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Cafés do ES representam 80% do volume de produção de gigante dos alimentos

Cafés do ES representam 80% do volume de produção de gigante dos alimentos

A maior parte dessa produção de café capixaba pode ser encontrada em marca de café solúvel e outras categorias

Publicado em 11 de novembro de 2025 às 15:13

Luiz Carlos Gomes é fornecedor da Nestlé e produtor de cafés especiais
Luiz Carlos Gomes é fornecedor da Nestlé e produtor de cafés especiais Crédito: Leticia Orlandi

Líder na produção de café conilon do Brasil, o Espírito Santo também é um dos maiores fornecedores do grão para uma gigante do setor de alimentos. Entre 80% e 90% do insumo utilizado pela Nescafé, marca de café solúvel pertencente à Nestlé, vem de lavouras capixabas.

Bárbara Velo, gerente de ESG da Nescafé, destacou que o Estado tem papel estratégico na cadeia de suprimentos da marca. Grande parte dessa produção pode ser encontrada em uma vasta gama de produtos da empresa, do café solúvel a outras categorias.

Segundo ela, a relação da Nescafé com os produtores capixabas é consolidada e focada no desenvolvimento sustentável. Bárbara explica que os cafeicultores vêm crescendo com a empresa por meio do programa de sustentabilidade Nescafé Plan, que existe desde 2011.

A gerente conta que, a partir do projeto, temas antes pouco discutidos, como o café especial, passaram a integrar as conversas com os produtores. O objetivo é é empoderar o cafeicultor para garantir a visibilidade do grão de alta qualidade do Espírito Santo.

E, para apresentar e dar destaque a essa parceria, a Nescafé levou para a Semana Internacional do Café (SIC), realizada na semana passada em Belo Horizonte (MG), um estande em que esses produtores, inclusive capixabas, puderam expor suas marcas próprias ao público.

Os participantes contaram que a transição da produção puramente commodity para o café especial foi impulsionada pelas parcerias e pelo mercado consumidor, gerando um impacto econômico direto e positivo para os agricultores.

De Santa Teresa, na Região Serrana capixaba, Luiz Carlos Gomes, do Sítio São Bento, apresentou seu café especial Black Swan, que, inclusive, teve lotes premiados no Coffee of the Year 2025. Sua filha, Carolinna Bridi, foi a campeã do concurso no café conilon, e Luiz conquistou a medalha de prata.

Ele conta que, há muitos anos, fornece café commodity para a Nestlé, mas, em 2019, levou à empresa a ideia de criar um mercado para seus cafés finos, enxergando na multinacional uma grande vitrine. A proposta foi aceita e deu origem ao "Projeto Ouro" em 2020.

Embora o projeto inicial tenha esfriado, Luiz continuou investindo na produção de conilon fino. "Na nossa fazenda, produzimos cerca de 700 sacas de conilon especial por ano. Se fosse exportado, esse volume equivaleria a dois contêineres de café a um preço agregado. Quer dizer, seria mais ou menos 30% ou 35% acima do que você produziria um café commodity", explica.

Ele ressalta que essa virada de chave exige que o produtor atenda às exigências do consumidor, que busca produtos sustentáveis tanto social quanto ambientalmente — e que está disposto a pagar mais por isso. Destaca, ainda, que a nova parceria com a Nestlé oferece uma orientação voltada à sustentabilidade ambiental e à integração com o consumidor.

Outro parceiro capixaba que participou do evento foi Avelino de Palma, que fornece café conilon para a Nestlé produzido no Sítio Palma em Barra de São Francisco, Noroeste do Espírito Santo, e também tem a sua marca, a Coffee Palma, 

"Temos trabalho e planejamento voltados para produzir café de qualidade em grande quantidade, para conseguir uma constância no produto que vai chegar nas grande empresas", afirma.

Além do café commodity, o sítio também produz café conilon especial e vende pela internet. Os clientes são de vários Estados do país, como São Paulo, Minas Gerais e do Nordeste.

Avelino de Palma e família são produtores de café e parceiros da Nescafé
Avelino de Palma e família são produtores de café e parceiros da Nescafé Crédito: Leticia Orlandi

Para Bárbara, a região do Espírito Santo é caracterizada pelo uso de tecnologia e inovação na cafeicultura. A gerente descreve as propriedades parceiras como fazendas modelo.

Segundo ela, a evolução é constante e visível, especialmente durante a colheita, quando é possível notar produtores muito mecanizados, utilizando colheitadeiras. "Há um esforço conjunto para buscar sempre mais", diz.

O programa de sustentabilidade

Lançado há mais de uma década, o Nescafé Plan é o programa global da Nestlé voltado à sustentabilidade da cadeia do café. No Brasil, atua diretamente com produtores para promover boas práticas agrícolas, regeneração do solo e aumento da qualidade dos grãos.

O programa, que começou com atuação em poucas propriedades, hoje já alcança mais de 3,8 mil fazendas no país, refletindo o compromisso da Nestlé com a produção responsável e o fortalecimento das comunidades cafeeiras. A iniciativa também incentiva o empreendedorismo rural, apoiando produtores que investem em suas próprias marcas e torrefações.

No geral, as fazendas envolvidas no “Cultivado com Respeito” — selo do programa — já apresentam 60% mais produtividade que propriedades convencionais fora da iniciativa. Com isso, atualmente, todo o café utilizado pela Nescafé no Brasil já tem origem de fazendas com pelo menos uma prática regenerativa aplicada no processo produtivo.

*A reportagem viajou a convite da Semana Internacional do Café (SIC).

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