Um vídeo de um produtor rural da Região Serrana capixaba, questionando o custo das obras de recuperação estrutural da ponte sobre o Rio Jucu, localizada no km 29 da BR 262, provocou polêmica nas redes sociais e acabou levando o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) a se manifestar publicamente sobre a denúncia.
Segundo nota oficial do DNIT, as críticas que estão circulando pelas redes sociais sobre o valor das obras não procedem: “Um vídeo divulgado recentemente atribui, de forma equivocada, o valor de R$ 106 milhões exclusivamente à intervenção na ponte; ressaltamos que a informação não possui qualquer respaldo técnico ou documental”.
De acordo com o órgão federal, apenas uma parte deste valor está sendo utilizada na obra da chamada “ponte da macumba”, entre Viana e Domingos Martins. “A ponte integra um contrato emergencial amplo, que contempla diversas obras de arte especiais no Espírito Santo. Desse total, apenas 4,74% correspondem aos serviços previstos para o trecho do Rio Jucu, equivalente a R$ 5.030.795,76”.
A maior parte do contrato de R$ 106,6 milhões, explica o DNIT, está sendo utilizada na recuperação total de uma outra ponte, mas na BR 259.
Na nota, o DNIT afirma também que a obra na ponte ainda não foi concluída. “Esclarecemos, ainda, que os serviços não foram executados em sua totalidade e não se restringem apenas à estrutura de concreto da obra de arte especial, havendo ainda a previsão de execução de serviços de pavimentação e contenção de taludes, os quais serão executados ainda no corrente mês [dezembro]."
Até o momento, informa o DNIT, 31,46% dos serviços da ponte foram executados, totalizando o custo de R$ 1.589.866,49, o que representa somente 1,47% do valor global do contrato. “Os dados oficiais demonstram, portanto, que os valores citados no vídeo são incorretos e induzem o público ao erro”, defende-se o departamento.
O órgão gestor das rodovias federais alega que o custo de pouco mais de R$ 5 milhões está de acordo com as intervenções na 262, a rodovia federal que liga o Espírito Santo a Minas Gerais, passando também pela Região Serrana capixaba.
“O DNIT afirma que os valores, métodos e procedimentos executados na estrutura são compatíveis com a complexidade e urgência da intervenção, e que as afirmações divulgadas no vídeo não condizem com a realidade da obra, bem como carecem de fundamento técnico e documental.”
DNIT-ES EXPLICA A PLACA
Ouvido pela coluna, o superintendente do DNIT no Espírito Santo, Romeu Scheibe Neto, explicou o motivo de a placa na obra da ponte da 262 exibir o valor de R$ 106,6 milhões. “Nós seguimos o manual de identificação de obras, que estabelece que as placas de obras têm que seguir o mesmo objeto que consta do contrato”, disse o superintendente, referindo-se às intervenções estruturais nas pontes da 262 e na Ponte Fontenelle, localizada na rodovia federal que corta parte do Noroeste do Estado.
O dirigente prosseguiu: “Foi o que aconteceu. Decretamos duas emergências a fim de economizar e executar com menos mobilização. Ou seja, fizemos um contrato para as duas pontes, haja vista que o objeto era semelhante”.
Scheibe Neto ressalta que a outra obra, a recuperação total de uma ponte da BR 259, entre Colatina e Baixo Guandu, é muito mais complexa que a da 262: “A placa [da 262], na verdade, traz o resumo do contrato. A mesma placa está afixada na obra da ponte da obra da 259”.
O superintendente da DNIT-ES considera que o morador que fez a divulgação do valor da obra agiu de má-fé. “A informação correta está na placa. Estamos representando tanto no Ministério Público quanto na Advocacia-Geral da União buscando a responsabilização do cidadão que fez esse tipo de vídeo. Porque isso coloca a imagem da instituição e coloca a minha própria imagem como se eu estivesse fazendo algum tipo de irregularidade , como se eu estivesse lesando a população. As pessoas têm que ter responsabilidade”, afirmou.
ENGARRAFAMENTO NA RODOVIA
Durante aproximadamente um mês, do fim de outubro até o fim de novembro, o trânsito no local, por causa da obra na ponte, ocorreu no sistema de pare e siga. Em alguns períodos, como nos finais de semana, filas imensas se formaram na rodovia.
Em relatos nas redes sociais, motoristas afirmaram que o tempo de viagem da Grande Vitória até Pedra Azul (Domingos Martins) chegou a dobrar, com o trajeto durando até três horas.
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