“Capixaba não gosta de receber visitas”. Basta uma rápida procura nas redes sociais para encontrar dezenas de vídeos de influenciadores sobre essa “fama” que cerca os moradores do Espírito Santo. A característica, claro, é exagerada e serve mais como meme para garantir tom humorístico às publicações na internet. Em linhas gerais, porém, o Estado precisa, sim, estar mais bem preparado para ser um bom anfitrião aos visitantes que aqui chegam em número cada vez maior.
Dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio) mostram o crescimento do turismo capixaba, que teve o melhor resultado em julho em 11 anos, liderando o ranking nacional com um avanço de 2% em relação a junho. No geral, o Brasil registrou queda de 0,7% nas atividades do setor nesse período. O índice é importante por se tratar de um mês de férias escolares e eventos já tradicionais no Estado, como os festivais Nacional de Forró de Itaúnas, em Conceição da Barra, e de Inverno, em Domingos Martins.
Outros números também reforçam o bom momento do setor no Estado. No primeiro semestre deste ano, o turismo capixaba teve o segundo melhor desempenho dos últimos dez anos, com avanço de 6,3% em relação ao mesmo período de 2024. O Espírito Santo registrou um crescimento de 21% na receita vinda do turismo, no ano passado, alcançando R$ 563 milhões. Em 2023, o montante tinha chegado a R$ 464 milhões.
Esses resultados refletem a maior divulgação das belezas e tradições capixabas. Além das já conhecidas praias e do Convento da Penha, outros encantos ganham espaço na mídia nacional e em publicações de influenciadores, como o Buda de Ibiraçu e a observação de baleias no litoral. Eventos tradicionais também chamam a atenção, entre eles a Festa da Polenta, em Venda Nova do Imigrante, e o Carnaval de Vitória.
São sinais de que o Espírito Santo está cada vez mais atrativo para os turistas, mas é necessário sempre seguir avançando nesse setor, que é muito concorrido. Já dissemos aqui neste espaço que, enquanto algumas cidades dispõem de boa estrutura, outras ainda carecem de base hoteleira, recursos humanos qualificados e, sobretudo, organização nos receptivos.
Também é importante impulsionar o turismo de eventos. Nesse aspecto, um bom catalisador será a transformação do Pavilhão de Carapina, na Serra, em um moderno centro de convenções, conforme foi anunciado pelo governo do Estado. Para especialistas, esse é o primeiro passo para induzir também o turismo de lazer.
O retorno dos cruzeiros marítimos é mais uma aposta para movimentar o setor. O Porto de Vitória já chegou a ter mais de 31 paradas em uma única temporada, em 2011. Mas, à medida que os navios foram ficando maiores, a entrada na Baía de Vitória passou a se tornar inviável. Agora, busca-se solução com uma nova estrutura de desembarque para os chamados “cruzeiristas”. Mas não pode parar por aí. O visitante precisará ser bem recepcionado, apresentado à história, à cultura e às belezas capixabas, além da gastronomia, é claro. Tudo para que possa se sentir estimulado a voltar, com mais tempo, no futuro.
É preciso manter no horizonte que o turismo é apontado como um dos pilares para compensar as perdas que o Estado deverá ter com a implantação da reforma tributária, cuja transição terá início no ano que vem e se estenderá até 2033. Nesses sete anos, espera-se que o crescimento do setor se consolide cada vez mais. O que só vai acontecer se todos abraçarem esse objetivo e mostrarem que o Espírito Santo não só gosta como também sabe receber bem as visitas.
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