Jornalista de A Gazeta há 10 anos, está à frente da editoria de Esportes desde 2016. Como colunista, traz os bastidores e as análises dos principais acontecimentos esportivos no Espírito Santo e no Brasil

Flamengo e Fluminense dão o pontapé inicial no triste fim do Carioca 2020

Não há vencedor em uma competição que para acontecer normalizou mortes em meio a uma pandemia, desrespeitou protocolos no período de treinos e protagonizou disputas judiciais próximas ao ridículo

Publicado em 12/07/2020 às 06h00
Atualizado em 12/07/2020 às 06h00
Fluminense e Flamengo fazem o primeiro jogo da final do Carioca neste domingo (11)
Fluminense e Flamengo fazem o primeiro jogo da final do Carioca neste domingo (12). Crédito: Lucas Mercon/Fluminense FC

Fluminense e Flamengo entram no gramado do Maracanã neste domingo (12), às 16h, para o primeiro capítulo da final do Campeonato Carioca 2020. Provavelmente a decisão mais irrelevante dos últimos tempos no futebol brasileiro. Não haverá vencedor, todos perdemos.

A análise com relação à qualidade técnica dos elencos e a expectativa para o jogo ficam em segundo plano, neste campeonato que para chegar ao jogo derradeiro precisou normalizar mortes em meio a uma pandemia, desrespeitar protocolos para que os jogadores pudessem treinar juntos e não exitar em passar por cima de quem pensasse diferente.

Tudo isso sob a justificativa de fazer a economia girar, de não ficar sem renda para pagar jogadores ou até mesmo levar entretenimento às pessoas que estão em casa e não suportam mais esse período de isolamento. Argumentos que só são justificáveis em um contexto que prioriza dinheiro e não vidas, infelizmente é nessa realidade que vivemos.

Que o diga a briga acirrada nos bastidores pelos direitos de transmissão do campeonato. O contrato válido foi derrubado pela Medida Provisória 984/2020, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no dia 18 de junho, período de números altíssimos de infecções e mortes pelo novo coronavírus. Momento em que receber os presidentes de Flamengo e Vasco se tornou mais importante do que definir um ministro da saúde efetivo ou um plano nacional de combate à Covid-19.

Mas o barulho não parou por aí. A MP, que sem dúvida apresenta um novo caminho aos clubes e pode vir realmente a ser uma solução para alguns, trouxe novos contornos obscuros ao já combalido campeonato. Entendimentos diferentes, disputas nos bastidores e, por último, até uma sutil tentativa de atravessar a própria determinação da medida provisória logo de quem tanto lutou por ela. Mas no fim, o recuo na manobra para evitar um constrangimento ainda maior.

Depois de tudo isso chegamos à final. Onde qualquer comentarista que tem acompanhado futebol nos últimos meses pode não errar ao dizer que o Flamengo tem muito mais recurso técnico e é favorito, mas um Fluminense organizado e com dedicação pode surpreender e chegar ao título. Um típico lugar-comum para um palpite de decisão.

Para chegar até aqui não podemos deixar de lembrar que um massagista morreu, que o Flamengo teve 38 casos da doença em maio, e na última quarta-feira (08) afastou um jogador da final da Taça Rio justamente por ter testado positivo para o coronavírus. Que o Vasco teve ao menos 16 atletas com Covid-19 e que de uma forma ou de outra todos os clubes envolvidos sofreram nesse processo.

“Acidentes de percurso”, dizem alguns. “Todo mundo vai morrer um dia”, afirmam outros. Vidas que para muitos são apenas números e que se foram pela consequência do momento. Nem as dores sentidas nos próprios clubes foram o suficiente para impedir o campeonato. Passando por cima de tudo isso, domingo é dia de final.

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