Publicado em 23 de abril de 2025 às 19:39
O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Alessandro Stefanutto foi demitido do cargo após se tornar alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU).>
A exoneração é assinada pela ex-ministra Miriam Belchior, atual secretária-executiva da Casa Civil do governo. O ministro titular, Rui Costa, está de férias.>
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou o desligamento de Stefanutto no início da tarde. >
"O presidente demonstrou preocupação de interesse com relação a tudo o que ocorreu e pediu detalhes", disse o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, durante coletiva de imprensa na manhã nesta quarta-feira (23/04). >
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A ordem de afastamento partiu do petista após ele ser informado por chefes da PF e da CGU sobre o teor das investigações pela manhã. O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, comunicou Stefanutto sobre a decisão do presidente. >
A investigação apura um esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões entre 2019 e 2024. Estima-se que os prejuízos aos segurados somem R$ 6,3 bilhões.>
Segundo a PF e a CGU, aposentados e pensionistas do INSS eram vítimas de um esquema de descontos indevidos em seus benefícios. >
As cobranças, feitas por associações e sindicatos, muitas vezes ocorreram sem a autorização dos segurados.>
A Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quarta, estima que o esquema envolva R$ 6,3 bilhões em descontos, entre valores legais e ilegais, no período de 2019 a 2024. >
"É uma operação de proteção aos aposentados", disse Lewandowski.>
Entre os investigados estão seis servidores públicos, incluindo Stefanutto, que também é filiado ao PDT e foi indicado para o cargo em julho de 2023 pelo ministro Carlos Lupi. Antes disso, atuava como diretor de Orçamento, Finanças e Logística da autarquia.>
Foram cumpridos 211 mandados de busca e apreensão, sequestro de bens e prisão temporária em 13 estados e no Distrito Federal. >
A Justiça também determinou o sequestro de bens no valor de mais de R$ 1 bilhão. Entre os itens apreendidos estão carros de luxo avaliados em até R$ 15 milhões — incluindo Ferraris e um Rolls-Royce —, joias e mais de US$ 200 mil em espécie.>
Cinco pessoas foram presas; uma estava foragida até a última atualização.>
Os crimes apurados incluem corrupção ativa e passiva, organização criminosa, falsificação de documentos, violação de sigilo funcional e lavagem de dinheiro.>
O esquema consistia em registrar aposentados e pensionistas como membros de associações de aposentados sem seu consentimento. >
Com isso, mensalidades passavam a ser descontadas diretamente dos benefícios, simulando filiações que nunca ocorreram.>
De acordo com o ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, algumas dessas associações ofereciam supostos serviços como consultoria jurídica e descontos em academias e planos de saúde — sem, no entanto, apresentar estrutura para tanto.>
Em 70% dos casos investigados, as associações nem sequer apresentaram a documentação necessária ao INSS para justificar os descontos. >
A CGU entrevistou cerca de 1.300 beneficiários; 97% afirmaram nunca ter autorizado qualquer desconto associativo.>
A investigação começou em 2023 dentro da CGU. Após a identificação de indícios de crimes, a Polícia Federal foi acionada e abriu 12 inquéritos. >
Em 2024, a Justiça Federal autorizou medidas como prisões provisórias e apreensões de carros de luxo, joias, obras de arte e dinheiro vivo.>
Segundo as autoridades, o esquema se intensificou a partir de 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), e atingiu os maiores volumes financeiros em 2022, após uma instrução normativa que facilitou os descontos associativos.>
Em paralelo, a Polícia Civil de São Paulo e o Gaeco investigam o envolvimento de cinco associações no estado, a partir de uma ação judicial movida por uma aposentada do litoral paulista. >
Há suspeitas de uso de "funcionários laranjas" e movimentação de milhões de reais por mês.>
Além de Stefanutto, outros cinco servidores foram afastados:>
A participação de cada agente ainda vai ser investigada. >
"Isso ainda não está muito claro. O que nós temos, por enquanto, é um afastamento cautelar determinado pela Justiça de determinados servidores do INSS, da cúpula do INSS", disse Lewandowski.>
Até agora, 11 entidades são alvos de medidas judiciais. Dos cerca de 30 grupos com permissão para realizar esse tipo de cobrança, 13 estão sendo investigados.>
Os Acordos de Cooperação Técnica (ACT) dessas entidades associativas foram suspensas. >
O governo recebeu mais de 190 mil pedidos de revisão de descontos de aposentados em 2024. >
Os aposentados e pensionistas que identificarem desconto indevido de mensalidade associativa no extrato de pagamentos (contracheque) podem pedir a exclusão do débito.>
Para isso, o segurado deve acessar o site ou aplicativo Meu INSS com login Gov.br e consultar o "Extrato de benefício". >
Lá constam todos os descontos feitos no benefício, inclusive os de mensalidades associativas.>
Em caso de desconto não autorizado, é possível:>
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