Ataques a ônibus na Serra: população não pode continuar refém

Os ataques a ônibus são a forma encontrada pelas facções criminosas de afrontar o Estado, tentando incitar o caos. Mas quem acaba sendo mais prejudicada é a população

Publicado em 23/09/2025 às 01h00
Segundo ônibus incendiado em Nova Carapina II, nesta sexta-feira (19)
Segundo ônibus incendiado em Nova Carapina II, nesta sexta-feira (19). Crédito: Ronaldo Rodrigues

Cinco ônibus apedrejados ou incendiados em três dias na Serra. Um roteiro já bem conhecido de represália após mortes de suspeitos em confronto com a polícia; no caso mais recente, dois eventos distintos, com a mesma estratégia: um suspeito morto em Cidade Pomar na quinta-feira (18) e outro, foragido da Justiça, morto em Planalto Serrano, no sábado (20)

A recorrência mostra que as forças de segurança ainda não encontraram uma estratégia eficiente, sobretudo com recursos de inteligência, para se antecipar a esses ataques, embora a Polícia Militar tenha conseguido impedir um na noite de sábado.

Os ataques a ônibus são a forma encontrada pelas facções criminosas de afrontar o Estado, tentando incitar o caos. Mas quem acaba sendo mais prejudicada é a população, não só pelo medo que passa a rondar quem usa o Sistema Transcol, como pela suspensão do serviço. Na sexta-feira, o Sindicato dos Rodoviários chegou a suspender a saída dos Terminais de Laranjeiras e de Carapina.

Nesta segunda-feira (22), após uma emboscada em Balneário Carapebus que deixou um ferido, os ônibus pararam de circular no bairro por precaução. Ou seja, qualquer ato de violência dessas facções interfere no dia a dia dos moradores. Quem depende de transporte público fica refém dessas ações organizadas. Mas outros serviços públicos, como escolas e postos de saúde, também são impactados. É a vida das pessoas que para por causa da violência.

Os ataques da Serra repetem episódios similares em outras cidades da Grande Vitória, sendo os mais recentes na Capital, no fim de agosto, quando 12 ônibus, um deles de empresa privada, foram alvos de criminosos após duas mortes em confronto com a PM nos bairros da Penha e Santos Reis. A repetição dessas cenas são um risco para o cenário urbano: o de as pessoas começarem  a achar normal cruzar com um ônibus em chamas na rua. 

O Espírito Santo tem um péssimo histórico: em março, quando ônibus também foram atacados em Vitória e na Serra, a Ceturb divulgou que,  entre 2004 e 2025, foram 97 coletivos queimados. Desde então, com os ataques ao longo deste ano, esse número já passou dos 100. As perdas para as empresas chegavam a R$ 77 milhões. E a população é mais uma vez afetada, já que os prejuízos são repassados nos reajustes tarifários. 

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