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Vídeo: explosões do vulcão Cumbre Vieja podem causar tsunami no Brasil?

Vídeo: explosões do vulcão Cumbre Vieja podem causar tsunami no Brasil?

Após entrar em erupção, explosões curtas continuam acontecendo no vulcão em La Palma, nas Ilhas Canárias. Novos estudos anulam risco de tsunami

Publicado em 26 de setembro de 2021 às 17:37

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O vulcão Cumbre Vieja, em La Palma, entrou em erupção no dia 19 de setembro deste ano. Ele fica nas Ilhas Canárias — apesar de ser território espanhol, o vulcão fica na costa noroeste africana.

E com as atividades vulcânicas, as redes sociais foram tomadas pelo temor de um tsunami no outro lado do Oceano Atlântico, atingindo o Brasil! Mais precisamente, o Espírito Santo!

Pois é, estudos apontaram a chance remotíssima, quase nula, de uma erupção explosiva do vulcão que jogasse uma quantidade gigante de material no mar, de 500 km cúbicos, provocando ondas em alto-mar de até 100 metros de altura, que chegariam ao Nordeste do Brasil com cerca de 40 metros de altura e no litoral capixaba com até 20 metros de altura.

Para se ter uma noção: a maior onda surfada tem 24,4 metros, segundo o recorde atual, de Rodrigo Koxa em 2017.

Rodrigo Koxa pegando onda em Nazaré
Rodrigo Koxa pegando onda em Nazaré. (Reprodução/Twitter WSL/Pedro Cruz)

Pesquisadores do Instituto Geológico y Minero de España (IGME), que estão acompanhando de perto a erupção em La Palma, citam que ela é do tipo do estromboliana, marcada por explosões curtas e espaçadas, sem risco de uma grande explosão mais perigosa. Os maiores riscos são os fluxos de lava e as emissões de gases.

Novos estudos anulam a possibilidade de um tsunami no Brasil, pois a altura das explosões está longe de causar riscos.

Explosões vulcânicas lançam lava em brasa no Monte Cumbre Vieja, na ilha de La Palmas
Explosões vulcânicas lançam lava em brasa no Monte Cumbre Vieja, na ilha de La Palmas. (DANIEL ROCA / AP /AE)

A vulcanóloga Kellin Schmidt disse para o UOL que a hipótese levantada sobre uma possível explosão e colapso de parte da ilha só aconteceria se houvesse uma instabilidade, o que não existe hoje nem deve se apresentar por séculos. 

Formada na UnB (Universidade de Brasília), a pesquisadora mora em Madri (capital da Espanha) e hoje é responsável pelo projeto "Volcano Expedition". Ela está acompanhando de perto a erupção em La Palma.

"Seria necessário que o edifício vulcânico Cumbre Vieja alcançasse mais de mil metros sobre a elevação atual. Para que essa altitude seja alcançada, serão necessários mais 50 mil anos, tomando como referência a taxa média de crescimento da ilha", explica.

Os maiores riscos atuais são os fluxos de lava e as emissões de gases. O encontro do magma ardente com o mar pode gerar nuvens tóxicas e ondas de água fervente na costa da ilha.

Fábio Braz Machado, membro da Sociedade Brasileira de Geologia e professor e pesquisador em petrologia ígnea da Universidade Federal do Paraná (UFPR) também explicou que, depois de entrar em uma erupção, o natural é que o vulcão adormeça por alguns anos.

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A tendência é que o Cumbre Vieja se acalme. Se ele liberou a pressão principal, agora é só escoar, como se estivesse finalizando o processo

Fábio Braz Machado
Professor, pesquisador e membro da Sociedade Brasileira de Geologia
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Os pesquisadores são unânimes em apontar que não há risco de erupção explosiva, já que a pressão que poderia causar a explosão foi liberada —como mostram as imagens de lavas saindo de dentro do vulcão e correndo pela ilha. "Foi a pressão que fez com a lava escorresse", afirma Fábio Machado.

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