Pimenta-do-reino é uma das principais especiarias do Espírito Santo
Pimenta-do-reino é uma das principais especiarias do Espírito Santo. Crédito: Pixabay

Especiarias capixabas atraem da culinária à indústria farmacêutica

Produção de pimenta-do-reino se destaca no Estado, mas outros ingredientes começam a ganhar espaço no desenvolvimento de cosméticos, como a pimenta-rosa

Tempo de leitura: 3min
Publicado em 31/07/2022 às 14h40

Das 109.400 toneladas de pimenta-do-reino produzidas no Brasil em 2019, 62 mil toneladas saíram do Espírito Santo, sendo São Mateus, Jaguaré e Vila Valério os principais municípios produtores da especiaria.

Esse volume mantém o Estado no posto de maior produtor da especiaria no país desde 2018, segundo Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mas não só a pimenta-do-reino se destaca entre as especiarias capixabas. O Estado também ocupa a posição de maior produtor brasileiro de gengibre, conforme dados do Ministério da Agricultura, sendo que a maior parte da safra é exportada para Estados Unidos, Canadá e países europeus.

Segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), em 2021, o Estado produziu 49.650 toneladas de gengibre.

Outra especiaria que vem se destacando é a aroeira, a pimenta-rosa. Nos últimos 10 anos, essa especiaria teve um salto tecnológico, passando da coleta extrativista para a produção agrícola. Segundo a bióloga e coordenadora de recursos materiais do Incaper, Fabiana Ruas, a tecnificação da agricultura na pimenta-rosa ajudou a criar um boom na produção.

“Chegamos a um nível de especificação tão grande que hoje conseguimos definir quais as variedades que são ricas em determinados compostos químicos, tornando-se atraente para a indústria farmacêutica, por exemplo. Atualmente, o mercado consolidado da pimenta-rosa é o gourmet, mas há iniciativas dentro do Estado para levar essa especiaria também para a área de perfumaria e cosméticos”, conta.

Mulher usando creme
Indústria de cosméticos pesquisa propriedades da pimenta-rosa . Crédito: Freepik

A partir da extração, o óleo da pimenta-rosa pode ter várias funções fora do campo culinário, como fixador de perfume, fungicida, bactericida e até mesmo cicatrizante.

“Há diversos usos para a pimenta-rosa além da culinária, como pomada para melhorar a cicatrização, utilização na aromaterapia e na agricultura, no combate de pragas e doenças. E até mesmo em rações para aves. Com o seu óleo, é possível prevenir doenças por seu aspecto fungicida”, observa a bióloga.

Todo esse cenário tem sido possível por conta da utilização da tecnologia no cultivo das especiarias. Um dos destaques fica por conta da evolução do cultivo da pimenta-do-reino, principalmente, na mudança do tutor. Por ser uma espécie de trepadeira, a pimenteira precisa de uma estaca para sustentá-la, que é chamada de tutor.

Segundo o diretor administrativo da Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré (Coopbac), no Norte do Estado, Erasmo Carlos Negri, os primeiros tutores da pimenta-do-reino eram de madeira nativa. Ou seja, feitos a partir de árvores presentes na Mata Atlântica, o que causava o desmatamento da região. Em seguida, os produtores começaram a utilizar tutores de eucalipto, ou seja, com madeira de reflorestamento.

Atualmente, são utilizados tutores vivos, ou seja, árvores onde as trepadeiras do tempero podem se estender. A inserção desses tutores vivos tem uma justificativa: além de melhorarem a produção, cada árvore utilizada tem uma propriedade mais vantajosa que a outra, dependendo do objetivo do produtor.

A glicídea, por exemplo, é fonte de nitrogênio. Ajuda a economizar no adubo e na nitrogenação do solo. Já a moringa oleífera, além da nitrogenação e adubação orgânicas, ainda serve como nutrição animal e humana. E o ninho indiano age como um inseticida natural, adubo orgânico, além de ajudar no combate de algumas doenças.

“Os tutores vivos contribuem, também, para a longevidade da cultura, que saiu de um período de seis a oito anos, para uma vida útil de oito a dez anos. Vamos chegar a um estágio em que teremos lavouras de 15 a 20 anos de cultivo da pimenta-do-reino”, avalia.

A capacitação para o combate de pragas e doenças é uma das vertentes trabalhadas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), segundo o coordenador da área técnica da instituição, Fabrício Gobbo.

“Oferecemos treinamentos e consultorias para os produtores do Espírito Santo, gratuitamente, como cultivo de pimenta-do-reino e consultoria nessa cultura. Não há como ser amador em um mercado como este”, afirma.

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