Publicado em 12 de setembro de 2025 às 10:16
CAMPINAS - Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, foi preso pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (12), após autorização do STF (Supremo Tribunal Federal).>
A prisão ocorre menos de um dia após a CPMI do INSS no Congresso aprovar a quebra de sigilo das contas bancárias de Antônio Carlos, além do sigilo telefônico. Ele é considerado um dos principais articuladores da fraude do INSS, que, segundo a PF, movimentou R$ 6,3 bilhões, entre 2019 e 2024.>
Outro alvo de prisão é Maurício Camisotti, apontado como sócio oculto de uma das entidades que recebiam valores a partir dos descontos ilegais. >
Segundo investigadores da Polícia Federal, os alvos desta fase da operação são suspeitos de atuação como operadores financeiros do esquema de desvios de benefícios do INSS.>
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Agentes da PF cumprem também mandados de busca e apreensão no escritório Nelson Wilians de advocacia.>
Foram apreendidos em São Paulo, no endereço do advogado Nelson Wilians, esculturas e obras de arte. Já no endereço de seu sócio, Fernando dos Santos Andrade Cavalcante, foram encontradas uma Ferrari e um carro de corrida.>
Bens apreendidos em operação da PF
A operação desta sexta-feira, batizada de Cambota, é desdobramento da operação Sem Desconto, realizada desde abril.>
Em nota, a PF informou que são cumpridos, ao todo, dois mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão, em São Paulo e no Distrito Federal.>
"A ação apura os crimes de impedimento ou embaraço de investigação de organização criminosa, dilapidação e ocultação de patrimônio, além da possível obstrução da investigação por parte de alguns investigados", diz o texto.>
Apontado em investigação como "epicentro da corrupção ativa" e lobista profundamente envolvido no "esquema de descontos ilegais de aposentadorias", Antunes recebeu R$ 53,58 milhões de entidades associativas e de intermediárias, de acordo com a investigação da Polícia Federal.>
De acordo com relatório de investigadores, o pagamento ocorreu por meio de empresas de Antunes, que teria repassado R$ 9,32 milhões a servidores e empresas ligadas à cúpula do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).>
À época da primeira operação da PF, em abril, a defesa de Careca disse que as suspeitas "não correspondem à realidade dos fatos". "Ao longo do processo, a inocência de Antonio será devidamente comprovada", afirmaram os advogados Alberto Moreira e Flávio Schegerin.>
No relatório da investigação sobre fraudes, em abril, a polícia listou movimentações financeiras atípicas do advogado Nelson Wilians, como parte de um conjunto de relatórios que citam transações de centenas de pessoas e empresas.>
Os documentos foram elaborados a partir de comunicações bancárias que são feitas ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) em caso de movimentações atípicas, mas a PF não atribuía suspeitas a essas pessoas e não as relacionava com as investigações do caso do INSS.>
Os dados incluem movimentações de R$ 4,6 bilhões do escritório de advocacia e de uma empresa de investimentos de Nelson Wilians, feitas de julho de 2019 ao mesmo mês de 2024. O Coaf contabiliza tanto entradas como saídas de dinheiro. Neste caso, cerca de metade do valor é de créditos nas contas do advogado, e o restante é de débitos. Os investigadores, porém, não citam conexões entre estas movimentações e a suposta fraude.>
A documentação que se tornou pública também não detalha a razão dos dados de Nelson Wilians serem citados no inquérito. No entanto, eles estão incluídos nos mesmos RIFs que trazem informações sobre o empresário Maurício Camisotti, que é apontado pela investigação como possivelmente "um dos beneficiários finais dos esquemas fraudulentos de descontos indevidos".>
Em 2024, o site Metrópoles noticiou que um relatório do Coaf citava pagamentos de R$ 15,5 milhões feitos por Wilians a Camisotti.>
A defesa do empresário Maurício Camisotti afirmou nesta sexta que não há qualquer motivo que justifique sua prisão no âmbito da operação relacionada à investigação de fraudes no INSS.>
Também afirmam que houve arbitrariedade na ação policial: "Camisotti teve seu celular retirado das mãos no exato momento em que falava com seu advogado. Tal conduta afronta garantias constitucionais básicas e equivale a constranger um investigado a falar ou produzir prova contra si próprio".>
"A defesa reitera que adotará todas as medidas legais cabíveis para reverter a prisão e assegurar o pleno respeito aos direitos e garantias fundamentais do empresário.">
O advogado Nelson Wilians disse, em relação ao mandado de busca e apreensão, "tem colaborado integralmente com as autoridades e confia que a apuração demonstrará sua total inocência".>
"Ressaltamos que a medida cumprida é de natureza exclusivamente investigativa, não implicando qualquer juízo de culpa ou responsabilidade. O advogado permanece à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários e reafirma seu compromisso com a legalidade e a transparência.">
Sobre sua ligação com Camisotti, a defesa afirma: "Nelson Wilians já afirmou, anteriormente, que sua relação com um dos investigados —seu cliente na área jurídica— é estritamente profissional e legal, o que será comprovado de forma cabal. Os valores por ele transferidos referem-se à aquisição de um terreno vizinho à sua residência, transação lícita e de fácil comprovação".>
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