
Em meio à criação pelo Senado, nesta terça-feira (17), de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar as fraudes e desvios que vêm sendo expostos nos últimos meses na Previdência Social, chega a impressionar que uma outra vertente de descontos não autorizados também tenha vindo à tona, deixando a sensação de que não há mesmo limites para tanta desfaçatez.
De acordo com denúncias de aposentados e pensionistas ouvidos pela reportagem da Folha de S.Paulo, os débitos indevidos, ligados a seguradoras e clubes de benefícios, são feitos quando o pagamento entra na conta bancária. Até então, as fraudes estavam relacionadas a associações e sindicatos e os descontos eram feitos diretamente na folha de pagamento.
É, repetidamente, o testemunho de um golpe covarde, que atinge deliberadamente um grupo consideravelmente vulnerável. "Estava sempre com menos dinheiro. Recebo salário mínimo. Falei com o banco e eles bloquearam", disse à reportagem uma das vítimas, de 71 anos, que teve descontos mensais de R$ 62,60 e R$ 59,65 endereçados a duas empresas. Valores significativos para quem recebe tão pouco.
Os relatos falam de notificações avisando sobre descontos que nunca foram autorizados e tentativas sem sucesso de entrar em contato com as tais seguradoras. Uma via-crúcis que, por si só, já é uma agressão a essas pessoas que passaram uma vida inteira contribuindo religiosamente com a previdência e, no momento de usufruir desse benefício, tem tanta dor de cabeça.
Os descontos ilegais já levaram mais de 900 mil beneficiários do INSS às agências dos Correios de todo o país para verificar se foram vítimas do esquema de corrupção envolvendo associações e sindicatos. São pessoas que não têm tem condições de resolver essa questão pelas vias digitais.
Só isso dá uma pequena dimensão de como as irregularidades estão afetando a vida de aposentados e pensionistas, mesmo aqueles que não tenham sido descontados ilegalmente. No fim, todos são vítimas. O que não pode demorar é a punição para os culpados.
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