
Apenas na semana passada, no Espírito Santo: um professor foi preso (e depois liberado pela Justiça), suspeito de agressão física e psicológica contra a esposa; um jovem de 25 anos foi preso suspeito de agredir e raspar os cabelos da companheira de 17 anos; um homem de 28 anos foi detido por agredir a companheira, grávida de sete meses, com chutes na barriga; e um homem de 30 anos também foi parar na prisão por agredir a própria mãe e a ex-companheira.
Casos que estão sendo investigados e são apenas um recorte de uma realidade trágica no Estado, na qual há subnotificação. Todo dia, notícias de agressões são publicadas neste jornal, refletindo a insegurança que muitas mulheres vivem no ambiente doméstico. E são essas relações conturbadas e violentas que culminam em feminicídios, quando a mulher é morta por motivações de gênero.
A dimensão dessa violência em uma única semana de 2025 é assustadora, mas a sociedade segue sem conseguir reverter essa tragédia. Em 2024, houve um aumento no número de femicídios: foram 38 registros, enquanto em 2023 foram 35. Enquanto os homicídios seguem em declínio ano após ano, os feminicídios seguem sem conseguir o mesmo êxito.
Há políticas públicas de enfrentamento: as Salas Marias em delegacias foram criadas para incentivar as denúncias, as medidas protetivas para quem denuncia. No fim do ano, governo estadual anunciou a criação da Companhia Independente de Prevenção à Violência Doméstica e Proteção da Mulher (Cimu), para ampliar a capacidade de antendimento às vítimas. E 2024 também foi marcado pela sanção da Lei 14.994/24, que ampliou a pena para o crime de feminicídio, chegando a 40 anos.
Mesmo que institucionalmente o tema da violência contra a mulher ocupe os espaços, inclusive no debate público, a realidade das mulheres ainda não foi capaz de sofrer uma transformação. E o risco de que mulheres continuem sendo mortas e isso passe a fazer parte da paisagem é enorme, a sociedade não pode banalizar essa tragédia cotidiana. A legislação evoluiu, a Lei Maria da Penha já tem quase duas décadas, mas os avanços estão mais no discurso do que na prática.
Conscientização de verdade é aquela que muda o cenário. A cultura machista segue vencendo, enraizada nas relações entre homens e mulheres. Na semana passada, completou-se um ano da morte violenta de Íris Rocha, uma enfermeira que estava grávida quando foi brutalmente assassinada. O suspeito é o pai da criança. É um dos casos que causou comoção, outros 37 se seguiram ao longo do ano de 2024. Todas mulheres que poderiam ter tido uma nova chance e não tiveram.
LEIA MAIS EDITORIAIS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.