Publicado em 17 de fevereiro de 2023 às 17:51
- Atualizado há 3 anos
As fabricantes indianas de motocicletas “namoram” o Brasil há mais de uma década. Aos poucos, foram “colocando as manguinhas de fora” e, desse jeito, permite prever que, em um futuro próximo, marcas localmente novatas como Royal Enfield e Bajaj começarão a incomodar o longo reinado nacional das marcas japonesas – lê-se Honda e Yamaha. >
Líder isolada do mercado brasileiro, a Honda fechou o ano com mais de um milhão de motos emplacadas, o que corresponde a 75,79% de participação de mercado. Já a Yamaha licenciou exatas 222.463 unidades, 16,33% do “share”. >
Como normalmente quem tem mais participação é quem mais perde mais com a chegada de novos players e, consequentemente, com o aumento da concorrência, Honda e Yamaha serão os “alvos” preferenciais das novatas. >
Com a ampliação da oferta, normalmente quem ganha é o consumidor, que terá produtos mais alinhados às suas necessidades – e, quem sabe, preços mais competitivos.>
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Em 2017, a Royal Enfield chegou ao mercado nacional. Em seis anos, a marca anglo-indiana já vendeu 25 mil unidades no país. Ano passado, a Royal Brasil comercializou 10.126 unidades e contabiliza 0,74% do total de motos vendidas. O número coloca a marca em quinto lugar no ranking nacional entre as montadoras instaladas no país. >
Com uma assinatura visual própria, a Royal Enfield iniciou a montagem de suas motos em Manaus (AM). O primeiro modelo “made in Brazil” foi uma Interceptor 650. A linha de montagem – que opera pelo sistema CKD – fica dentro da fábrica da Dafra.>
A Royal Brasil promete mais três modelos para 2023: a Scram 411, a Hunter 350 e a Super Meteor 650, esta última apresentada no Salão de Motos de Milão – EICMA 22 – e que foi lançada oficialmente na Índia no início de 2023.>
A Hunter 350 será a moto mais barata da linha Royal Enfield no Brasil – já cumpre esse papel no mundo. Além do plano de ampliar a produção local – a atual capacidade instalada em Manaus é de 15 mil motos por ano –, a marca quer aumentar sua capilaridade. >
Até março, serão 25 revendedores em 14 Estados brasileiros. Em 2022, os destaques locais da Royal Enfield foram os modelos Meteor e Classic, da plataforma “J”, que compartilham o mesmo motor de 350 cc. “Já somos o país que vende mais motos Royal Enfield fora da Índia”, comemora Claudio Giusti, diretor-geral da marca no Brasil.>
Depois de um quase interminável período de pandemia, a gigante indiana Bajaj – terceira maior montadora de motocicletas do planeta, com capacidade produtiva em torno de 7 milhões de unidades por ano – desembarcou oficialmente no Brasil com três modelos da linha Dominar: de 160, 200 e 400 cc. >
Ou seja, motos do segmento de maior volume do mercado, a das streets, que correspondem no Brasil a 41% das vendas no acumulado de 2022. As motos têm design arrojado – que lembra o de modelos japoneses, chineses e taiwaneses –, três anos de garantia e plano de manutenção com preço fixo para toda a linha.>
Destaque para a Dominar 400 – preço sugerido de R$ 24.200 –, que já tem fila de espera. Diferentemente da Royal Enfield, que chegou ao país apenas com motocicletas importadas da Índia, a Bajaj já começou sua operação com seus modelos montados também na fábrica da Dafra. >
Logo, a marca deve ampliar sua produção e novos modelos devem chegar ao país como, por exemplo, a linha Pulsar 150 e 250 cc, isso sem falar da pequena custom Avanger que, na Índia, conta com duas versões: 160 e 220 cc. >
A Bajaj do Brasil começou suas operações com cinco revendas – todas no Estado de São Paulo. A projeção é dobrar o número de concessionárias até meados deste ano, e as novas praças serão Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Florianópolis. O Nordeste também faz parte dos planos de expansão.>
A Bajaj exporta suas motocicletas para 79 países e em 17 mercados. É líder de vendas na Colômbia, Nigéria, no Egito e nas Filipinas. A empresa indiana tem parceria de cooperação (produção e transferência de tecnologia) com a austríaca KTM, a sueca Husqvarna e inglesa Triumph. Em breve, o mercado nacional terá novidades nas médias cilindradas. >
“Aqui, temos um dos maiores volumes de vendas do mundo, e a Bajaj mostra, nos segmentos em que está estreando, que essa chegada ao mercado brasileiro é só o botão de partida para um projeto de longo prazo. Nossa jornada apenas está começando”, avisa Waldyr Ferreira, comandante da subsidiária brasileira da Bajaj.>
Tanto a Royal Enfield quanto a Bajar têm bons projetos – próprios e em parceria com outras marcas de tradição no cenário de duas rodas – e bastante dinheiro em caixa. >
A partir de agora, tudo indica que as marcas indianas se desenvolverão localmente em termos industriais e comerciais. Porém, somente o tempo poderá definir efetivamente se elas incomodarão as montadoras japonesas. >
Por outro lado, os indianos não têm pressa, não dão passos para trás, contam com uma boa visão global do negócio e têm bastante dinheiro. Para crescer com consistência, a receita é fazer a ”lição de casa” com produtos de qualidade, aumento gradativo da produção local, pós-venda dinâmico e assistência técnica eficiente.>
*Por Aldo Tizzani, do Minuto Motor especial para a AutoMotrix>
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