Pandemia mudou método de ensino e desafiou alunos e professores
Pandemia mudou método de ensino e desafiou alunos e professores. Crédito: Freepik

Professores ousados e alunos protagonistas ganham mais espaço

Novo modelo de ensino desafia profissionais da Educação a inovarem e estimula a criatividade e o senso crítico nos estudantes

Vitória
Publicado em 03/12/2020 às 01h50

Uma mudança de paradigma no processo de ensino, a partir dos impactos causados pela pandemia, é o que espera Fabrício Antunes. Mestre em Física e professor da rede estadual, há três anos vinha desenvolvendo uma nova metodologia para ser aplicada em sala de aula, cuja ideia é colocar o aluno como protagonista na construção do conhecimento.

Em sua proposta, que está sendo apresentada em livro, os recursos digitais são ferramenta indispensável no trabalho do professor. Até porque, para Fabrício, após a experiência do ensino remoto, os alunos retornam para a escola mais criativos e também mais críticos, sabendo que a instituição tem mais a oferecer.

Fabrício Antunes

Mestre em Física e professor da rede estadual

"Com a pandemia, o aluno passou a perceber que existem outros recursos que contribuem para o aprendizado dele, que pode ser ativo, pesquisador, participativo através das ferramentas colaborativas digitais, e que muito professor até hoje não usava; só enchia o quadro de textos e mandava o estudante copiar"

Na avaliação de Fabrício, a utilização da tecnologia na Educação é, de fato, um caminho sem volta. Apesar de sua pesquisa ser anterior à crise sanitária e ter sido apresentada em janeiro, o professor observa que o momento é propício para os avanços e mudanças necessárias nas atividades pedagógicas. “É preciso que o professor encontre meios de ‘gameficar’ a aula, que leve para a sala as ferramentas digitais, que utilize dos jogos para incrementar a aprendizagem”, sugere.

FORMAÇÃO

Inovar em sala de aula exige, entre outros fatores, uma formação com esse enfoque. Na rede estadual, a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) implementou alguns cursos ao longo de 2020, para atender a demanda emergencial provocada pela crise da Covid-19, mas tem planos de mais longo prazo.

O secretário da pasta, Vitor de Angelo, diz que lançar o programa Escolar foi a primeira etapa de um longo caminho a ser percorrido. E que, agora, é possível começar a pensar em outras iniciativas. “Algumas pessoas questionam por que a Sedu não fez isso ou aquilo. Mas, lá no início da pandemia, não tínhamos nem sequer os fundamentos. Era preciso formação, inclusão digital do professor. Qualquer coisa, sem o devido planejamento, vira ato voluntarista. Poderíamos comprar celulares e dar para as pessoas, mas para fazer o quê? É preciso ter uma intencionalidade pedagógica. Além disso, se é assaltado no deslocamento com o celular, o que se faz?”, pondera.

O secretário frisa que é preciso ter um programa com início, meio e fim ou, do contrário, não dá certo e é dinheiro público desperdiçado. Vitor de Angelo comenta que, com o Escolar, a Sedu poderia ter feito apenas produção de conteúdo impresso, que já seria atividade remota. Ainda assim, adotou recursos tecnológicos.

Vitor de Angelo

Secretário estadual de Educação

"Mas não podíamos, em 2020, lançar mão do analógico como sendo a ação principal. Agora, começamos a pensar essa outra etapa, cujo objetivo é o acesso digital e nos vemos em condições de dar esse passo. Condições financeiras, técnicas e, inclusive, de tempo, sem o caráter contingente de antes"

Sonia Dias, coordenadora de Implementação Municipal do Itaú Social, acrescenta que, apesar de todas as dificuldades decorrentes da pandemia, o saldo é que houve um reconhecimento da importância da utilização das ferramentas digitais no processo de aprendizagem. “No primeiro momento, talvez um uso forçado, mas que está levando a outros aprendizados, e que deve ser incorporado pelos professores. A escola não vai para o outro extremo, de ser só on-line, mas a tecnologia chegou para ficar”, conclui.

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