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Produtores de conilon do ES ganham espaço no mercado de cafés especiais

Produtores de conilon do ES ganham espaço no mercado de cafés especiais

Maior produtor de café conilon no país, Espírito Santo também tem destaque nas bebidas feitas com grãos selecionados de conilon

Publicado em 28 de novembro de 2025 às 19:30

Cafés do Espírito Santo na 1ª FICC em Jaguaré
Cafés produzidos no Espírito Santo foram expostos na Feira Internacional do Conilon, em Jaguaré Crédito: Estudio.59

Maior produtor de café conilon do país, o Espírito Santo também tem ganhado destaque no mercado de grãos especiais, que tem boa parte da sua base no arábica. Muitos produtores no Estado estão investindo em processos rigorosos de qualidade, elevando o conilon – muitas vezes lembrado pelos blends ou solúvel – à categoria de cafés especiais e conquistando reconhecimento e prêmios.

Fazendas e produtores familiares que antes só produziam o grão do tipo commodity para comercializar e exportar, agora estão reservando parte da colheita para desenvolver as próprias marcas. Muitas delas estão sendo apresentadas nesta semana na 1ª Feira Internacional do Café Conilon (FICC), realizada em Jaguaré, no Norte do Espírito Santo. 

Marcus Magalhães, curador da FICC, diz que o conilon está caminhando para uma inversão de papéis: vai se tornar o protagonista, enquanto o arábica será o coadjuvante. Segundo ele, o que o conilon alcançou em 50 anos, o arábica levou 300 anos.

"A gente tem um futuro. Os atores do conilon são mais robustos, mais profissionais, mais aguerridos. Então, não consigo ver um ator diferente no futuro que não seja o conilon. Vai haver uma inversão de papéis", afirma.

Sobre a evolução dos cafés especiais do conilon, Magalhães afirma que o Estado evoluiu na produtividade e também na qualidade. "A gente está aqui para mostrar para a sociedade que o conilon vai além dos blends. O conilon pode ir para a mesa do consumidor de forma 100% e atender tão bem quanto a arábica", garante.

O Espírito Santo é o maior produtor de café conilon do Brasil, responsável por aproximadamente 70% da produção nacional. O cultivo do grão ocupa 286 mil hectares em 68 municípios, movimentando uma cadeia produtiva que envolve 49 mil propriedades rurais. A área em produção é de 258,2 mil hectares, com colheita estimada pela Conab (setembro de 2025) de 13,814 milhões de sacas e produtividade média de 53,5 sacas por hectare. A área em formação é de 28,5 mil hectares.

Os maiores produtores de café conilon do Espírito Santo – com base em dados de produção de 2024 – são os municípios de Rio Bananal, Linhares, Vila Valério, Colatina, Jaguaré e Nova Venécia.

Do cacau para o café especial

Fabiana Reinholz apresenta o Café Filhas da Terra, feito por mulheres
Fabiana Reinholz apresenta o Café Filhas da Terra, produzido por mulheres Crédito: Leticia Orlandi

Para que seja considerado especial, o café tem que conquistar acima de 80 pontos em avaliação. Nesse caminho, muitos produtores, principalmente os menores, têm destinado parte da sua produção, que antes ia integralmente para a venda de commodity, para desenvolver um produto diferenciado.

E foi por esse caminho que um grupo de mulheres de Colatina começou no ano passado a produzir café conilon especial.  Fabiane Reinholz, produtora com experiência prévia em cacau e chocolate especiais, participa desse grupo e levou o projeto Filhas da Terra para a feira em Jaguaré. 

O grupo é composto por 17 mulheres, sendo que 14 delas realizam o processo do café especial. Fabiane conta que essas produtoras, que antes vendiam conilon para atravessadores como commodity, buscaram consultorias e capacitações com parceiros, como a Secretaria de Estado da Agricultura (Seag) e o Incaper, para aprender a trabalhar o café. O próximo passo do grupo é fazer um blend no próximo ano com a junção dos cafés das 14 mulheres, buscando um sabor ainda mais diferenciado.

"O processo do café especial é meticuloso e se difere do commodity, que frequentemente é colhido verde por receio de falta de mão de obra e pode passar vários dias no saco antes da secagem", conta.

Os cafés Filhas da Terra, 100% conilon, produzidos em São João Pequeno, no interior de Colatina, foram avaliados com pontuações entre 80 e 84 pontos, apresentando notas sensoriais de chocolate e frutas. Fabiana conta que esse cuidado resulta em um café extremamente cheiroso, com característica sensorial, limpo e sem contaminação, diferente do café queimado sem características.

"As produtoras passaram de consumidoras de café de supermercado para produtoras, consumidoras do próprio café e também comercializadoras", ressalta Fabiane.

Estante do Espírito Santo na Feira Internacional do Café Conilon
Estante do Espírito Santo na Feira Internacional do Café Conilon Crédito: 7D Produção

Cooperativa também tem linha de especiais

A Cooabriel, considerada a maior cooperativa de café conilon do país, também tem uma linha de cafés especiais, lançada em 2019 e comercializada principalmente nas cidades do Norte do Espírito Santo. O produto também estava sendo apresentado na FICC, em Jaguaré, nesta semana.

O vice-presidente da Cooabriel, Onivaldo Lorenzoni, conta que a marca nasceu para valorizar o café conilon produzido pela cooperativa. "O pessoal está valorizando mais o café. Então, onde tem qualidade, tem cliente e tem tudo", diz.

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