

O Procon informou, ainda, que as mudanças valem por seis meses para auxílio no combate ao coronavírus. No entanto, a liberação da Anvisa vale para a venda do produto apenas em embalagens de até um litro.

CUIDADO: QUEIMADURAS JÁ AUMENTARAM 30% NO ES

Devido à volta do produto de alto poder inflamável à casa dos capixabas, o número de pessoas que sofreram queimaduras aumentou aproximadamente 30% no Espírito Santo, entre os meses de março e junho deste ano. O número que serve de alerta foi um dos assuntos abordados na manhã de sexta-feira (7) na rádio CBN Vitória.

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78% dos acidentes com álcool acontecem dentro de casa; e 40% das queimaduras foram sofridas por crianças. Muita gente não sabe, mas o álcool em gel também entra em combustão. É preciso ter muito cuidado e utilizá-lo apenas quando necessário

Ariosto Santos
Médico cirurgião plástico
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Presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras do Espírito Santo, o médico Ariosto Santos alerta que o álcool 70% só deve ser usado em locais em que não há possibilidade de lavar as mãos. “Em casa, você tem água e sabão, que é igualmente eficaz. Além de ser mais barato e seguro”, garantiu.

46% de concentração
de álcool era o nível permitido para que os produtos pudessem ser comercializados, antes da pandemia

Mas, enquanto o produto for necessário, é preciso tomar cuidados. “Não dá para deixar o pano molhado com álcool perto do fogão ou mexer com fogo logo após passar álcool nas mãos. O frasco também deve ser armazenado longe de fontes de calor e fora do alcance de crianças”, explicou Ariosto.

ORIENTAÇÕES DE SEGURANÇA

Procurada por A Gazeta, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou uma série de recomendações que a população capixaba deve ter para que o manejo do álcool líquido ou em gel seja seguro. Além de ler as instruções de uso do rótulo do produto, todos devem:

  • Observar o prazo de validade, que é de apenas seis meses para o álcool fabricado de maneira simplificada;
  • Manter o produto em temperatura ambiente, que é de 15ºC a 30ºC;
  • Deixá-lo afastado do fogo, do calor, da umidade e de crianças;
  • Utilizar o álcool apenas em ambientes externos.

O rótulo do produto também deve conter informações como razão social, número do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), endereço e telefone do fabricante. Além da formulação qualitativa completa. Para verificar a procedência, é possível consultar a situação da empresa pelo site da Anvisa.

FISCALIZAÇÃO

O Procon de Vitória informou, por meio de nota, que já faz a fiscalização rotineiramente com base na resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que publicou, em março, o documento que libera a fabricação e a venda de produtos como álcool gel e desinfetantes sem autorização prévia do órgão.

O órgão explicou que as mudanças valem por seis meses para auxílio no combate do coronavírus. O objetivo, segundo o Procon da Capital, é aumentar a oferta no mercado de álcool gel, etílico 70% (p/p); etílico glicerinado 80% e isopropílico glicerinado 75%, além do digliconato de clorexidina 0,5%. 

Além do Procon de Vitória, a Vigilância Sanitária do município (Visa) informa que também realiza inspeção de monitoramento das exigências sanitárias constantemente nos supermercados do município. Os dois órgãos orientam que os moradores façam as denúncias pelo Fala Vitória, 156, no telefone ou pelo pelo aplicativo do Procon.

Já o Procon da Serra destacou que os consumidores que se sentirem lesados podem tirar fotos do produto e acionar o órgão pelo e-mail fiscalizaçã[email protected] ou pelos telefones 3252-7243 e 3252-7242. A recomendação do órgão é de que o consumidor guarde os comprovantes de compra.

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