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Ex-namorado matou enfermeira grávida com arma de uso restrito no ES

Ex-namorado matou enfermeira grávida com arma de uso restrito no ES

Crime ocorreu em janeiro e foi denunciado à Justiça pelo MPES nesta semana; defesa alega que investigado tinha autorização para portar o armamento

Publicado em 5 de abril de 2024 às 11:39

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Cleilton Santana dos Santos suspeito de matar a enfermeira Íris Rocha
Cleilton Santana dos Santos suspeito de matar a enfermeira Íris Rocha. (Reprodução redes sociais)

Cleilton Santana dos Santos, denunciado por matar a ex-namorada grávida Íris Rocha de Souza, cometeu o crime com uma arma de uso restrito, aponta denúncia oferecida pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) obtida por A Gazeta. Esse tipo de armamento só pode ser utilizado por órgãos de segurança e pelo Exército Brasileiro. A defesa do investigado alega que ele era Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC) e tinha autorização. 

O inquérito policial, que serve de base para a denúncia oferecida pelo MPES, mostra que Cleilton efetuou quatro disparos de arma de fogo calibre. 40, apreendida na casa dele pela Polícia Civil. As investigações apontam que um tiro atingiu o braço esquerdo, dois a axila e um a têmpora acima do olho direito e foram a causa determinante para a morte da enfermeira e o aborto do feto que ela gerava. 

Investigado era CAC

O advogado criminalista Rômulo Almeida Delai explica que, quando uma pessoa não tem porte de arma e é pego com alguma, pode responder criminalmente de duas formas diferentes. A pena pode variar se arma for de uso comum ou restrito.

“São dois tipos de crimes. Quando a pessoa não tem autorização para usar arma e é pega com uma, pode responder no artigo 14 ou no 16 do estatuto do desarmamento. O artigo 14 são as armas de uso permitido, já o 16 são as armas de uso restrito e, se você estiver com uma, a pena é de três a seis anos de prisão, e é considerado crime hediondo”.

Ao concluir o inquérito, a Polícia Civil não pediu que Cleilton responda por porte ilegal de arma de fogo ou pelo uso do armamento restrito. Na denúncia do MPES também não consta esse pedido.

Para A Gazeta, o advogado do investigado, Rafael Almeida, explicou que a arma de uso restrito apreendida pela Polícia Civil era realmente de Cleilton, pois ele tinha autorização por ser Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC).

O advogado destacou ainda que Cleilton conseguiu a autorização quando era permitido que um CAC tivesse armas de uso restrito sem autorização do Exército ou da Polícia Federal. Esse tipo de liberação mudou em 2023, quando o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou um novo decreto limitando o uso. 

O advogado de Cleilton disse que após o novo decreto de Lula, Cleilton fez um novo recadastramento na Polícia Federal e manteve a situação regular com a arma. 

Como ocorreu o crime 

As investigações tocadas pela Delegacia de Alfredo Chaves apontam que Cleilton foi visto buscando a enfermeira Íris no local de trabalho dela, em 10 de janeiro. A partir desse momento, amigos e familiares perderam o contato com a vítima. Em 11 de janeiro, moradores relataram indícios de sangue na estrada próxima à região de Carolina, levando a equipe policial ao local onde o corpo da vítima foi encontrado, a um metro da estrada.

A titular da Delegacia de Alfredo Chaves, delegada Maria da Glória Pessotti, explicou que, ao ser encontrado o corpo, apenas um cartão de banco estava presente, porém, com o nome incompleto. Uma parte da equipe se deslocou a Vitória para verificar possíveis parentes da enfermeira. Somente após a identificação da vítima, foi dado início às possíveis causas do homicídio.

Ainda segundo a delegada, a arma do suspeito era registrada no Exército como CAC e foi apreendida na residência dele. “Por meio do exame de microcomparação balística, foi confirmado que a arma foi utilizada no crime. Exames adicionais demonstraram que os estojos encontrados no local do crime foram percutidos pela mesma arma apreendida na casa do autor, que utilizou a própria arma de fogo registrada para cometer o crime”, disse a delegada. 

Para a Polícia Civil, a motivação do crime reside no fato de o suspeito ter expressado ao pai a dúvida sobre a paternidade do filho que Íris esperava. No entanto, os resultados do exame de DNA comprovaram que Cleilton era o pai da criança.

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