Repórter / iribeiro@redegazeta.com.br
Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 03:00
O enfrentamento ao coronavírus potencializou a integração entre pesquisadores capixabas e impulsionou investimentos de recursos públicos em pesquisa e inovação, com o lançamento de editais específicos para apresentação de projetos voltados ao combate da doença no Espírito Santo.
O governo do Estado destinou R$ 3 milhões para o apoio a projetos com ações efetivas e inovadoras para enfrentar à Covid-19, por meio do edital lançado em abril de 2020, pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), autarquia vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti).
LEIA NO ANUÁRIO
► Batalha contra novo coronavírus deixa legado na Saúde do ES
► Novos prefeitos têm desafio de socorrer sistema de saúde e empresas
► Saúde e Educação precisam rever estruturas para atender toda a população
A diretora técnico-científica da Fapes, Denise Rocco de Sena, explica que o órgão investiu R$ 170 mil na produção de protetores faciais, distribuídos nas unidades de saúde do Estado e R$ 200 mil foram utilizados na manutenção de ventiladores e respiradores da rede pública de saúde capixaba.
Segundo ela, também foi aplicado R$ 1 milhão em apoio financeiro à adequação e implantação de um laboratório multiusuário de nível de biossegurança 3 (NB-3/OMS) na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O espaço será usado para o desenvolvimento de vacinas, tratamentos e estudos da patogênese do vírus SARS-CoV2 e outras viroses emergentes e reemergentes.
“Outra chamada pública será para seleção de projetos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação que promovam a melhoria da qualidade da atenção à saúde no Estado em parceria com CNPq e Ministério da Saúde. Trata-se do Programa de Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS), por meio do qual serão destinados R$ 2 milhões em recursos”, informa Denise.
Nessa chamada, foram priorizadas linhas de pesquisa envolvendo temas como estudos dos fatores envolvidos no tempo de internação de acometidos por Covid-19, impactos no orçamento das unidades de saúde, identificação de gargalos e propostas de aprimoramento e estudos sobre a gestão das práticas de saúde em resposta à pandemia e desenvolvimento de propostas para seu aprimoramento.
No Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam), da Ufes, há pelo menos 12 projetos relacionados à Covid em desenvolvimento. Um deles utiliza a espectroscopia por infravermelho para a realização de testes que identificam, de forma rápida e de baixo custo, as tendências e as reações em tempo real do novo coronavírus.
O coordenador do projeto e professor do Departamento de Ciências Fisiológicas da Ufes, Valério Barauna, explica que a espectroscopia de infravermelho é uma técnica analítica rápida, de baixo custo, sem reagentes, não invasiva e não destrutiva, capaz de gerar um espectro de impressões digitais de materiais biológicos.
LEIA NO ANUÁRIO
► Ensino digital é caminho sem volta após pandemia do coronavírus
► Educação do Estado é a primeira da turma na avaliação do Ideb
► Professores ousados e alunos protagonistas ganham mais espaço
► Aula híbrida e regra de higiene para barrar a Covid-19 na porta
Valério Barauna
coordenador do projeto e professor do Departamento de Ciências Fisiológicas da UfesNa avaliação do coordenador de projetos do Hucam, o professor de Fisiologia, José Geraldo Mill, o Espírito Santo conta com uma comunidade científica relativamente pequena. Segundo ele, o Estado abriga cerca de 1.500 pessoas com doutorado. Mil reconhece a importância da Fapes, mas destaca que os investimentos em pesquisa, de modo geral, ainda são pequenos.
José Geraldo Mill
Professor de Fisiologia do HucamJá nos campi do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), o destaque vai para a produção e entrega de mais de 4 mil litros de álcool glicerinado, 8 mil litros de solução de hipoclorito e mil litros de sabonete líquido. A instituição afirma que estão pactuadas as entregas de mais 18 mil litros de produtos (12 mil litros de álcool glicerinado e 6 mil litros de sabonete líquido).
No campo da pesquisa e desenvolvimento de projetos, o Ifes cita uma proposta que visa à esterilização de objetos como celular, chaves e até mesmo a compra do supermercado por meio de uma câmara que emite radiação ultravioleta. A exposição dos itens por cerca de 10 a 15 minutos eliminaria qualquer microrganismo, incluindo o vírus SARS-Cov,2, que provoca a Covid-19.
É O TEMPO PARA ELIMINAR O VÍRUS NA CÂMARA DE DESINFECÇÃO
A iniciativa é coordenada pelo professor e doutor em Física, Filipe Leôncio Braga. Já na corrida em direção ao encontro de um medicamento eficiente contra o coronavírus, o pós-doutor em Glicobiologia e professor do Ifes, Arlan da Silva Gonçalves, desenvolve um planejamento por modelagem molecular de inibidores do SARS-Cov,2, e tem como alvo a enzima que mantém vivo o vírus responsável pela Covid-19.
“Durante a pandemia, o Ifes passou por uma série de desafios, na parte educacional e na parte da pesquisa. A questão pandêmica marcou a capacidade dos nossos pesquisadores em trabalhar e superar essas adversidades. Com a força deles, dos servidores e alunos, a gente produziu bastante coisa”, declara o professor e pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação do Ifes, Andre Romero.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta