O que os capixabas esperam do presidente

Das vacinas à infraestrutura, Bolsonaro precisa olhar para o Espírito Santo. O ocupante do Planalto, em qualquer gestão, deve estar sempre atento aos pleitos estaduais

Publicado em 11/06/2021 às 02h00
Bolsonaro
O presidente da República, Jair Bolsonaro, visita o Espírito Santo nesta sexta-feira (11). Crédito: Marcos Correa/PR

Jair Bolsonaro desembarca no Espírito Santo pela primeira vez, como presidente da República, nesta sexta-feira (11), com incumbências urgentes, óbvias. Quando se observa o panorama da pandemia nacionalmente, o Estado impreterivelmente se une ao coro das demandas que dependem da coordenação federal para serem desencadeadas com eficiência, a maior parte delas, a esta altura, relacionadas às vacinas. O maior desejo de quem habita o Espírito Santo, neste momento, é ver a fila de vacinação andar mais rapidamente.

Apesar de sua comprovada capacidade vacinal, baseada em um êxito de imunização que teve exemplos na última década com a febre amarela e o H1N1, o Brasil não avança na vacinação contra a Covid-19 por falta de vacinas. Quando se analisa proporcionalmente o nível da vacinação com a população do país, o Brasil está em 78ª lugar no ranking mundial. O Espírito Santo, com 1,1 milhão de pessoas com a primeira dose no braço, quer ver a imunização se acelerar e cobrir toda a população apta a receber as duas doses. O mais rápido possível. 

Se a superação da crise sanitária une o Estado ao maior anseio nacional do momento, com importantes medidas em outras frentes, sobretudo as econômicas e sociais, o Espírito Santo também coleciona reivindicações particulares, essenciais para o seu desenvolvimento e ainda mais relevantes como parte de uma retomada no pós-pandemia.

Visitas de ex-presidentes ao ES sempre tiveram destaque e cobranças em A Gazeta

Michel Temer
Reportagem de A Gazeta sobre visita do então presidente Michel Temer ao ES em março de 2018. Reprodução
Presidente
Página de A Gazeta sobre visita de Dilma Rousseff ao Estado em julho de 2014. Reprodução
Lula
Capa de A Gazeta sobre visita de Lula ao ES em 2005. Reprodução
FHC
Capa de A Gazeta, de fevereiro de 1999, sobre primeira visita do então presidente Fernando Henrique Cardoso ao ES. Reprodução
Capa de A Gazeta, de fevereiro de 1999, sobre primeira visita do então presidente Fernando Henrique Cardoso ao ES
Capa de A Gazeta, de fevereiro de 1999, sobre primeira visita do então presidente Fernando Henrique Cardoso ao ES
Capa de A Gazeta, de fevereiro de 1999, sobre primeira visita do então presidente Fernando Henrique Cardoso ao ES
Capa de A Gazeta, de fevereiro de 1999, sobre primeira visita do então presidente Fernando Henrique Cardoso ao ES

O Espírito Santo segue tateando quando o assunto é infraestrutura. A duplicação da BR 101 atravessa impasses no Trecho Norte, com uma proposta absurda da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) de cancelar as obras no segmento que parte do fim da Reserva Biológia de Sooretama e vai até Mucurici, já na Bahia. A atuação federal para superar mais esse obstáculo é essencial. Ao mesmo tempo, o esperado leilão de concessão da BR 262 está previsto para este ano, e já há a definição do modelo e da abertura do certame à concorrência internacional. 

Após o fracasso de 2013, levou quase uma década para que a rodovia retornasse à fila de privatizações, então é preciso estabelecer o compromisso de que haja uma definição ainda em 2021. A modernização das duas principais rodovias federais que cortam o Estado não é só importante para superar os gargalos logísticos. É, acima de tudo, questão de vida ou morte. As perdas humanas só terão freio com mais segurança viária.

É importante também que o governo federal se envolva na definição da construção do contorno ferroviário da Serra do Tigre, em Minas Gerais, como investimento da outorga antecipada da renovação da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica à empresa VLI. É uma obra no Estado vizinho de profundo interesse para os capixabas, com potencial de ampliar o volume de cargas do Centro-Oeste que chegam ao setor portuário capixaba, em expansão nos próximos anos.

E também acelerar as deliberações necessárias para a construção do ramal de Cariacica até Anchieta, já definida com a renovação do contrato da Vale na Estrada de Ferro Vitória a Minas. São pleitos importantes para o desenvolvimento logístico local, com reflexos na ampliação do comércio exterior do próprio país. Não se pode continuar desperdiçando a posição geograficamente estratégica do Espírito Santo.

Mesmo que se mostrem como uma pauta nacional, as reformas estruturantes também tem um impacto direto na realidade do Estado. A modernização do Estado brasileiro, com um serviço público mais eficiente e menos perdulário, bem como uma reforma tributária abrangente e simplificadora abrem espaço para os investimentos e, consequentemente, para a geração de empregos. Assim como a aceleração das privatizações. A Codesa se prepara para ser concedida à iniciativa privada em 2021, já é um avanço. E espera-se que traga resultados para a competitividade do Espírito Santo.

Não menos importante é o apoio federal para o combate à criminalidade, uma das bandeiras de campanha de Bolsonaro. Cariacica foi uma das cinco cidades selecionadas no país para o projeto-piloto Em frente, Brasil. O município recebeu a Força Nacional de Segurança, onde permaneceu por 20 meses, até abril passado. Se no início o projeto experimental, mesmo sob críticas de especialistas em segurança pública, serviu como forma de o governo federal firmar um compromisso na área, historicamente uma atribuição dos governos estaduais, ao final os resultados e objetivos não puderam ser sentidos.

O Espírito Santo, bem como outros Estados do país - o Amazonas atravessa neste momento de caos na segurança pública -, sofre com bairros dominados pelo tráfico, levando terror diário aos moradores. Grupos criminosos têm conexões em todo o país, numa rede subterrânea que precisa ser desbaratada. Uma política nacional de segurança que se cerque de inteligência, racionalidade e ação é o que se espera da gestão federal, em sinergia com as decisões estaduais.

Poucas reivindicações são novas, a maioria faz parte da velha agenda de lutas travadas pelo Espírito Santo, e já foram cobradas por A Gazeta nas visitas de outros presidentes ao Estado, como quando Dilma Rousseff e Michel Temer estiveram aqui. O ocupante do Palácio do Planalto deve estar sempre atento aos pleitos estaduais, buscando caminhos para saná-los nos limites da sua competência, como chefe do Executivo federal. O foco não é quem governa, mas quem comanda o governo federal.

O presidente Jair Bolsonaro deve fazer desta visita mais do que um aceno para 2022, mas um compromisso com as necessidades presentes do Espírito Santo, que se enfileiram. Independentemente de divergências políticas, os cidadãos capixabas também são cidadãos brasileiros. E querem ver o governo federal envolver-se, com seriedade e de peito aberto, com as suas demandas.

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