Publicado em 4 de maio de 2020 às 11:29
A Aliança Internacional de Checagem de Fatos (IFCN, na sigla em inglês) lança nesta segunda-feira (4) um chatbot (robô) para que as pessoas possam checar a veracidade de mensagens de WhatsApp sobre o coronavírus.>
O usuário de WhatsApp adiciona o número de telefone do chatbot a sua lista de contatos e, a partir daí, pode checar se mensagens que recebeu abordando a pandemia são fake news. A IFCN tem uma base de dados de 4.000 mensagens falsas sobre a pandemia que estão circulando. Essa base é atualizada constantemente pelas 80 agências de checagem de 74 países que participam.>
O chatbot inicialmente só estará disponível em inglês, mas será lançado em português, espanhol e hindi nas próximas duas semanas.>
"Será a primeira vez que os brasileiros vão ter um instrumento independente para verificar se são falsas as mensagens sobre coronavírus que estão recebendo pelo WhatsApp", diz Cristina Tardáguila, diretora-adjunta do IFCN.>
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"As pessoas deveriam tornar isso um hábito -todo dia, de manhã, acessar o chatbot para verificar quais notícias falsas que estão circulando e, assim, não cair em cilada; é um escudo para não repassar mentiras.">
O WhatsApp é um dos principais canais de circulação de notícias falsas. Por ser criptografado, é difícil checar se está circulando conteúdo falso. E a epidemia de coronavírus gerou uma quantidade monumental de notícias falsas, segundo Cristina.>
"É a pior batalha que os checadores de fatos já enfrentaram, nunca houve um episódio que gerasse tanta notícia falsa, em várias línguas, ao mesmo tempo", diz a diretora-adjunta do IFCN.>
Segundo ela, houve sete ondas de fake news sobre a Covid-19. Na primeira onda, em janeiro e fevereiro, multiplicaram-se conteúdos falsos sobre a origem do vírus, falando sobre laboratórios na China, morcegos, e até a participação do bilionário filantropo Bill Gates.>
Na segunda onda, houve uma proliferação de vídeos editados ou manipulados mostrando supostos efeitos do vírus sobre as pessoas, com gente desmaiando, exibindo problemas de pele.>
A terceira onda é a mais perigosa e a mais resistente, segundo Cristina -são conteúdos mentirosos sobre supostas curas e métodos de prevenção para Covid-19. Isso inclui desde recomendações inócuas, como prender a respiração, até beber água sanitária ou urina de vaca, injetar desinfetante, ou tomar álcool puro -boato que levou à morte de dezenas de pessoas no Irã. >
A quarta onda era essencialmente ligada à sinofobia, com relatos falsos de que os chineses iriam sacrificar infectados, por exemplo. A quinta onda mistura bandeiras de supremacia racial com notícias falsas, descrevendo falsamente, por exemplo, como determinada raça ou religião protegeriam contra o vírus. >
A sexta onda nasceu quando vários países começaram a fazer lockdowns, e começou a circular desinformação sobre o que seria fechado, até quando, e rumores sobre impactos na economia. E a sétima onda trouxe conteúdo com politização da doença, com relatos mentirosos sobre políticos e de políticos. >
No Brasil, as agências de checagem participantes são a Aos Fatos, a Lupa e a Estadão Verifica. >
Para usar o chatbot, que é gratuito, as pessoas precisam apenas salvar o número +1 727 2912606 em sua lista de contatos e mandar a mensagem "hi". >
Para usar, basta selecionar números do menu do chatbot -ao enviar o número 1, a pessoa pode ver quais são os boatos mais recentes que foram checados; ao selecionar 2, ela pode fazer uma busca usando palavras-chave; o número 3 traz dicas para combater desinformação e o 4 indica checadores de fatos. >
O sistema do chatbot identifica o país do usuário, por meio do código do país do telefone, e indica agências de checagem mais próximas. A pessoa pode então enviar diretamente a uma dessas agência uma informação para checagem. >
O chatbot não elimina conteúdo e nem tem acesso a mensagens trocadas entre usuários pelo WhatsApp. Os checadores só têm acesso a mensagens enviadas por usuários ao número. >
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