
Há cada vez mais motos nas pistas que, acompanhadas do mau comportamento não só de seus condutores como também dos motoristas dos demais veículos, acabam se envolvendo em acidentes quase sempre mortais.
Não é possível que o aumento da frota de motocicletas no país, que chegou a 28,2 milhões no final de 2024, um aumento de 5,07% em relação ao ano anterior (de acordo com dados da Secretaria Nacional de Trânsito - Senatran), não provoque uma mobilização consistente por mais segurança no uso desses veículos. São pessoas demais morrendo de forma banal, sem que isso cause indignação na mesma medida.
A Polícia Rodoviária Federal acabou de alertar para o aumento do número de mortes em acidentes envolvendo motocicletas nas rodovias federais no Espírito Santo: foram registradas 33 mortes nos cinco primeiros meses deste ano, um aumento de 26% na comparação com 2024, quando houve 26 óbitos.
As motos se tornaram a opção mais viável de mobilidade para muita gente, assim como uma opção de trabalho, com a disseminação das entregas por aplicativo. Não há como frear essa expansão, e não é esse o caminho a se seguir. O que é incompreensível é a negligência e a imprudência tantas vezes testemunhadas nas vias. Flagrar motos avançando o sinal, em avenidas movimentadas da Grande Vitória, é tão comum que faz parecer que a luz vermelha é apenas uma sugestão que não precisa ser aceita.
Outra infração comum é o excesso de velocidade nas motos: o Boa Noite ES desta quinta-feira (12) mostrou o flagrante desses veículos passando dos 200 km/h. Isso sem falar da disseminação dos chamados "grauzinhos", as manobras perigosas feitas em rotas movimentadas. É uma coleção de más condutas que ajudam na letalidade.
Nesses tempos em que o uso de motos também está aquecido pelo transporte por aplicativo, é preciso rogar por mais segurança sobre duas rodas. A vulnerabilidade de quem anda de moto é muito maior do que a de ocupantes de outros veículos, a atenção é redobrada. É incompreensível que se coloque a própria vida em risco com tanta displicência.
As regras de trânsito existem para ser cumpridas não por capricho das autoridades, mas para poupar vidas. Fiscalização e multas são os freios possíveis para os maus comportamentos, mas essa brutalidade não será interrompida enquanto não houver uma transformação de dentro para fora, com cada condutor estando mais consciente da sua própria responsabilidade por um trânsito menos selvagem.
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