Publicado em 7 de maio de 2020 às 08:45
O Facebook anunciou nesta quarta-feira (6) a formação do Oversigh Board, um conselho de supervisão de conteúdo com integrantes da academia e de organizações da sociedade civil ligadas ao direito e à defesa de direitos humanos.>
Citado pela empresa há, no mínimo, dois anos, o grupo funcionará como uma espécie de corte independente para tratar de moderação de conteúdos nas plataformas do grupo, como a rede social e o Instagram.>
Casos específicos serão examinados pelo comitê de 20 pessoas, que terá poder de decisão sobre a exclusão ou manutenção de conteúdos no Facebook, podendo revogar determinações da empresa e do presidente-executivo Mark Zuckerberg.>
O Facebook tem políticas próprias sobre a veiculação de conteúdo que estipulam por que uma publicação é barrada na rede. Enfrenta, porém, dificuldades para regular manifestações que ficam na zona cinzenta desses padrões.>
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Casos que envolvem discurso de ódio, por exemplo, muitas vezes dependem de avaliação contextual, cultural e geográfica, sendo um desafio criar e aplicar uma política global a diferentes países.>
Os membros escolhidos ao conselho já tiveram vivência em 27 países e falam 29 idiomas diferentes. >
Serão encaminhados a esse comitê casos controversos em que os usuários exauriram o processo tradicional de apelação do Facebook. Hoje, quando um conteúdo já não é derrubado automaticamente (como pornografia infantil, excluída por sistema de inteligência artificial), ele tem de ser denunciado por usuários da rede social.>
Após a denúncia, a publicação, seja texto, foto ou vídeo, é direcionada a moderadores que trabalham em centros terceirizados da empresa. Essas pessoas são responsáveis por analisar a publicação e, de acordo com "jurisdições" e interpretações sobre os padrões do Facebook, excluem ou mantêm o conteúdo visível.>
Agora, usuários que não concordarem com o resultado de uma decisão poderão recorrer ao conselho. O grupo também poderá fazer recomendações à rede social baseadas em suas decisões.>
Os casos serão priorizados com base em seu impacto quantitativo -serão levados em consideração os que atingirem o maior número de pessoas ou que tiverem o poder de interferir em políticas já existentes da rede social.>
As decisões serão publicizadas com o intuito de dar transparência ao trabalho do comitê. Um relatório anual também será publicado, segundo o Facebook. >
Em artigo publicado nesta quarta pelo jornal The New York Times, os membros se comprometeram em seguir princípios globais de liberdade de expressão e de direitos humanos. >
Em discursos recentes, Zuckerberg posicionou a empresa como uma espécie de baluarte da liberdade da expressão, em parte porque diz não caber à ela a regulação de conteúdo político veiculado em seus produtos. >
No artigo do jornal americano, membros do conselho afirmaram que tomarão decisões "sem considerar os interesses econômicos, políticos ou de reputação do Facebook". >
Despesas serão financiadas por um fundo de investimento independente da empresa de US$ 130 milhões. O conselho deve crescer para cerca de 40 membros. >
Os copresidentes, que selecionaram os outros membros do conselho em conjunto com o Facebook, são o ex-juiz norte-americano especializado em liberdade religiosa Michael McConnell, o especialista em direito constitucional Jamal Greene, a advogada colombiana Catalina Botero-Marino e a ex-premiê dinamarquesa Helle Thorning-Schmidt. >
Entre os membros do conselho estão o advogado e colunista da Folha de S. Paulo Ronaldo Lemos, professor da UERJ e diretor do ITS-Rio; o ex-juiz do Tribunal Europeu de Direitos Humanos András Sajó; a diretora-executiva do grupo Internet Sem Fronteiras, Julie Owono; a nobel da Paz iemenita Tawakkol Karman; o pesquisador australiano de governança na internet Nicolas Suzor; e a ativista paquistanesa de direitos digitais Nighat Dad. >
O conselho deve iniciar as primeiras análises já nos próximos meses, de acordo com a empresa. >
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