Vacinação por faixa etária será novo desafio para as prefeituras do ES

Vila Velha dá início hoje ao agendamento para o grupo de 55 a 59 anos sem comorbidades: com público-alvo mais amplo, administrações municipais precisam se preparar para a alta demanda e a baixa oferta de vacinas

Publicado em 01/06/2021 às 02h00
Vacina
Vacinação na Uerj, no Rio de Janeiro. Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Com a autorização do Ministério da Saúde da vacinação por faixa etária  — dos 18 aos 59 anos, em ordem decrescente —, entra em curso no país a imunização da parcela majoritária da população, o que deve se desenrolar por todo o segundo semestre, de acordo com a disponibilidade das vacinas.  Nesta terça-feira (1º),  o município de Vila Velha já dá início ao agendamento para o grupo de 55 a 59 anos que não possui comorbidades. Serão disponibilizadas mil vagas.

Tanto o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, quanto o da Economia, Paulo Guedes, deram declarações nesta segunda-feira (31) de que o país terá toda a população vacinada até o fim do ano. Com o cronograma de recebimento de doses sofrendo baixas mês a mês (em junho, de acordo com informações da própria pasta da Saúde, o Brasil deve receber 10,4 milhões a menos do que o previsto anteriormente, 54,2 milhões), qualquer previsão é de antemão vista com ceticismo, mas deve continuar sendo encarada como meta a ser cobrada do governo federal.

No Espírito Santo, já na última sexta-feira (28), a abertura da vacinação para o público em geral, acima dos 18 anos, foi incluída nas diretrizes da imunização em todo o Estado. A Comissão Intergestores Bipartite (CIB), com representação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e dos municípios, divulgou a resolução 86. Nela, considerou-se que, com o andamento da vacinação dos grupos prioritários definidos pelo Plano Nacional de Imunização (PNI), 10% das doses serão destinadas à reserva técnica que tem sido usada para antecipar a vacinação de professores, por exemplo. Do total restante de imunizantes, 20% vão contemplar as pessoas com comorbidades e 80%, o restante da população. 

Na divisão das faixas etárias, a resolução autoriza a vacinação — decrescente a partir da faixa 59-55 anos — do grupo de idade subsequente sempre que a meta de vacinação atingir 90% na faixa etária superior, com as aplicações registradas pelo município no sistema de informação.

A continuidade da vacinação por idade é um passo importantíssimo rumo à cobertura vacinal segura, atingindo sobretudo a população economicamente ativa. Saúde e economia caminham lado a lado: com os trabalhadores e os consumidores protegidos contra a Covid-19, a atividade econômica volta a se acelerar, de forma salutar.

experiência do município de Serrana, no interior de São Paulo, corrobora essa premissa. A cidade teve 95% de queda no número de mortes com a vacinação em massa, após enfrentar uma difícil situação na pandemia, com hospitais lotados pelo alto índice de prevalência de infecções pelo novo coronavírus. O município tem 45 mil habitantes, e 27.160 deles receberam as duas doses da Coronavac, o que corresponde a 95,7% do público alvo da imunização, formado por pessoas acima de 18 anos. 

O estudo do Instituto Butantan em Serrana demonstrou que, com 75% da população imunizada, a pandemia do novo coronavírus pode ser controlada. Além da redução drástica no número de mortes, houve redução de 80% no número de casos sintomáticos de Covid-19. E a queda nas hospitalizações chegou a 86%. Medidas sanitárias continuarão a ser aplicadas na cidade, que almeja agora servir também de teste para a retomada das atividades econômicas, sociais e educacionais, firmando um modelo para o resto do país.

Nesta segunda-feira (31), a Fiocruz passou a ser a maior fornecedora de vacinas contra a Covid-19 no Brasil. Com as últimas entregas da AstraZeneca, são 47,6 milhões de doses disponibilizadas pela fundação, ante 47,2 milhões da Coronavac já enviadas pelo Instituto Butantan. Considerando as doses  já  aplicadas na população, a Coronavac continua na frente, com 63% dos vacinados no país, contra 35% da AstraZeneca e 2% da Pfizer. É uma corrida que deve continuar sendo estimulada, sem atropelos na compra de insumos, para que a vacinação deslanche.

A imunização em massa vai começar a se desenrolar e vai envolver desafios, além da própria disponibilidade de vacinas. É quase certo que a demanda será muito superior à oferta, pelas próprias características demográficas: a partir de agora serão vacinados os grupos que representam a maior parte da população brasileira, numericamente falando.

As prefeituras, responsáveis pelos agendamentos e execução do programa de vacinação, deverão encarar os erros e acertos desse processo até agora para buscar a eficiência. As ferramentas de comunicação social devem ser ágeis e diretas, evitando ruídos. E os sites deverão estar preparados para a grande quantidade de acessos. A ansiedade pela vacina é grande, mas os próximos meses exigirão também uma dose de paciência. 

Espera-se, ao menos, a garantia de aplicação da segunda dose dentro dos prazos estabelecidos. O número de pessoas vacinadas com ao menos uma dose no Brasil chegou a 45.697.957 nesta segunda-feira (31), o equivalente a 21,58% da população. Receberam o reforço até agora 22.189.211 de pessoas, ou 10,48% dos brasileiros. No Espírito Santo,  985.705  receberam a primeira dose e 418.497 garantiram também a segunda.  Com foco na aquisição de vacinas, Serrana deve servir de meta e inspiração para o país, neste momento em que o programa começa a se ampliar para todas as faixas etárias.

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