Publicado em 31 de agosto de 2020 às 20:47
O mês de agosto termina com a confirmação de 614 mortes por Covid-19 no Espírito Santo, 31,5% a menos do que havia sido registrado em julho, quando 897 óbitos foram relacionados em decorrência da infecção pelo coronavírus. Embora a consolidação dos indicadores destes 31 dias somente seja possível daqui a duas semanas, é evidente a redução gradual da letalidade no Estado.>
Os dados referem-se à divulgação diária feita pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) que, então, distribui as ocorrências na data correspondente ao óbito no Painel Covid-19, ferramenta do governo que faz o monitoramento da doença no Espírito Santo. Ao fazer o lançamento da morte no dia em que efetivamente ocorreu, há uma reorganização dos dados, que se apresentam de maneira diferente, registrando o momento epidêmico. Neste caso, julho registrou 878 mortes e agosto, 556, uma queda de 36% e em um patamar próximo a maio - naquele mês foram 564 vítimas fatais. Em um modelo ou outro, o total de óbitos no Estado é de 3.158.>
Os números de agosto confirmam a tendência de queda iniciada no final de junho. Ainda será necessário aguardar 14 dias para obter os dados consolidados do mês, incluindo os óbitos que estão sob investigação, porém a média móvel de mortes tem mostrado redução a cada avaliação. O pico, registrado em junho, foi de 37,07 e, nesta segunda-feira (31), está em 15, 07.>
Nas últimas duas semanas, houve uma redução de 21,15% na média móvel de óbitos, segundo aponta Pablo Lira, diretor do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE).>
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"O número de mortes é um indicador que demora a reduzir e, quando começa, é de maneira mais lenta do que o período de crescimento. O mês de julho demonstrou uma inflexão do aumento de casos ativos e dos óbitos, e representa a virada de tendência ao registrar redução em todo o período. Agora, o mês de agosto fica caracterizado com a consolidação da tendência da queda", ressalta. >
Para Pablo Lira, os resultados indicam que o Espírito Santo está no caminho certo das medidas que vêm adotando desde o início da pandemia, tanto nos momentos em que restringiu atividades quanto na liberação gradual para a retomada. Mantendo essa estratégia, ele avalia que setembro vai seguir a tendência de redução e é pouco provável que o Estado vivencie uma segunda onda da Covid-19. >
"Quando o Espírito Santo estava no crescimento exponencial da doença, em março, as medidas adotadas, como distanciamento social e suspensão de atividades, foram importantes para frear esse crescimento e várias vidas foram preservadas. A retomada das atividades acontece de forma gradativa, não teve nenhum movimento brusco. Todas as ações são bem pensadas e com base em evidências científicas e, assim, a redução vem ocorrendo de forma lenta, mas perene", pontua o diretor do IJSN.>
Na avaliação de Pablo Lira, o Espírito Santo somente vai vivenciar uma segunda onda da Covid-19 se houver alguma situação equivalente ao que ocorreu nos Estados Unidos, onde nova aceleração no número de casos e óbitos foi registrada após a sequência de manifestações populares nas ruas após George Floyd, um homem negro, ser morto por um policial. >
Das mortes registradas em agosto no Estado, 60% ocorreram no interior. O subsecretário estadual de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, explica que o resultado é consequência do momento atual da pandemia, em que municípios fora da Grande Vitória ainda apresentam crescimento no número de casos ativos. >
Quanto à redução dos óbitos no Estado, de maneira geral, Reblin observa que, além das medidas adotadas para prevenção e controle da doença, o aprendizado obtido ao longo dos últimos meses também favorece o atendimento de pacientes infectados pelo coronavírus. >
"O manejo melhorou. As equipes, hoje, sabem intervir de maneira mais adequada; avaliam melhor o momento de intubar, o momento de aguardar, a utilização de medicamentos de apoio. Isto é, no início, ninguém sabia a melhor forma de proceder e teve que aprender porque não havia conhecimento pleno sobre a doença até ela aparecer", argumenta. >
Sobre a possibilidade de aumento no número de casos e mortes, Reblin também considera improvável, sobretudo porque o Estado já liberou o funcionamento de inúmeras atividades e, da maneira gradual como tem sido feito, não houve um impacto significativo nos indicadores. >
O subsecretário acrescenta que a curva epidemiológica da Covid-19 tem se mostrado semelhante à das Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGs) - condição provocada por agentes infecciosos como os vírus da Influenza e o novo coronavírus. A série histórica dos últimos cinco anos, afirma Reblin, demonstra que, a partir da 27ª semana, começa a tendência de queda e que, agora, na 36ª, continua caindo.>
"Assim, a curva das SRAGs entra em setembro bem baixinha e esperamos que isso se repita com a Covid", diz Reblin, ressaltando, apenas, que no caso das síndromes o número de mortes é bem inferior ao que tem sido registrado na infecção pelo coronavírus. >
Mesmo com os indicadores apontando queda, Reblin frisa que as medidas de segurança ainda serão necessárias enquanto não houver vacinça para imunizar a população. Distanciamento social, uso de máscaras e higienização constante das mãos devem permanecer na rotina da população. >
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